domingo, 6 de janeiro de 2008

Primos dos Primos

Irmão não se escolhe, tem que se contentar com as porcarias que seus pais fizeram antes ou depois de você. Já amigo, é você quem faz as próprias merdas quando escolhe errado. Mas e primos? Ninguém fala muito sobre primos. Fica ali no meio entre um irmão e um amigo. É mais que amigo e menos que irmão, em termos sanguíneos. Não fica tão chato, se não tiver muito contato e há facilidades para passar mais tempo juntos, se ele ou ela forem legais.

Mas e os primos dos seus primos? Descobri essa categoria hoje e adorei! Primo do primo não tem laço sanguíneo nenhum, mas ao mesmo tempo tem uma referenciazinha, sabe? Não é o caso, mas se você quiser pegar o primo do seu primo, ok. Vai virar assunto de família, mas ninguém vai ficar horrorizado. Um primo do primo pode alegrar um natal tedioso, pode dar novos ares a um almoço sacal de família. Enfim, um primo do primo é um familiar distante que pode ou não ser amigo.

Minha irmã, a cagada dos meus pais que veio depois de mim, teve mais sorte que eu até aqui, na categoria. É que meu tio, marido da irmã da minha mãe, tem uma família imensa. Daí, minha prima e meu primo, filhos deles, têm um montão de primos do lado de lá. Só que são todos da idade deles. Hoje em dia, entre 15 e 20 anos. Por isso, minha irmã que é da idade da minha prima, embarcou na turminha e sempre foi rodeada de primos dos primos. Mas que eu saiba, nunca pegou ninguém. Já eu, passei grande parte da vida solitária nesse quesito.

Mas hoje, descobri um primo do primo que preste. Ele estava ali o tempo todo, mas nunca havíamos ensaiado uma aproximação. Tá, nem tão ali assim. Nos vimos pouco na vida, quase nunca para falar a verdade. Nossos primos em comum, filhos da irmã do meu pai e do irmão do pai dele, sempre foram meio nômades. Moravam no Rio quando éramos pequenos (eles, sim, tinham a minha idade, mas foram embora...), depois foram para São Paulo, depois para Maceió e agora se dividem entre o nordeste e Teresópolis.

Bom, o fato é que depois de uma vida quase sem primos e primos dos primos, atualmente há um movimento de reintegração familiar. Duas vezes por ano já estão garantidas. Um almoço de Natal na casa de um primo de 2º grau (um outro parentesco, que pode ser assunto de crônicas futuras) e um churrasco no início do ano na cobertura dos meus pais, organizado pela tal irmã do meu pai, que, incrivelmente por meio de ameaças, consegue juntar todos, inclusive, os primos dos primos. Esse churrasco foi hoje.

Conversa vai, conversa vem, descobrimos afinidades em comum e uma empatia bem-vinda tomou conta do ambiente. Decidimos então, tentar passar para o estágio de amigos. O que me deixou meio encasquetada. No ano passado, nada disso aconteceu. O que seria então? Conjuntura de fatores? Combinações astrais? Ou, o mais provável e temido por mim, eu estou ficando velha e mudando de faixa etária.

É isso mesmo. Acabei de completar 27 anos e cada vez mais me afasto “deles”. Eles são a minha já citada irmã e meus outros primos, todos entre 15 e 20 anos. Sim, aos 27, me aproximo mais dos que já entraram na casa dos 30, caso desse tal primo do primo.

Foi uma entrada tardia, tenho que assumir. Resisti enquanto pude. Casei aos 24, mas me recusei a sentar na mesa dos adultos. Fiz 25 e fingi que não tinha percebido. Fiz 26 e menti no orkut, dizendo que ainda tinha 25. A pista derradeira de que eu não ia mais conseguir agüentar o peso da idade veio em novembro passado quando a minha prima, de 19, comunicou à família que ia dar um churrasco de aniversário para os amigos e os adultos não estavam convidados. Olhou para mim e perguntou: “Nana, você faz parte dos adultos ou da gente?” Aquele “da gente” bateu fundo na alma. Forcei a barra e insisti. Disse que eu ia. Fui. Meu deslocamento só serviu para mostrar que aquele era meu último evento com eles.

E, olha aí, no evento seguinte, sentei na mesa dos outros. E aqui, assumo meus 27 anos e minha entrada na fase adulta. Mas atenção! Nem vem, um bebê, só daqui a dois anos...

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