quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Gosto de frutas, Só Tenho Preguiça de Comê-las

Vamos voltar ao assunto comida. Mais especificamente, frutas. Gosto de frutas, só tenho preguiça de comê-las. Tirando a banana, que vem até com uma espécie de guardanapo casca para você não sujar as mãos, a maioria das outras frutas apresentam dificuldades consideráveis para serem comidas.

Melancia, por exemplo. Para quê tanto caroço numa mesma fatia?! E eles são pequenos. O melhor jeito de comer melancia é de garfo e faca, num prato. Mas ainda assim, é um saco ficar separando aqueles carocinhos.

Manga, para mim, é hour concurs. Impossível comer uma manga sem se cagar todo. Tipo criança comendo picolé, só que com o ridículo de ser um adulto. E vamos combinar, nem é tão bom assim, para valer esse esforço todo...

Tangerina não é muito complicado. É chato. Também tem que tirar caroço e eu tiro também aquelas pelinhas. Mas a questão maior da tangerina é o cheiro que fica na mão e no ambiente por três dias no mínimo. Ah! E as pelinhas entram embaixo da unha, um horror.

Já cortei a mão algumas vezes descascando laranja. Não sou boa no manuseio de objetos de cozinha de um modo geral. Morango é bom, mas também é preciso tirar da caixa, lavar e cortar os verdinhos de cima um por um. E o abacaxi? Vai abrir um abacaxi, sem se espetar. Duvido! Mamão entra no grupo dos nojentos. Aqueles caroços pretos com aquela gosma laranja não são apetitosos.

Falando em nojento, há algo mais nojento do que jaca? Essa eu não como porque tenho aversão mesmo. Fora o fato de ser uma arma. Uma jaca na cabeça mata qualquer um. Um coco também, dependendo da pontaria do coqueiro. E abrir coco também não é das tarefas mais fáceis. Eu tinha um namorado que vivia tentando abrí-lo com a cabeça. Ele fazia Kung-fu, Muay Thai, sei lá.

Uva sem caroço para mim é a melhor invenção da natureza! Será que é da natureza mesmo, ou é resultado de alguma experiência de laboratório? Não importa. É a fruta que eu mais gosto. Só botar na boca e pronto!

Fora a uva sem caroço, como muita maça verde, também é simples, e tomo suco. Adoro suco! O gosto é bom, estou sendo saudável com frutas em minha dieta alimentar e não suja, não meleca, não deixa cheiro, não irrita.

Sou totalmente a favor do suco. Acho que muita gente iria consumir bem mais frutas, se desistissem da tarefa de comê-las e absorvesse o costume de só tomá-las. Fica aí a dica. Beijo, tchau.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Estraga Prazer

Dá para acreditar que o Sérgio Cabral vai acabar com a Help? É, a mesma Help onde acabei de dar uma festinha de aniversário. Estou mal. O mundo está cada vez mais chato. Não quero que os meus filhos vivam num mundo assim... (Vou dizer isso a minha mãe para ver se ela pára de insistir nessa coisa de netos).

Mas o fato é que esse assunto me levou a escrever minha primeira crônica com pesquisa. Eu, uma preguiçosa assumida, fui vencida pela minha curiosidade. Meu objeto de pesquisa é: Por que as putas são chamadas de primas? Qual é a origem do apelido?

Eu mesma já me referi assim às meninas muitas vezes e cansei de ouvir no dia da minha festinha e hoje também na repercussão da bombástica notícia do fechamento de uma das boates mais folclóricas do Rio de Janeiro.

Googlee, lá fui eu! Sabia que existe uma página chamada Uiquipédia sacaneando a enciclopédia virtual Wikipédia!? Vamos a minha pesquisa sobre putas:

Reproduzindo a página da Uiquipédia: Há aquelas que são as putas denominadas por opção de vida, que dão, dão mesmo, sem dó nem remorso para todo mundo que você conhece e, logicamente, a você não. Dão por dar ou dão por prazer, mas dão. Pois, o importante é dar, deu para entender?

Meio bobinho, não? O nome da página é mais interessante. Continuei e achei uma teoria que data da época de Eva:

Puta: denominação da profissão mais antiga do universo e religião, filosofia e estilo de vida que é tão velha quanto à profissão em si. Dizem que as primeiras putas apareceram logo no início do mundo, antes do mundo ser mundo. O principal exemplo foi Eva que fodeu todo mundo ao se vender por uma maçã.

E a história continua dizendo que as surubas datam dos primórdios da humanidade. E que, no início, havia pouca variedade de mulheres e todas eram parentes de todo mundo, claro. Ou seja, todas eram primas de todo mundo. Daí, prima = puta.

No meio do caminho, achei outra coisa bobinha, mas que vou colocar:

É fato conhecido que a população argentina conta com um contigente avassalador de putas, fato que explica a quantidade de filhos da puta naquele país.

Nada contra argentinos. Foi mais para encher lingüiça mesmo, que o assunto não está rendendo tanto quanto eu gostaria. Bom, não achei mais muita coisa que preste, mas me dei por satisfeita com uma teoria mais moderna:

Primas são filhas de algum tio ou tia. Primas não são irmãs. E quando são gostosinhas, é impossível não chamar a atenção dos primos. Não é raro, meninas perderem o cabaço com um priminho.

É, meio óbvio, mas eu nunca tinha pensado nisso. Talvez porque eu nunca tenha dado para um primo. E conheci um primo do primo tarde demais.

Cantinho do Fluminense

Perdi um jogo. O do dia 26. Motivo nobre: estava me preparando para a tal festa na Help. Mas foi empate. Viu, sou pé quente!? Quando eu não vou ou não vejo, não ganha. E soube que tiveram dois pênaltis que um juiz fora de forma aí não deu...

Já hoje, a coisa foi bem diferente! Goleada na minha volta à casa de papai. 5 x 1 Flusão!

Data do jogo 26.01.2008 20h30
Local Maracanã (não vi, por isso empatou.)
Campeonato Estadual (Carioca) 3º jogo do Flu
Placar 2 x 2 (Flu x Macaé) Cícero; Thiago Neves
Extras 2 pênaltis não dados

Data do jogo 29.01.2008 19h30
Local Um Maracanã ensopado (vi com papai)
Campeonato Estadual (Carioca) 4º jogo do Flu
Placar 5 x 1 (Flu x Volta Redonda) Luiz Alberto (?); Washington; Leandro Amaral; Washington de novo; e Dodô! (finalmente!)
Extras Chuva. Muita chuva!; Junior Cesar no lugar de Gustavo Nery; E mais uma vez o 2º tempo!

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ótima é o C...!

Faz mais ou menos duas semana que a minha avó saiu do hospital. Cavucaram ela toda e ninguém achou nada, mas vovó continua sentindo dores e o médico continua batendo na tecla dos gases. E aí, vovó está em casa, tomando remédios e fazendo uma dieta. Minha mãe foi quem me explicou tudo.

- Ela está ótima. Nenhum exame deu nada. Ela não tem câncer, nem nenhum tipo de tumor, não tem nada de errado com o intestino, nem com o estômago, nem com o fígado, nem com os rins, nem com o pâncreas. O tratamento será só com remédios. São dois de manhã, mais três à tarde e um antes de dormir. O médico explicou e eu deixei tudo anotado em um papel com marca texto, cada cor é um período do dia.
- Isso tudo de remédio?
- É. Mas, graças a Deus, né minha filha?! Ela está ótima. Além dos remédios, ela só tem que seguir uma dieta. Nada de leite e derivados, nem carne vermelha. Pão também não pode, doce está proibido, fritura também não, queijo amarelo nem pensar, frutas secas estão descartadas, feijão também não é uma boa idéia, frutas só as que não forem ácidas, mas banana também não é bom porque é pesado, evitar sal e nem uma gota de álcool.
- Desculpa, mãe. O que pode?
- Ah, queijo branco. Peixe grelhado, arroz sem gordura, verduras e... e... e... Ah, sei lá, um monte de coisas. Soja. Soja pode!
- Odeio soja.
- Vê se não vai falar isso para a sua avó. Ela também não gosta. Mas estou tentando. E preciso da sua ajuda para convencê-la a fazer exercícios, caminhar. O médico falou que tem que ser todo dia.
- Todo dia? Mas ela nunca fez nada.
- Vai ter que fazer. E vamos ter que mudar os hábitos dela. Sua avó dorme muito tarde. O Dr. Roberto disse que o ideal é que ela durma cedo e acorde cedo para fazer exercícios no sol da manhã. Ah é, tem o sol. Nada de sol depois das 10h. Também está escrito aqui que não é recomendável fazer viagens longas.
- O que a vovó tem mesmo?
- Nada. Ela está ótima!
- Ótima é o Caralho!

Conclusão: ter alguma coisa ou não ter nada enquanto velho dá estritamente no mesmo. Não consigo imaginar vovó tendo que tomar mais remédios e tomando mais precauções se tivesse algo. Velhice é uma merda!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Carnaval não Combina com Xixi!

