segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Rex

Um tempinho atrás, alguém me chamou atenção para a ausência do Rex nesse livro que vos fala. É verdade. Rex não tinha aparecido ainda, enquanto sua companheira de longa data, a Lua, já fez entradas significativas.

Hoje comecei a pensar no porquê Rex não havia virado assunto interessante. Rex não sabe se fazer interessante. Rex me segue o tempo todo, Rex late freqüentemente, Rex quase fala (É verdade. Fica rosnando em ritmos diferentes balançando a cabecinha, é estranho, mas engraçado), Rex tropeça nas próprias patas ao correr, Rex faz besteira, Rex leva bronca e abana o rabo mesmo assim, Rex está presente o tempo todo. Rex é over.

E enquanto vive em sua superexposição, não consegue prender a minha atenção, por mais que passe 24hs do dia tentando. Tadinho, deve ser frustrante. Como assim a Lua que não faz nada, fica quieta lá o tempo todo, não late e só se comunica comigo quando eu inicio alguma espécie de conversa, consegue ser muito mais interessante que ele? Como?

Lua é esnobe, sabe? Sempre está com uma expressão meio blasé na cara, nunca liga muito para ninguém. Se você vai lá fazer carinho, ela agüenta um pouco, mas logo levante e vai deitar em outro lugar. Lua escolheu seus cantos da casa e fica se revezando entre eles, quase sem fazer barulho. E o Rex não chega nem perto dos locais selecionados por ela. Lua decide em que pote quer comer. Lua tem mais que o dobro do tamanho do Rex. Lua tem pedigree.

Se o Rex fosse homem, seria gentil com as mulheres; deixaria elas escolherem aonde ir; contaria piadas não muito engraçadas; mandaria flores; daria presentes caros; nunca esqueceria uma data importante; ligaria umas cinco, seis vezes ao dia só para ver como ela está; perguntaria como foi o dia dela à noite; seria super carinhoso; um bom ouvinte; o genro que toda sogra pediu a Deus.

Se a Lua fosse mulher, seria meio grossa com todo mundo; ficaria puta com homem que nunca dá opinião sobre nada; seria muito mais sarcástica que engraçada; quase nunca daria presentes, só se achasse algo especial independente de data; esqueceria quase sempre de tudo, inclusive de ligar; seria meio mal-humorada; fria às vezes; impaciente; desatenta; egoísta.

Lua dorme do meu lado. Rex dorme do lado do meu marido.

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