terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Almoço de Dia 1º

Se você leu meu prefácio que chama nota da autora (não gosto da palavra ‘prefácio’, parece prepúcio), sabe que hoje não é dia 1º nada. Escrevo dia 02, mais especificamente às 15h24.

Voltando ao assunto, que não sei ainda muito bem qual é, hoje é dia 02. Um dia meio morto. Só não tem mais cara de ‘meio morto’ porque continua um calorão. Não sei se isso é uma coisa minha, mas não consigo achar um dia de sol forte ‘meio morto’. Aliás, li isso numa coluna, não faz muito tempo. Acho que da Marta Medeiros. Ela falava sobre o efeito do tempo no nosso humor. E tenho que concordar. É muito mais fácil ficar melancólico num dia cinza, do que num dia de sol. Não que não dê para ficar de mau-humor num dia de sol. Um calor dos infernos é capaz de deixar o mais feliz dos seres humanos de mau-humor, considerando que dia 02, as pessoas costumam já ter voltado ao trabalho. Mas mau-humor não é melancolia.

Pois é, o sol brilha lá fora, o que faz desse dia 02, juntando o ‘meio morto’ com o sol, uma espécie de dia morno. As pessoas voltam ao trabalho, mas não voltam tanto assim..., quem está em casa ou de férias acorda tarde, mas não tanto quanto ontem, as coisas na rua funcionam, mas as caras ainda não voltaram ao normal...

Falemos sobre o dia 1º. Eu, como algumas centenas de cariocas, tive um almoço de dia 1º em família. Sabia que também li há pouco que carioca é que tem mania de reunir a família no Natal e no dia 1º? É, paulista sai para comer fora. Esse negócio de ter a maior trabalheira cozinhando pra cambada toda é coisa de carioca, duro. Paulista gasta e não deixa a mãe com a barriga no fogão. Eu, enquanto carioca e dura, fui para um almoço de dia 1º na casa da minha mãe. Se bem que lá, quem põe a mão na massa é a minha avó. Minha mãe deve achar que é paulista...

Estou com 27 anos e não me lembro de uma vez sequer em que esses almoços de família não tenham dado confusão. A discussão começa com o horário. Uns querem mais cedo, outros mais tarde, e acaba que a comida sai impreterivelmente às 15h30, o que estraga qualquer plano de quem pretendia fazer algo antes ou depois.

Aí, começa uma bagunça para resolver a questão dos lugares. A família cresceu bastante nesses 27 anos, mas a mesa continua a mesma. E acho que todo mundo sabe que as crianças de hoje não são como antigamente, eles se acham grandes e inteligentes o bastante para sentarem-se num lugar digno de adulto. E como os pais de hoje também não são como antigamente, eles não são nem loucos de tentar enfrentar as pequenas feras. Fica todo mundo apertadinho mesmo.

Seguem reclamações quanto à comida “eu gosto sem molho, porque o molho não veio separado?”; “só como o peito. Tem pouco peito.”; “não era camarão, quem decidiu fazer bacalhau?”... A sorte é que a minha avó, a cozinheira, é sempre a última a vir para a sala e se sentar, aí não escuta a parte das reclamações, essa hora o povo todo já está comendo seja camarão ou bacalhau. Sabe aquele escritor, não me lembro agora quem foi, que disse que família só é bom em álbum de retrato? Mentira dele.

E o brinde? Vai de boca cheia mesmo: “Feliz Ano Novo!”.

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