Todos os anos é a mesmíssima coisa: saio feliz e contente (raramente fantasiada, ou vou deixando meus apetrechos pelo caminho) para os blocos pré-carnavalescos espalhados pelo Rio. Vou empolgada, no clima, me desfaço de qualquer tipo de frescura (já não tenho muita mesmo) para brincar com os outros foliões felizes e contentes como eu.

E tudo vai bem. Não me incomodo com quase nada. A única coisa que não consigo achar uma solução é o bendito do xixi. Vontade de fazer xixi estraga qualquer diversão. Não dá para pensar em outra coisa. Nesse momento, tudo o que eu não ligava se torna insuportável.

Já me disseram que eu poderia resolver o problema de maneira simples: “é só não beber”. Essa pessoa não gosta de carnaval. Como assim? Se eu não beber vou ver as coisas como elas realmente são!

O bonitinho vai se revelar horroroso; as pessoas unidas e contagiantes vão se transformar numa aglomeração suada e bêbada; carros na rua com pessoas alegres serão um belo de um trânsito; o som engraçado se mostrará ruim até dizer chega; os homens insistentes que fazem bem ao ego serão uns chatos de galocha; e o salcichão delicioso que adoro será apenas um salcichão de carrocinha de rua.

Decididamente, ‘não beber’ não é a solução. Cerveja em bloco é item indispensável. É como ir à praia sem biquíni. Você está lá naquele lugar lindo, vendo aquele marzão, pessoas se divertindo, um calorão e tudo o que você quer é ir embora. Fazer o quê ali sem biquíni? Fazer o quê ali sem cerveja?

O que me traz de novo a minha questão. Preciso continuar a beber, mas precisava parar de sentir vontade de fazer xixi. O problema nem é vergonha ou coragem de fazer xixi em qualquer lugar. Faço até em pé, se for o caso. É feio, é meio nojento, escorre pela perna, molha o pé, suja a rua blá blá blá. Faz isso tudo sim, mas faz parte nessa única semana do ano. Assumo, sou uma dessas meninas sem-vergonha do carnaval.

Mas o problema é que só de ter que ir até o carro ou ao canto ou aonde seja, já desestrutura tudo. Você precisa sair de onde está e marcar um lugar para encontrar de volta. Quebra toda uma energia de diversão que já estava meio no automático (andar para frente sem prestar muita atenção em nada). Acaba tendo que deixar aquele local estratégico ao lado da bateria. Enfim, é que nem parar um filme no meio: você volta, mas precisa de um tempinho para ser absorvida de novo pela história. Não tem cineasta que é contra DVD por isso? Porque quebra o ritmo? Pois é. Xixi também quebra o ritmo do bloco.

Ou seja, depois do primeiro xixi, qualquer bloco de carnaval vira um samba do crioulo doido. ‘Com direito a muitas paradinhas da bateria’. Lendo assim, parece divertido. E, no fim das contas, até é. Muitas vezes me perder foi uma benção divina e trocar de lugar se revelou um negoção. Mas nada compensa o desconforto que é ficar com vontade de fazer xixi. A pessoa que inventou a palavra alívio era alguém que estava com muita vontade de fazer xixi e conseguiu. Não tenho dúvidas.

Só para fechar essa minha discussão que não vai dar em lugar nenhum, queria lançar uma idéia: não existe pílula anticoncepcional que você emenda uma na outra e não fica menstruada? Então, deviam inventar uma pílula de carnaval para não fazer xixi! Ia vender horrores. Bom, até lá, sigo com muita cerveja e muito xixi. Viva o Carnaval!

Ah! Acabei de lembrar uma palavra que eu não gosto, menos do que balbúrdia: mijar.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Convivência é uma M...

Estou escrevendo num horário alternativo de novo. (Para quem ainda não sabe, prefiro a noite.) São 3h da tarde. Mas é que estou me prevenindo. Hoje vou dar uma festa na Help (foi por isso que fui lá outro dia. Fui checar o local...). É de aniversário atrasado. Quem nasce no Natal, precisa improvisar. E, desde o ano passado, tenho feito assim: uma festa um mês depois junto com uma amiga. O quorum é bem mais garantido e assim, me sinto mais amada. Bom, como pretendo estar impossibilitada de fazer qualquer coisa quando chegar, à noite, deixo logo escrita a minha filosofia barata do dia. Vamos lá:

Mudar a rotina tem me revelado coisas surpreendentes. Na verdade, minha mudança de rotina trata-se apenas de ficar mais em casa, agora que não trabalho todos os dias fora. Enfim, tenho descoberto coisas estranhas como: o gosto musical terrível de meus vizinhos; o real conceito de morar numa vila e ouvir crianças brincando; atender diversas ligações de engano; e voltar a ver Sessão da Tarde e a escutar a musiquinha do Vídeo Show.

Hoje foi mais um dia em que um segredo se revelou. Lua, a cadela lady, bebe água do vaso sanitário! Assim, na maior cara de pau. Estava ela lá comigo enquanto eu assistia a um filme, quando se levantou, foi até o banheiro e começou a beber. Ficou lá um tempão, sem cerimônia.

Fiquei com nojinho. Depois me lembrei que ela é um cachorro. Mas depois me lembrei que várias vezes durante à noite faço xixi e não dou descarga. É. Feio admitir, mas é verdade. Tenho problema com xixi à noite. Faço vários. E como sei que logo virá outro e que eles vêm de pouquinho em pouquinho, acabo acumulando xixis no vaso.

Meu Deus! Será que a Lua já bebeu meu xixi? (cocô, eu sempre dou descarga. Juro). Começo a duvidar da inteligência da Lua. E quando se começa a duvidar... Comecei a pensar se será mesmo o Rex quem derruba o lixo volta e meia e come os papéis higiênicos do cesto do banheiro.

Até hoje, sempre que chego em casa e encontro o lixo revirado ou papéis espalhados pela casa, brigo com ele e deixo o pobre de castigo. Será que tenho sido injusta até aqui? Vou pensar num esquema de vigilância para tentar pegar o real infrator no flagra.

Mas a confiança foi quebrada. Perdi a admiração. Estou decepcionada com a minha cachorra. O que comprova o quanto a convivência faz mal a seres que se amam e se admiram. É só ficar muito tempo junto para irem aparecendo os podres.

Eu já era contra à gente que se gosta, se ver muito. Morar junto, então, é o maior dos riscos. Estou firme e forte na minha crença. Não dá certo. Entendo e incentivo casais que moram em casas separadas ou que permaneçam eternos namorados. Têm muito mais chance de sucesso.

O meu caso, como eu já disse, não é dos piores já que meu respectivo trabalha de domingo a domingo e nos vemos pouco. Já a minha relação com a Lua está bem abalada. Não sei se temos chances de reconciliação. Vou estudar propostas para voltar a trabalhar bem longe de casa. Talvez, seja a nossa única salvação

sábado, 26 de janeiro de 2008

Minha Letra

Hoje tive uma constatação que me deixou um pouco tristinha. Nada demais, mas mexeu com algo que não sei se é ego. Acho que não. Mas não estou achando outra palavra. Sempre me disseram que a minha letra era horrorosa. Do colégio, passando pela faculdade, pela minha família, pelos meus namorados, pelo meu marido, meus amigos, o pessoal do trabalho até o povo da minha recém concluída pós-graduação. Mas eu relutava. Achava que todos eles estavam exagerando. Tá, não era nenhum primor de caligrafia, mas também não era esse hieróglifo que falavam.

Vim até aqui assim, resistente, sem me entregar. E via vantagens nisso como, por exemplo, só eu entender o que eu escrevia. Podia escrever um diário na frente da minha mãe, olha só! Mas hoje, passei por uma situação que decididamente me convenceu e me fez dar graças a Deus de viver numa era em que o computador e os e-mails substituem o papel e as cartas. Se não, com certeza minha história de vida seria outra e eu nunca, nunca mesmo, conseguiria escrever tanto como estou fazendo agora. Tudo porque passei, ou melhor não passei, na prova mortal: eu não me entendi.

Ontem, com preguiça de ligar o computador, escrevi uma crônica num bloquinho. Assim, à meia luz, meio sonâmbula, torta, usando abreviações e sinais. Hoje, não consegui entender bulhufas! Nada! Só lembro do assunto, mas o desenvolvimento, o início, o meio e o fim, se perderam para sempre...

Fiquei com tanta raiva que nem me esforcei para tentar escrever tudo de novo. Usei aquela tática de “melhor assim. Se estragou é porque não estava bom”. Mas isso é historinha para boi dormir. Era bom sim. Eu me conheço. Um troço ruim não ia fazer eu ascender o abajur, pegar um bloco, uma caneta e escrever às três da madrugada.

Bom, passou. E virou outro assunto: minha letra. Minha última experiência traumática com ela, antes da de hoje, foi no Natal passado. Meu marido (ele tem aparecido bem, né? Acho que fiquei com peso na consciência de ter chamado o moço de banana na crônica do Rex.) há um tempão fala que queria ser mais próximo dos outros coelhos e coelhinhos da família dele.

Aí, tive a grande idéia de comprar cartões de natal e enviar para todos eles. Nunca tinha enviado cartão de natal para ninguém, só aqueles pequenininhos que vão presos nos presentes. E era uma coisa que mexia com o meu imaginário. Via muito em filme, ouvia falar. Enfim, me senti bem fazendo uma coisa de gente grande, de adulto!

