domingo, 13 de janeiro de 2008

‘Em Família’

Domingo à tarde em família. Aliás, só um adendo: esse negócio de ‘em família’ está me irritando já. Parece que todos os ‘braços’ da minha família resolveram juntos conviver mais. Acontece que eu não fui feita para conviver muito com ninguém de um modo geral. Meu casamento só dá certo porque a gente se vê pouco e gosta de fazer coisas diferentes. Nem comigo eu gosto de conviver muito. Só não convivo menos porque não dá. Talvez seja até por isso que eu goste tanto de dormir até tarde. É menos tempo do dia comigo mesma.

Enfim, o fato é que toda hora tem alguém que inventa um almoço, um churrasco, um lanche da tarde... Nem a minha avó fazia lanche da tarde. Agora, até a minha irmã quer fazer lanche da tarde. Isso porque eu nem contei para eles meus sonhos com dente. Imagina se eu falo que tem um monte de gente próxima perigando. Ferrou!

Vou acabar com isso. Seguem mais pistas do porquê:

- Você já plantou uma árvore e está escrevendo um livro. Agora só falta ter um filho!
- De novo esse papo...
- Você está com 27 anos, minha filha.
- Mãe, você me teve com 29.
- Era outra época.
- Sim, uma época em que as pessoas tinham filho mais cedo e mesmo assim você escolheu me ter com 29.
- Eu me casei duas vezes.
- Então, ainda posso casar de novo.
- Não, pelo amor de Deus! Nem brinca. Não existe outro para casar com você.
- Brigada. Então tá. Se eu ficar com ele, você deixa eu ter filho daqui a dois anos, com 29?
- Não é questão de deixar. É que filho traz maturidade. E você precisa de maturidade.
- Você casou com o meu pai e teve duas filhas com ele! Ninguém madura casaria com o meu pai.
- Então, não quero que você repita o que eu fiz.
- Então você quer fazer o que você não fez, através de mim? (Ah, se um psicólogo escutasse isso...)
- Eu só quero o seu bem.
- Está parecendo que você quer um neto.
- Também.
- Hum.
- Mas você não gostaria de completar o ciclo? A árvore, o livro e o filho?
- Qual é o propósito disso mesmo? O Que acontece se não fizer essas três coisas?
- É uma pena.
- Para quem?
- Para você.
- Mas eu estou ótima!
- Mas não está realizada.
- E o que faz depois de estar realizada?
- Vive-se uma vida plena.
- Isso está com cara de chaaattooo... Posso trocar o filho por outro livro?
- Não.
- Posso comprar uma Ferrari?
- Isso é crise de meia idade.
- Mãe, você precisa de uma Ferrari.

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