Tomei a iniciativa e não só comprei, como catei os endereços e CEPs (atenção CEP é uma tarefa difícil. Minha sogra não tinha os CEPs. Procurei sozinha!) e escrevi mensagens de boas festas bonitinhas para cada um. Fui mostrar toda feliz para o meu marido com um sorrisão satisfeito na cara.

- O quê?
- O quê, o quê?
- O que está escrito aqui?
- É o que desejam os primos...
- Isso é ‘desejam’?
- É.
- Achei que era ‘deserto’.
- Não.
- Não dá! Não consigo entender uma palavra.

Resultado: tive que jogar 27 cartões no lixo! Faça as contas: cada um custou em média R$ 4,50, vezes 27, minha letra me causou um prejuízo de R$ 121,50.

Comprei tudo outra vez, dei para ele escrever e ele que botasse no correio. Nunca mais enviarei cartões de Natal novamente!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Comida

Sou ruim de comida. Ou melhor, fui ficando ruim de comida com o tempo. Fui um bebê e uma criança super comilona. Comia de tudo. Sabe aquele menininho do comercial que pede brócolis? Então, eu também não dispensava nem as coisas verdes. Só que Brócolis não é o problema. Ele continua bem-vindo na minha dieta alimentar. O problema... O problema é quase todo o resto.

Juro que não sei porque fiquei assim, chata. Não é filosofia. Gosto dos bichinhos, mas não chego a ficar super tocada porque matam bois, galinhas e porcos por aí. Talvez eu sinta uma certa peninha dos coelhos porque eles são fofuchos. Mas não entraria numa passeata do tipo: salvem os coelhos! É natural. Desde que o mundo é mundo, existe a cadeia alimentar.

Também não sou da turma saudável e pesquisadora que defende teses como carnes fazem mal à saúde, demoram milênios para serem digeridas e tal. Se fôssemos ligar para tudo o que dizem sobre os alimentos, ninguém comeria mais nada (que nem eu). Tudo dá câncer!

O fato é que sou uma chata sem causa. O que me torna mais chata ainda e mais importunada ainda. Porque não fico nem lá, nem cá. Não sou da turma dos verdes e também não sou da turma dos glutões felizes. Não tenho um grupo. Seguindo minha tendência na vida, sou uma desgarrada. Desvirtuei do caminho em algum momento e não voltei mais.

Pessoas me pedem explicações o tempo todo:
- Mas por que você não gosta disso?
Me limito ao:
- Porque não.

Simplesmente fui não gostando mais das coisas. Foi aleatório. As categorias aceitas por mim foram diminuindo, opções foram sumindo... Até que hoje me revezo entre poucos, num esquema quase matemático para não correr o risco de enjoar de algum desses sobreviventes! A dificuldade é que minha chatice não envolve só o alimento em si, é o jeito de fazer. São hiper restritos.

Atualmente tenho comido peixe, mas só grelhado, sem caldos, molhos e afins e Salmão está fora. Enjoei. Não soube dosar; camarão eu ainda estou amando, mas como pouco e é difícil de fazer, além de deixar a casa toda fedendo; pão árabe entra, o integral está ‘na geladeira’; queijos têm que ser brancos, amarelo só derretido em comidas. Pizza como feliz!; e ovo, de vez em quando, e só salgado. Tenho aversão a doces de ovo. (que Portugal não me ouça. Me viro para não fazer desfeita para a turma). E existem os que não saem nunca do cardápio, independente de estação, como algumas frutas, as coisas verdes e massa. Adoro!

E não, não gosto de comida japonesa. Já provei sim. Já tentei inúmeras vezes, inclusive para agradar namorados por aí, mas não teve jeito.

A essa altura, você que não me conhece, deve estar achando que sou uma daquelas modelos esqueléticas, ou, no mínimo, magra com tudo em cima, gostosérrima. Para algo essa porra de chatice gastronômica tem que servir!

Não. Não sou esquelética. E nem sou alta, loira, de olhos azuis e com um corpão. Fisicamente, sou uma espécie de Maria que não nasceu linda. Uma coisa assim, comum.

Atenção! Não tenho problemas de auto-estima, só não quero gerar expectativas. (um dia falarei só sobre expectativa e minha relação com ela). Mas como alguém que não come quase nada, não é magrinha?

Já falei que eu bebo?

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Fora de Contexto

Cena: estacionei o carro em Ipanema. Páro. Olho para a frente e dou de cara com um guardador do Vaga Certa gatinho... Para a minha surpresa, deu-se o seguinte diálogo entre nós:

Ele: Oi, tudo bom?
Eu, meio desconcertada ainda: Tudo.
(dei os R$ 2,00)
Ele me deu uma batidinha no ombro e agradeceu: – Valeu.

Botando de lado logo a questão de ser ou não preconceituosa e blá blá blá (eu sei lá se eu sou preconceituosa ou não. Devo ser em algumas situações). Mas o que quero falar aqui é da surpresa que nos causam (com preconceito ou não) pessoas fora de contexto.

Vi o filme “Meu Nome Não é Johnny” há pouco tempo e andando, depois do encontro com o flanelinha uniformizado, fiquei imaginando vidas para ele. A relação com o filme é que pensei que ele poderia ser um garotão de Ipanema drogado, pagando pena com serviços comunitários. Isso está super in. No exterior já é comum e aqui as penas alternativas estão crescendo.

Fiquei encucada e na volta ia tentar obter mais informações, mas o guardador malandrex não estava mais em seu posto. O que me fez pensar em outras hipóteses como uma pegadinha do Faustão ou do Gugu. A brincadeira era ver a reação de pessoas preconceituosas como eu ao ver um guardador bonitinho.

A pegadinha continuou. À noite, no mesmo dia, o funcionário da boate Help da Avenida Atlântica que me apresentou a casa (depois conto o que fui fazer lá) também era fora do padrão ‘funcionários de boate’. E o que mais me chamou atenção em um e outro (o flanelinha e o funcionário) foi a desenvoltura dos rapazes. Ambos tinham um jogo de corpo que puxa para o descolado, sabe? Bons de papo, simpáticos, falam bem, solícitos. O último fez até piada com jogo de palavras!

Se eu estivesse matando cachorro a grito, ia desconfiar dos meus próprios olhos, mas tive testemunhas! Minha amiga Camila (primeira vez aqui. Seja bem-vinda.) estava comigo nas duas situações e também ficou de queixo caído. Vivemos uma espécie de experiência cósmica juntas. Quase inacreditável.

Esperei uns dois dias para ver se ninguém ia me ligar pedindo autorização de imagem. Ninguém ligou. O que prova que os moçoilos eram autênticos. Desculpa, mas imagina a quantidade de Jéssicas e Suelens que esses caras não devem pegar?

Descobri! Estão disfarçados de propósito para comer tudo quanto é gostosa burra por aí. Muito melhor que ficar no ramerrame com patricinha da zona sul. Vocês estão de parabéns. E se eu não fosse casada, daria asas à fantasia. Vou sonhar com vocês. Com os dois.


Cantinho do Fluminense

Após um 1º tempo sofrido, veio o 2º. Graças a Deus, veio 2º! Estávamos tomando um sacode do Duque de Caxias, patrocinado pela KFC. (Sim, um time de futebol patrocinado por uma lanchonete de frango!)

Data do jogo 23.01.2008 (estréia meio mais ou menos do trio maravilha) 19h30 (chuvinha fina)
Local Maracanã de novo. (vi em casa com papai)
Campeonato Estadual (Carioca) 2º jogo do Flu
Placar 3 x 2 (Flu X Duque de Caxias) Thiago Silva, Leandro Amaral e Washington (falta o Dodô...)
Extras 1 na trave; gol contra anulado; e milhões de ‘quases’!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Nomes

Oi, meu nome é Adriana, tenho 27 anos e... Sou mal-humorada, impaciente, mandona etc etc etc, tudo o que já foi dito até aqui. Mas a minha questão é: será que se eu não me chamasse Adriana, eu seria diferente? Será que se eu me chamasse Natália como minha mãe queria (tirando a breguice de que nasci no Natal), eu seria uma outra pessoa, com outras características?

Talvez Natália, nem tanto. Mas imagina se eu me chamasse Ronalda. Tinha uma menina no meu colégio que tinha esse nome e eu morria de pena dela. Uma Ronalda deve ser uma pessoa mais retraída, um pouco insegura, não? Deve ser sim. Imagina que horror carregar um nome feio pela vida à fora. E a coitada nem era bonita. Nem bonitinha, sabe? O que piora ainda mais a situação. Ter nome feio e ser feia é o fim. Anos e anos de psicólogo...

Outros nomes também são perigosos como Maria. Maria pode ir do totalmente comum e banal até o simples que se torna especial. Assim: uma Maria meio sem graça é só uma Maria. Agora uma Maria linda é quase uma poesia viva. Estou falando de Maria puro. Nada de Maria Paula, Maria Cristina, Maria Eduarda e blá blá blá. Aí, o Maria vira coadjuvante, não vale. Tinha vontade de chamar minha filha de Maria (não estou grávida. Só daqui a dois anos), mas vai que ela nasce mais ou menos, ou com o nariz do meu amado companheiro... Se bem que, uma menina com o nariz dele nem se for Isabela se salva.

Um amigo meu (ele vai ficar feliz de ser citado) quer batizar a futura filha de Anastácia. Talvez na Rússia o Anastácia passe despercebido, mas aqui no Brasil, pra ser Anastácia tem que bancar. Uma Anastácia brasileira precisa ter personalidade forte, cabeça erguida, tem que saber o que quer, impor respeito, ser admirada, quase temida. Aí, está feita. Será uma senhora mulher! Faço votos para que a filha do Marco Antônio seja memorável.

Nem comento as bizarrices de 1 2 3 de Oliveira 4 e companhia, o assunto aqui é sério. Há que se tomar cuidado também com modismos. Um modismo pode desgraçar a vida de uma pessoa para sempre. Quando eu era criança, minha boneca preferida (não parece, mas eu brincava de boneca, ta?!) se chamava Jéssica. Tudo porque eu vi aquele filme “O Resgate de Jéssica” e fiquei muito impressionada. De novo, uma Jéssica nos Estados Unidos é mais uma na multidão. Uma Jéssica aqui entra no grupo das Suelens, Uoshingtons, Maicous e outras coisas estranhas como combinações juntando o nome do pai e da mãe.

Aliás, combinações passam perto das homenagens. O que é uma injustiça cruel. Alguém lá atrás sacaneou o filho e as gerações futuras continuam sacaneando os seus. Maldade. A raça humana é rancorosa. Mães principalmente, já que são mulheres, logo, mais vingativas.

Mas certas homenagens ficam bonitinhas. Meu filho, por exemplo, será Antônio Pedro. Antônio é o pai do meu marido. Pedro é meu pai. Um pouco brega? É. Mas eu gostei do nome e aí, não custa nada entrar na onda do costume português de homenagear os seus.

Aliás, esse ‘não custa nada’ é um pouco novo para mim. Quando eu casei na igreja, não queria. Fiz pela família tradicional do meu marido. Mas no fim da festa, eu era a mais feliz de todas! Adorei a palhaçada. Daí em diante, e com mais uns aninhos de vida na bagagem, aprendi a não levantar a bandeira da discórdia sempre. Faço os outros mais felizes e eu acabo mais feliz também. Já se eu me chamasse Ronalda... Ia ser uma revoltada eterna.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Sogra

Oh, quero deixar bem claro que amo o Rex e o meu marido. Esse último mais ainda porque hoje comprou e colocou um ar-condicionado aqui no meu quartinho-escritório! Fez tudo sozinho! Muito eficiente. (o ar caiu no meu colo...). A idéia aqui é fazer rir. Não quero correr o risco de deixar ninguém magoado (a bruxa da Paula pode).

Então, mas hoje falarei de... sogra. Sogra é um assunto meio clichê que nem futebol. É clichê mulher ser contra o futebol do marido, assim como homens e mulheres torcerem o nariz para as sogras.

Mas de novo, serei do contra. Sou boa nisso. É que não tenho absolutamente nada para falar mal da minha sogra. Pelo contrário, ela é a mais fácil de lidar em meio à numerosa família portuguesa do meu marido (o correspondente animal dos Portugueses são os coelhos). Minha sogra é minha aliada. Se tiver que escolher um lado, escolhe o meu. Antes deu estar errada, o filho dela é que não soube lidar comigo. E olha que eu nem sou do tipo puxa-saco. Nunca fiz nada para conquistá-la, mas ela está no papo.

Ontem foi aniversário dela. Por isso, escrevo hoje numa espécie de homenagem e agradecimento. Ela nem sabe, mas talvez tenha influenciado bastante na minha decisão de casar. Na hora de casar tudo conta ponto e uma sogra tranqüila vale 5 maçazinhas do Mário (para quem não lembra, Super Mario Bros era o mais famoso jogo de videogame da minha adolescência).

Do outro lado também há sorte. Antes da minha mãe pensar em causar qualquer problema na minha vida conjugal, eu já cortei as asinhas dela. Sou uma espécie de secretária executiva de um presidente de multinacional. Os problemas não chegam até meu marido.

Aliás, mentira. Eu é que me estranho muito com a minha mãe. Ele, coitado, é quem muitas vezes precisa administrar os atritos entre nós duas. Pensando bem, ele está pior que eu. Bem ou mal, tem assuntos de sogra para resolver. Muitas vezes, fica lá escutando sozinho, porque eu não sou nem doida de dar papo para minha mãe. Ele dá papo para todo mundo. Educado o menino, sabe? Pudera, foi educado pela minha sogra...

Então, um viva para ela! Que não me enche a paciência, é minha fã e mora metade do ano em Portugal!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Rex

Um tempinho atrás, alguém me chamou atenção para a ausência do Rex nesse livro que vos fala. É verdade. Rex não tinha aparecido ainda, enquanto sua companheira de longa data, a Lua, já fez entradas significativas.

Hoje comecei a pensar no porquê Rex não havia virado assunto interessante. Rex não sabe se fazer interessante. Rex me segue o tempo todo, Rex late freqüentemente, Rex quase fala (É verdade. Fica rosnando em ritmos diferentes balançando a cabecinha, é estranho, mas engraçado), Rex tropeça nas próprias patas ao correr, Rex faz besteira, Rex leva bronca e abana o rabo mesmo assim, Rex está presente o tempo todo. Rex é over.

E enquanto vive em sua superexposição, não consegue prender a minha atenção, por mais que passe 24hs do dia tentando. Tadinho, deve ser frustrante. Como assim a Lua que não faz nada, fica quieta lá o tempo todo, não late e só se comunica comigo quando eu inicio alguma espécie de conversa, consegue ser muito mais interessante que ele? Como?

Lua é esnobe, sabe? Sempre está com uma expressão meio blasé na cara, nunca liga muito para ninguém. Se você vai lá fazer carinho, ela agüenta um pouco, mas logo levante e vai deitar em outro lugar. Lua escolheu seus cantos da casa e fica se revezando entre eles, quase sem fazer barulho. E o Rex não chega nem perto dos locais selecionados por ela. Lua decide em que pote quer comer. Lua tem mais que o dobro do tamanho do Rex. Lua tem pedigree.

Se o Rex fosse homem, seria gentil com as mulheres; deixaria elas escolherem aonde ir; contaria piadas não muito engraçadas; mandaria flores; daria presentes caros; nunca esqueceria uma data importante; ligaria umas cinco, seis vezes ao dia só para ver como ela está; perguntaria como foi o dia dela à noite; seria super carinhoso; um bom ouvinte; o genro que toda sogra pediu a Deus.

Se a Lua fosse mulher, seria meio grossa com todo mundo; ficaria puta com homem que nunca dá opinião sobre nada; seria muito mais sarcástica que engraçada; quase nunca daria presentes, só se achasse algo especial independente de data; esqueceria quase sempre de tudo, inclusive de ligar; seria meio mal-humorada; fria às vezes; impaciente; desatenta; egoísta.

Lua dorme do meu lado. Rex dorme do lado do meu marido.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Fluminense

Vou começar contando como me tornei uma torcedora do Fluminense. Não é uma história limpa. Meu pai, tricolor doente, jogou um pouco sujo para me converter. É converter mesmo, porque esse troço é pior que religião e me pegou.

Eu devia ter lá meus quatro, cinco anos. Na época, era Flamengo “do time da mamãe”. Normal. Mamãe foi mais presente na minha vida de bebê. Papai não nasceu muito para a tarefa, segundo ele: “é muito pequeno, frágil. Vai que quebra na minha mão...” (isso explica porque eu também sou tão estabanada. Minhas manchas que continuam aqui mandam lembranças).

Bom, com quatro anos eu já falava, andava, comia qualquer coisa (bem mais que hoje. Me tornei uma espécie de chata que não come carne.) e fazia xixi e cocô civilizadamente. Já dava para papai me carregar para cima e para baixo. E papai me carregava para onde? Para os botecos que ele freqüentava. Fui mascote de todos os bares do Leme e adjacências durante muito tempo. (só perdi meu reinado quando veio minha irmã. Loirinha e bem mais simpática).

Num belo dia, meu querido pai me vestiu de Fluminense e me deu uma bandeira tricolor para segurar. Em seguida, falou assim: “Vai. E sai gritando o nome do seu time”. Saí serelepe e toda orgulhosa gritando “Mengo! Mengo!”, vestida de fluminense dos pés a cabeça.

Fui a alegria do bar. Tanta festa me contagiou. E depois que alguém (uma flamenguista) me explicou a travessura e me mostrou a bandeira do flamengo, minha resposta sincera de criança foi: ‘prefiro esse que é mais colorido’. Daquele dia em diante, sou tricolor de coração.

Tive altos e baixos, que nem meu próprio time. Futebol, por definição, está relacionado a homens. Então, dependendo do, ou dos homens, da minha vida e de como eu estava me relacionando com eles (isso inclui meu pai) fui mais ou menos Fluminense.

Não sei se por coincidência ou por precaução, a maior parte dos meninos, rapazes e homens com quem saí, fiquei, namorei ou casei (só uma vez até agora), eram ou são tricolores. Tirando o atual que é Fluminense mais ou menos, o resto é do grupo paterno, que segue a religião.

Assim, passei a infância sendo diretamente influenciada por papai, a pré-adolescência influenciada por X e papai, a adolescência por Y e papai e a vida adulta por Z e papai. Para mim, aquele ditado ‘se você não pode vencer seu inimigo, junte-se a ele’ é sábio. O que tem de mulher por aí que declara guerra contra o futebol... Para quê? Eu, como não entro em disputa para perder, me uni ao clube tantas vezes campeão.

E sigo até aqui com mais uma vitória nas costas! O Flu estreou vencendo no Carioca hoje no Maraca. Um calor desgraçado, um monte de bola na trave, momentos meio esquisitos e uma ventania fenomenal para fechar. É ou não é divertido? Eu adoro. Saudações Tricolores!

Data do jogo 19.01.2008 (estréia sem o trio maravilha) 16h (calorão 40º)
Local Maracanã!
Campeonato Estadual (Carioca)
Placar 2 x 0 (Flu X Cardoso Moreira) Thiago Neves e Cícero
Extras 2 bolas na trave; um gol anulado (Washington); e uma baita ventania no final!

sábado, 19 de janeiro de 2008

No colo

Adoro quando as coisas caem no meu colo. Sou preguiçosa de carteirinha. E monto mesmo quando aparece alguém que pode resolver algo por mim. Veja bem, não sou má. Não faço mal a ninguém. Juro que só me aproveito de quem quer ser aproveitado ou que nasceu com o dom de ser prestativo.

Lembra do primo do primo? Então, me arranjou uma bocada que vai me sustentar até o fim do ano, mesmo se o meu outro negócio não der certo. Assim, de graça, do nada. Só porque foi com a minha cara. Claro que os homens vão pensar que o moço está querendo algo em troca. Mas não está não. Sou espertinha para perceber isso e, acredite, ele não quer nada comigo.

Acho que sou boa de papo. Ele me pegou, ôpa, me encontrou numa época em que estou muito empolgada em relação a trabalho. Então, saí disparando várias idéias, projetos, enfim, tudo o que está na minha cabeça para realizar num futuro próximo. Convenci o rapaz.

Pois é, mas acontece que o feitiço está virando contra o feiticeiro, feiticeira já que estou falando de mim. Esse negócio de sair contagiando pessoas por aí com a minha empolgação está começando a me dar trabalho, literalmente. Explicando: uma porrada de gente começou a me oferecer coisas para fazer. Fiquei feliz da vida, fui dizendo sim a torto e a direito, me achando o máximo!

Só que acho que disse muito sim por aí. (esse é um problema antigo... digo mais sim do que não na vida. Sou fácil, fácil...). E aí, agora estou meio enrolada. E a idéia não era essa. Tinha todo um plano traçado de fazer o meu horário, todo dia dar um mergulho, almoçar em casa, essas coisas de gente que não precisa se descabelar para pagar contas. Tava adorando ser uma quase-dondoca que de vez em quando dava uma trabalhadinha.

Mas me fudi. Atenção! Não é uma reclamação propriamente dita. É mais uma observação. Até porque eu nem poderia recusar coisas que caem no meu colo. Que continuem caindo, só não precisa cair tanto, sabe anjinho... você exagerou aí na sua tarefa. Está trabalhando muito, assim vai ficar estressado, vai ter que tomar remedinho... Se eu fosse você, dava uma descansada, pegava uma prainha... olha o veraozão que está aí. Um calor danado. E o pôr-do-sol em Ipanema é lindo nessa época. Encontra comigo lá, te apresento uns amigos, a gente joga um pouco de conversa fora. Tire uns dias folga. Combinado então, hein! Amanhã, em frente a Vinicius de Moraes, na barraca do Fluminense. Te vejo lá.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Mancha Preta

Uma coisa do passado, de novo, se faz presente. Mas não é uma alegria, foi um tombo. Não no sentido figurado. Foi um tombo, tombão mesmo, me estabaquei. E de brinde, ganhei duas mega manchas na perna e no braço.

Falei do passado, porque a última vez que tive uma mancha desse tamanho, que me acompanhou durante meses, foi no dia da comemoração da minha formatura. (é, se é para cair, tem que cair direito, num evento de respeito.) Foi no Cozumel (não existe mais...) há quatro anos.

Havia uma escada assassina. Lá pelas tantas, bem pelas tantas mesmo, caí lá de cima. Só reparei quando parei lá embaixo com uma espécie de dormência na lateral da coxa (porque bêbado não sente dor). A sorte (ou não, de repente caí por isso...) é que o lugar era muito escuro. E ninguém viu. Dá para acreditar? Eu despenquei lá de cima e ninguém viu. Ninguém veio ajudar. Se eu tivesse desmaiado, ia passar por bêbada e ficar por ali mesmo.

O tombo me deu uma acordada e decidi que era hora de ir embora. Saí mancando. Não pela dor na perna, mas porque o salto de um dos pés da minha sandália quebrou. Peguei um táxi e fui para a casa. Dormi sem grandes problemas, meu maior incômodo foi o vestido que pinicava, mas eu tive preguiça de tirar.

No dia seguinte... No dia seguinte a maior mancha do mundo estava impressa na lateral da minha coxa esquerda. Primeiro ela era verde, depois foi ficando roxa até virar totalmente preta e assustadora. A porcaria da mancha ficou tanto tempo em mim, que me apeguei. Quando ela se foi, confesso que fiquei meio calada, cabisbaixa pelos cantos.

Muito tempo depois, estou eu aqui hoje escrevendo de posse não de uma, mas de duas senhoras manchas! Elas já entraram na etapa roxa. Uma é na mesma lateral da coxa esquerda (parece que sigo um padrão na hora de cair) e a outra atrás do antibraço esquerdo também. Essa segunda ainda tem uns arranhões para acompanhar.

Meu tombo mais uma vez foi num evento importante: batizado do meu sobrinho (sobrinho do meu marido, na verdade), em que eu era a madrinha! Ou seja, todos os holofotes estavam em mim. Antes que vocês se assustem, não, eu não caí com a coitada da criança nos braços. Me ferrei sozinha mesmo. Não foi na igreja, foi no evento pós-batizado.

Levantei para levar dois copos de caipirinha vazios para a pia da churrasqueira. No meio do caminho, tinha um saco de gelo vazio no chão. Tinha um saco de gelo vazio no chão, no meio do caminho. Escorreguei. Mas não quebrei nenhum dos dois copos! Coisa de profissional.

Desta vez, todo mundo viu. Quase ninguém riu, só meu pai. Muitos vieram ajudar e um engraçadinho falou que meu cabelo tinha virado uma caipirinha gigante, cheio de gelo e limão.

- Machucou?
- Não, não. Está tudo bem. Foi só o susto.

No dia seguinte... Bom, no dia seguinte já sabem, elas apareceram lá cheias de si. Enormes e verdes. Agora, roxas e futuramente, pretas. Já sei como é tá, Donas Manchas? Sou escolada. E podem ir tirando o cavalinho da chuva, porque não vou me apegar. Não vou. Não vou e não vou.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Perguntas e Alternativas

Adoro questionários. Esses testes de revista, sabe? Fui daquelas adolescentes que ansiavam pela próxima Capricho (revista de menininha). Quando saía a Capricho Especial Testes então, eu quase gozava. E olha que na época, ainda nem sabia o que era isso.

Depois que eu cresci, não continuei o vício com revistas para mulheres mais velhas tipo Cláudia, Marie Claire etc. Talvez porque haja uma lacuna aí no negócio de revistas. Ou são muito adolescentes, ou muito maduras. Não tem revista com teste para mulheres no meio do caminho. Pelo menos, não que eu saiba ou já tenha me interessado.

Mas o fato é que mantive a minha apreciação por brincadeirinhas de perguntas e respostas. Sem questões psicológicas envolvidas, por favor! Nada de ‘isso é uma maneira de se conhecer melhor e blá blá blá’. Gosto porque acho divertido. Imagino situações, penso em pessoas e coisas específicas para responder as questões. É um jeito de me distrair, sem neuras, como o lance de tirar cabelo de escova.

É divertido, engraçado. E gosto mesmo é do ato de ir respondendo em si. Dificilmente aqueles resultados com um textinho que definiria então o que você é, me convence. Às vezes, nem chegava até lá. Só marcava as alternativas me divertindo e pronto. Fechava a revista sem nem me preocupar com o resultado.

Bom, em meus dias atuais, brinco menos disso, claro. Aliás, quase nunca. Uma pena. Já até tentei comprar uma Capricho ou outra depois de velha, mas perdi a inocência e ingenuidade necessárias para a diversão fazer sentido. De novo, uma pena. E acabei virando uma órfã de testes.

Tento me alimentar de outras brincadeiras, como Master, o jogo de perguntas e respostas sobre conhecimentos gerais. É legal. Geralmente sou a última a querer parar e aquela que fica puta quando desistem antes do fim do tabuleiro. Mas não tem a mesma graça, principalmente, porque envolve outras pessoas. Os testes adolescentes tinham uma coisa meio de cumplicidade de mim comigo mesma, era uma espécie de segredo. E não tinham respostas exatas. Muitas vezes, eu fiz o mesmo teste um tempo depois e respondia tudo diferente. Master tem resposta certa.

Fiz esse nariz de cera aí todo para chegar ao seguinte ponto: hoje minha irmã me fez de cobaia para um trabalho de faculdade. Ela faz comunicação também, é outra perdida que não sabe direito o que quer. Achei até o trabalho meio bobinho para a idade dela, 19. Mas enfim... Ela tinha que pegar algum programa de televisão e ‘aplicar’ em alguém que ela conhecia para testar na vida real a fórmula do tal programa. E depois fazer uma análise lá comparativa entre real e TV, blá blá blá. Essa parte eu não me interessei muito.

Eu fui escolhida como cobaia. E o programa que ela escolheu foi aquele “Inside the Actors Studio”, um talk show apresentado pelo James Lipton em que ele entrevista atores de Hollywood. Eu sei lá porque ela me escolheu. Faria mais sentido escolher um ator, mas talvez ela não conheça nenhum.

A primeira parte é mais sem graça. São perguntas que pretendem fazer um apanhado geral da vida e carreira do entrevistado. No meu caso, mais sem graça ainda, já que não tenho assim uma carreeeiiiraaa. Mas o finalzinho é o mais legal. É quando ele, o James Lipton e comigo a minha irmã, faz as últimas perguntas que são sempre as mesmas para todo mundo. E é preciso responder naquele esquema bate e rebate, sem pensar muito. Adorei! Saí da experiência feliz que nem eu ficava quando acabava um teste da Capricho. É só isso. Quis dividir essa alegria do passado que hoje se fez presente. Abaixo, as tais perguntas e as minhas respostas. Até amanhã.

1) Qual a sua palavra favorita?
Claridade. Velocidade. Liberdade. Gosto da terminação “dade”.

2) Qual a palavra que você menos gosta?
Sei lá. Agora me veio ‘balbúrdia’.

3) O que te inspira criativamente, espiritualmente ou emocionalmente?
A vida e pessoas.

4) O que te faz perder a inspiração?
Sono.

5) Qual seu xingamento(ou palavrão) favorito?
Puta que o pariu!

6) Qual o barulho que você mais gosta?
Motor a diesel.

7) E o que mais odeia?
Qualquer um na hora de dormir.

8) Que outra profissão, que não a sua, você gostaria de ter?
Algo que viajasse e me pagasse para isso.

9) Qual profissão você nunca teria?
Médica e qualquer outra que envolva uma grande responsabilidade.

10) Se o céu existe, o que você gostaria que Deus te dissesse quando você chegar lá?
Você estava errada.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Rindo à Toa

Meu pai é muito engraçado. (oh, pai! Olha você aí de novo...) Minha avó está internada no hospital (não é nada sério.) e aí minha mãe pediu para ele passar lá na casa dela, da minha avó, e trazer um livro que estava em cima da cômoda.

Acho que por não saber exatamente a diferença entre uma estante, uma mesa e uma cômoda, ele escolheu o que estava mais perto e mais visível: a estante. E não considerou o fato de ter mais de um livro nela. “Peguei o mais grosso”. Na cabeça dele, quem está num hospital tem muito tempo à toa. Então, o livro mais grosso seria mais útil.

Só eu achei realmente graça da história toda e fui cúmplice dele nas gargalhadas familiares. Minha mãe ficou lá resmungando e minha avó nem ligou. Acho que ela não estava querendo livro nenhum.

Meu pai trouxe o livro errado, claro, que ficou lá jogado. Mas chegou o dia deu dormir lá com a vovó. Ela estava há dias sem conseguir dormir por causa de umas dores e aí, foi eu chegar e ela apagar. (um Frontalzinho que eu perguntei à enfermeira se tinha, ajudou).

Bom, mas o fato é que eu não estava com sono. E mesmo se estivesse, duvido que conseguiria dormir naquele sofá estranho que chamam de cama de acompanhante. O travesseiro é um caso a parte. É de plástico. Fica escorregando da cabeça. Pedi à moça uma fronha e ela me disse que travesseiro de acompanhante não tem fronha. É de plástico porque é mais fácil de desinfetar e é uma economia para o hospital. Ia começar a argumentar, mas pensei bem e vi que não ia conseguir dormir ali mesmo. E aí, por preguiça e por princípio, me dei por vencida em questão de segundos.

Andei pelos 10m² do lugar e também só levaram segundos. Fiz xixi. Não podia ligar a televisão. A coitada da vovó demorou tanto para dormir... Também não queria sair do quarto porque me deram uma responsabilidade. Não sou boa nesse quesito. Talvez por isso, eu também não estivesse conseguindo dormir.

Minha tarefa era ficar de olho no soro para ver se ele não parava de pingar. Ela não comia e nem bebia nada desde que chegou ali e o soro era a única coisa que estava alimentando e hidratando vovó. Lembrei de umas reportagens que vi em Portugal falando que muitos velhinhos morrem lá no verão por desidratação. Velho desidrata cerca de duas vezes mais rápido do que os adultos e uma vez mais que as crianças.

Bom, à meia luz, ficar de olho num troço no alto e transparente, quem é que iria conseguir dormir? Acordada já estava sendo uma luta. Duvidava de mim várias vezes. Mexia no troço... Momentos de tensão.

Uma hora lá qualquer, olhei para o lado e estava ele ali. O livro grosso, lembra? Pois é, o livro grosso era um dicionário de expressões. Fiquei folhando, folhando e parei no ‘R’. Na expressão, ‘rindo à toa’.

Rindo à toa – estado de espírito bem-humorado; sem preocupações no momento; felicidade espontânea; alegria percebida na expressão do rosto.

E me dei conta que eu, num hospital, às duas da manhã, num silêncio absurdo, num ambiente facilmente invadido pelo tédio, com minha avó não muito bem ali na cama, sem a menor chance de conseguir dormir; e com horas e horas pela frente, estava assim: ‘rindo à toa’.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Porque Não

Falar ‘porque não’ é muito bom, né? Não, ‘por que não’ pergunta. Tipo alguém te oferece uma comida estranha e você pensa ‘Por que não?’, no sentido de se arriscar, inovar, viver coisas novas... Não. É o ‘porque não’ resposta mesmo. Alguém pergunta algo. Você responde. A pessoa pergunta por quê. E você simplesmente diz: ‘porque não.’

É sonoro. ‘Porque não’. Simples assim. Talvez a falta de saco que tenho com explicações possa explicar meu prazer em falar um belo ‘porque não’. Mas às vezes nem tem explicação nenhuma. Pelo contrário, nem sei direito porque não. Mas é ‘porque não’.

Um ‘porque não’ é um ‘não estou afim’ mais brando. Um ‘porque não’ tem um quê de libertador. Para falar um ‘porque não’ legítimo tem que haver uma independência aí qualquer. Todo mundo devia lembrar do seu primeiro ‘porque não’ como um marco, um rito de passagem. Não me lembro do meu primeiro, óbvio, mas lembro de uma situação que passei quando era mais nova (agora que faço parte da faixa etária adulta, bem mais nova...).

Eu tinha uma amiga esquisita que mandava em mim. Eu fazia tudo o que a garota queria. Eu só podia fazer qualquer coisa se ela quisesse. Não podia ir numa festa se ela não pudesse ir, por exemplo. Tinha que buscá-la em casa (atenção! De ônibus, que eu ainda não dirigia) antes de irmos para qualquer lugar porque ela não gostava de chegar sozinha. Tinha que comer no lugar onde ela escolhia. Já até faltei uma prova no colégio porque ela não tinha estudado (?!). Enfim, era o capacho da menina. Por quê? Nesse caso, porque sim.

Um dia combinamos de ir à praia na manhã seguinte. Mas acordei me sentindo meio mal e quando ela ligou, eu disse que não ia mais. Ela ficou puta. 1) porque não fazia nada sozinha e 2) porque ela não tinha mais amigos. Só eu era amiga dessa megera. Resultado: a bruxa ficou uma semana sem falar comigo, me dando gelo no colégio, jogando olhares raivosos. Penei para fazer ela voltar ao normal. Tive dor de barriga e tudo. (Lembra do sistema nervoso que ataca o intestino? É verdade mesmo. Já tive muita diarréia de nervoso. Ainda tenho. Que ela não me ouça, mas minha ex-psicóloga tem razão).

Sei lá por que cargas d’água, um dia acordei e decidi que não ia mais ser dominada pela Paula. O nome é verdadeiro mesmo. Faz parte da minha catarse. Paula, onde você esteja, você era má. Muito má! Bom, virei para a Paula e, bem de acordo com a idade, disse:

- Não quero mais ser sua amiga.
- Por quê?
- Porque não!

U hu! ‘Porque não’. ‘Porque não’. ‘Porque não’. ‘Porque não’. ‘Porque não’. ‘Porque não’.

Nunca mais vi a Paula. Deve ter terminado sozinha por aí. Aliás, tomara que ela tenha terminado sozinha por aí. E estou me lixando para esse negócio de que não se deve desejar mal aos outros. Desejar mal para quem foi mau com você deve poder.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Big Brother Brasil 8

Sempre demoro um tempinho para começar a ver “Big Brother”. Comecei ontem. Assim que liguei a televisão, escutei a seguinte frase: “Tem a coisa do filingue, né?”. Até eu entender que ‘filingue’ era feeling (uau!), um barbudo já tinha dito a duas meninas que é gay. Normal. Gay em BBB não causa mais espanto.

Agora, surpresa mesmo foi quando eu vi que desta vez, eu efetivamente conheço alguém que está lá! Na edição passada, uma amiga minha não só conhecia o Alemão, como já havia ficado com o moço.

Bianca, que é quem eu conheço nessa versão, não chega aos pés do Alemão, mas vá lá... Conheço alguém do Big Brother! Há quem ache que eu não devia espalhar isso por aí, muito menos com pontos de exclamação. Mas acho o máximo. Fica mais divertido ainda de ver.

Bianca freqüentava os mesmos lugares que eu numa certa época de fim de 2º grau, no colégio. Ela está igual. As mesmas tatuagens. Estou torcendo pela Bianca.

E já escolhi quem eu vou pegar no pé: Natália. Natália deu piti na hora de votar, ontem. Teve uma crise de choro. Foi bom. Lembrei da Mary Alexandre na Casa dos Artistas. Sim, eu também via “Casa dos Artistas”. E lá, eu também conhecia um dos ilustres participantes. Aliás, um vencedor: Rafael Vanucci. De novo, como eu não tenho vergonha de dizer que conheço o cara do Guaraná Dolly???? Pois é, não tenho.

E ele não é uma Bianca, que eu conheço de vista, de nome, de balada (bem paulista). O Rafael estudou comigo da 5ª a 7ª série no colégio, quando tínhamos 14, 15 anos. Foi meu melhor amigo. Ligações e mais ligações. Troca de cartinhas. O negócio foi íntimo. Sim, eu peguei o Rafael Vanucci.

Mas, oh! Não peguei a Bianca não, hein. Pelo menos enquanto ela não ganhar.

domingo, 13 de janeiro de 2008

‘Em Família’

Domingo à tarde em família. Aliás, só um adendo: esse negócio de ‘em família’ está me irritando já. Parece que todos os ‘braços’ da minha família resolveram juntos conviver mais. Acontece que eu não fui feita para conviver muito com ninguém de um modo geral. Meu casamento só dá certo porque a gente se vê pouco e gosta de fazer coisas diferentes. Nem comigo eu gosto de conviver muito. Só não convivo menos porque não dá. Talvez seja até por isso que eu goste tanto de dormir até tarde. É menos tempo do dia comigo mesma.

Enfim, o fato é que toda hora tem alguém que inventa um almoço, um churrasco, um lanche da tarde... Nem a minha avó fazia lanche da tarde. Agora, até a minha irmã quer fazer lanche da tarde. Isso porque eu nem contei para eles meus sonhos com dente. Imagina se eu falo que tem um monte de gente próxima perigando. Ferrou!

Vou acabar com isso. Seguem mais pistas do porquê:

- Você já plantou uma árvore e está escrevendo um livro. Agora só falta ter um filho!
- De novo esse papo...
- Você está com 27 anos, minha filha.
- Mãe, você me teve com 29.
- Era outra época.
- Sim, uma época em que as pessoas tinham filho mais cedo e mesmo assim você escolheu me ter com 29.
- Eu me casei duas vezes.
- Então, ainda posso casar de novo.
- Não, pelo amor de Deus! Nem brinca. Não existe outro para casar com você.
- Brigada. Então tá. Se eu ficar com ele, você deixa eu ter filho daqui a dois anos, com 29?
- Não é questão de deixar. É que filho traz maturidade. E você precisa de maturidade.
- Você casou com o meu pai e teve duas filhas com ele! Ninguém madura casaria com o meu pai.
- Então, não quero que você repita o que eu fiz.
- Então você quer fazer o que você não fez, através de mim? (Ah, se um psicólogo escutasse isso...)
- Eu só quero o seu bem.
- Está parecendo que você quer um neto.
- Também.
- Hum.
- Mas você não gostaria de completar o ciclo? A árvore, o livro e o filho?
- Qual é o propósito disso mesmo? O Que acontece se não fizer essas três coisas?
- É uma pena.
- Para quem?
- Para você.
- Mas eu estou ótima!
- Mas não está realizada.
- E o que faz depois de estar realizada?
- Vive-se uma vida plena.
- Isso está com cara de chaaattooo... Posso trocar o filho por outro livro?
- Não.
- Posso comprar uma Ferrari?
- Isso é crise de meia idade.
- Mãe, você precisa de uma Ferrari.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Meus Dentes

Insônia. Costumo ter às vezes, normalmente. Sem motivo aparente. Imagina quando há um motivo. Pois então, há algo que não tem me deixado dormir. Meus dentes. Se eu durmo, sonho que fico banguela. E o pior é que dizem que sonhar com dente significa morte de gente próxima. Se continuar nesse ritmo, vai morrer uma galera aí...

Tudo começou... em um dia feliz com amigos, no fim de semana pré-reveillon. Fomos à praia lá na pqp e depois almoçar mais na pqp ainda, numa tia lá sei lá das quantas. Aí, uma amiga de repente pára, olha atentamente para a minha boca e diz: “seu dente está rachado!”.

Hã? Como assim? Nunca ouvi falar disso. Olhei também, com um espelhinho, uma coisa meio artística, contra a luz, na posição tal e vi! Lá estava ela, uma rachadura quase invisível, mas estava lá.

Após algumas muitas caipirinhas, esqueci do dente rachado. Não ia perceber nem se eu estivesse banguela. E nem eles, garanto.

Bom, dias depois fui ao dentista. E para a minha surpresa, eu não estou com um dente rachado. Todos os meus caninos, molares e pré-molares estão com rachaduras. Eu disse todos!

- E agora? Eu vou ficar banguela?
- Não.
- Eles vão voltar ao normal?
- Não. Mas podemos tentar não deixar o quadro evoluir.
- Tentar?
- Primeiro temos que descobrir o que está fazendo com que seus dentes rachem.
- Hã. Estou ouvindo.
- Você mastiga gelo ou muita coisa dura com freqüência?
- Não. De vez em quando só.
- Costuma beber algo muito quente e depois muito gelado ou vice-versa?
- Não. Acho que não. Não que eu repare.
- Você tem bruxismo?
- Oi?
- Bruxismo. Quando ao pegar no sono profundo, a pessoa range ou trinca os dentes com muita força ou faz as duas coisas.
- Acho que já falaram alguma coisa assim, que eu faço barulho com os dentes.
- Então você tem bruxismo. Provavelmente você é passiva. Por que seus dentes não são lisos em cima.
- Ainda bem que eu não sou gay.
- Quê?
- Nada. Fala.
- Descobrimos a causa.
- A hã. E aí? Como cura?
- Não cura. Temos paliativos como uma placa de silicone que você coloca antes de dormir para proteger os dentes. Mas a questão é saber porquê você faz bruxismo. Geralmente está ligado ao lado emocional. É alguma descarga de stress do corpo. A força com que os dentes trincam é absurda. Não temos noção.
- Tá. Você está dizendo que algo psicológico faz eu rachar meus dentes?
- Sim.
- Mas tem remédio?
- Aconselharia um psicólogo.
- (Não! De novo não!) Mas se eu não sei que problema é esse, o que vou falar para ele?
- Mas ele ajuda a descobrir. Às vezes, está ligado a algum trauma do passado.
- (falou a palavrinha mágica: trauma) É, pode ser até algo que aconteceu na minha infância e eu não lembro, né?
- Sim. Isso é muito comum.
- Faz o seguinte: me dá aí essa plaquinha de silicone.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Pai

Encontrei com meu pai hoje depois de um tempinho. Tenho idas e vindas com ele. Épocas que estamos grudados, épocas em que enchemos o saco um do outro, épocas mais ou menos. Amo e odeio. Mas o fato é que tudo o que ele faz me afeta e vice-versa. Às vezes, entramos num joguinho nada saudável de disputa para ver quem tira o outro do sério primeiro.

Até hoje não sei dizer quem é melhor. É palio duro. Se sou criança, impaciente, geniosa, estabanada, grossa, aparentemente fria e teimosa, vocês não conhecem meu pai. É um exemplar num estágio mais avançado, considerando que ele tem 55 anos, é casado há 28 e tem duas filhas. O mínimo de responsabilidade e vergonha na cara esse cara tinha que ter. Mas não tem. Nunca teve. E demorou para a gente se respeitar.

O fato é que mesmo brigando bastante, ele é a única pessoa que eu tenho certeza que vai estar ali a hora que for, para o que for. Já tive provas concretas, bem mais de uma vez. Meu pai não é um pai. Claro que é um pai, mas eu nunca encontrei ou escutei ninguém falando de um pai que fosse parecido com o meu pai. Meu pai está mais para amigo grande que me dá problema de vez em quando, do que um pai. Isso durante muito tempo foi motivo de ódio interno. Hoje, é motivo de alegria. Prefiro muito mais ter um pai amigo do que um pai só pai. Dá trabalho, mas dá muito mais. Dá o tempo todo.

Nunca me senti amada só olhando para o olho de alguém. No olho do meu pai está escrito ‘eu te amo’. No sorriso dele, está dito ‘tenho um baita orgulho de você’. Na desatenção dele, escapa um: ‘sou quem eu sou. Não vou mudar’.

Hoje, não quero mais que você mude, pai. Quero você assim, do jeitinho que é. Quero falar o que der vontade e ir embora sem dar explicação. Quero aparecer sem dar explicação. Quero falar, não responder. Quero sentir, não falar.

Isso tudo é porque nesse encontro com meu pai hoje, falei pela primeira vez que estou escrevendo. Primeira pergunta dele: já falou de mim? Eu podia ter dito que sim. Lembra a historinha do mentir pra não magoar e não ter que dar explicação... Mas para ele eu não minto. Nem consigo. Na minha desatenção, disse:

- Ainda não.
- Como não? Não é sobre você, tipo um diário?
- É.
- E como é que você ainda não falou de mim?
- Não sei. Não saiu. Cada dia é uma coisa. Nenhuma coisa ainda teve você especificamente.
- Escreveu sobre a sua mãe?
- Mencionei.
- Hã?
- Mencionei lá, numa brincadeira de que ela não encarava uma cozinha.
- E sua irmã?
- Falei. Falei sobre irmãos, primos e primos dos primos.
- Primos dos primos? E nada de mim?
- Não. Sei lá, pai. É natural. Ainda não veio.
- Sua avó?
- Também já apareceu. Duas vezes. Falei do vovô também.
- O que morreu?
- É.
- Puta que o Pariu!
- (Ri. Ele ficou puto.)
- Marido?
- Pouco.
- Pouco quanto?
- No início, numa colaboração sobre o título. E um diálogo esquisito sobre merda.
- É por causa do navio?
- Que navio?
- No meu livro você era um navio e não gostou.
- (Ri de novo.)
- Sabia que isso ainda ia me dar problema. Você ficou aborrecida.
- Não, pai. Não é por causa do navio. Nem lembrava do navio.
- Como não lembrava do navio? Você não está lendo e fazendo revisão no meu livro?
- Não. Resolvi escrever o meu próprio.
- Cassete! Eu não estou no seu livro e você parou de ler o meu livro!? Quando você acha que acaba o seu?
- Falei já. É uma crônica por dia. 31 de dezembro.
- #@!%¨&*¨%$@! Ou você me coloca logo na droga do seu livro ou pára e lê o meu.

Pronto, pai. Está colocado. Obrigada por ser quem é.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Xeque-Mate

Meu dia 08 foi hoje. Alguém lá em cima trocou as datas. Hoje sim foi um digno dia 08. Um dia especial, em que aconteceram coisas boas. E olha que engraçado: sabe a Deca? A tal amiga querida que faz aniversário dia 08 de janeiro. Então, decidiu comemorar o aniversário dela hoje. Já já estou indo para lá, com o melhor dos humores. Me sentindo mais magra do que nunca!

Várias pessoas já me chamaram de criança. Nem sempre eu gosto. Mas essa parte de ficar feliz que nem criança, eu adoro. O olho brilha, vem de dentro, vem de fora, vem de tudo quanto é lado. Posso tudo. Sou quase a She-ha, mas morena.

Há coisas que nem eu, que escrevo pelos cotovelos, consigo deixar sair de tão gigantes. É como se eu quisesse preservar. São minhas, só minhas. “Não consigo dividir nem com o papel”. Eu já havia dito isso antes e é engraçado comprovar como realmente funciona assim. Não sai. Não adianta. Sinto um ciúme absurdo. É quase imaculado, puro, de verdadeiro, de infinito que nem as estrelas.

Vou contar uma história muito pessoal que eu acho que nunca falei sobre para ninguém, mas que me marcou muito. É, hoje estou meio sentimental. Molenga. Paciência. Enfim, uma vez perguntei ao meu avô, que era campeão de xadrez, qual era a graça de ficar lá jogando aquele jogo chato, lento, parado... Ele falou que um dia eu ia entender a força de um xeque-mate. Ele, que morreu bem velhinho com 96 anos, mas lúcido à beça, falava que só quem já tivesse levado um xeque-mate na vida, tinha vivido de verdade.

Na época, eu, com 14 anos, não entendia muito bem o que ele queria dizer. Achava lindo por algum motivo, mas confuso. Para mim, xeque-mate era morrer. Daí, a falta de nexo: se não tivesse levado um xeque-mate, não tinha vivido!? Como assim? De um lado era até óbvio. Para morrer tem que ter vivido. Mas não fazia sentido.

Uns quatro anos depois dele ter morrido, eu estava na casa da minha avó ajudando a empacotar as coisas porque ela ia se mudar do apartamento enorme em Copacabana, onde passei quase todos os fins de semana da minha infância, para um prédio mais perto da minha mãe e da minha tia. Ela me pediu para fazer tudo sozinha no quarto que tinha sido o escritório do meu avô. Estava intacto há quatro anos. Só a empregada entrava lá para limpar.

Mexe daqui, dali. Joguei uma porção de coisas fora, porque não sou muito fã de cacareco, até que achei um caderno grosso, de capa dura, cheio de anotações. Primeiro, fiquei sem saber o que fazer com aquilo. Mostrar para a minha avó? Mas e se houvesse coisas pessoais que fossem magoá-la por algum motivo? Jogar fora? Mas não tive coragem de jogar fora um caderno com a letra do meu avô, escrito por ele. Ler? Mas isso ia contra as minhas próprias regras de vida, que preserva a privacidade alheia. Mas ele tava morto! E, assumo, antes de ser correta, sou extremamente curiosa.

Passei uma tarde inteira e não empacotei nada. Passei uma tarde inteira lendo. Muita coisa eu não entendi. Outras, achei sem graça, a maioria. Muito formal, com palavras difíceis, sobre assuntos como a Revolução Russa. Meu avô falava seis idiomas. Além do português, falava italiano, francês, inglês, alemão e russo! Alemão e russo, ele aprendeu sozinho, lendo livros e traduzindo palavra por palavra. O cara não jogava xadrez à toa. Era a paciência em forma de gente. Tinha tanta que não deixou nem um pouquinho para mim.

Eis que chego numa página escrita mais ou menos assim: (faz tempo, não lembro exatamente e nem sei que fim levou o caderno. Acho que depois de ler tudo, dei a minha avó mesmo, já que não tinha nada de comprometedor.): 05.11.97 – ‘hoje minha neta me perguntou qual a graça do xadrez. Olhei para os olhinhos dela (isso eu me lembro bem. Ele escreveu olhinhos.) e falei que um dia ela entenderia a força de um xeque-mate. Espero do fundo do coração que minha querida neta saiba o que é sentir que algo é muito mais forte do que tudo que imaginamos até então’.

Quando encontrei o caderno, tinha 18 anos. De lá para cá, várias vezes achei que a vida estava me dando xeque-mate. Chorei muitas vezes, achei que queria morrer outras, quis sumir do mundo... Passou. Esqueci de quase tudo. E nada do meu xeque-mate aparecer. Estava ficando preocupada. Sem xeque-mate, nada de viver de verdade. Acabei esquecendo disso.

Um tempo depois, aconteceu. Me deram xeque-mate. E xeque-mate é xeque-mate. Dá para saber quando não há saída. E senti algo muito mais forte do que tudo que imaginei até então. Descanse em paz vô...
QUE EU VOU PARA A FESTA DA DECA!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

As Desvantagens do Furo

Quero falar sobre furar. Furar no sentido de dizer que vamos a algum lugar e não aparecemos. Tenho pavor disso. Nos dois sentidos: eu furar e furarem comigo. Mas acho que me incomodo mais quando eu furo. É como se eu perdesse créditos na hora de reclamar de quem fura. E odeio perder créditos. Na vida. Fico puta quando gasto qualquer tipo de crédito à toa. E hoje gastei. Hoje furei.

Furei sem motivo, sem um bom motivo. Furei porque estava sem saco. E o meu furo de hoje me deu mais certeza de como a minha tática de nunca dizer que vou antes da hora, é acertada. Saí dela, e me fudi. Com ‘u’.

O pior do furo nem é o furo em si. O pior do furo é a explicação. Tem coisa mais chata que explicação? Mas todo mundo adora e exige explicação. E explicações falsas. Quem dá sabe que mente, quem recebe sabe que estão mentindo, mas “melhor assim”. Não dá pra falar um “tava sem saco”. Se bem que para mim até dá. E eu até digo. Mas, quando consigo, prefiro evitar. Por que pior que dar explicação é agüentar gente magoada.

Sou péssima com gente magoada. Sou sem jeito, sabe? Manja pai separado que não passa muito tempo com o filho e enche ele de presente? Sou uma espécie de pai separado com gente magoada. Se pudesse pagar para voltar tudo ao normal, eu pagava. Mas não há dinheiro que pague um verdadeiro mestre em ficar magoado. Ô chatice...

Então, aí resolvi usar uma desculpa inventada. Sou boa em inventar. Não gosto de meter ninguém no meio, mas desta vez, botei a minha mãe.

Na outra direção, também estabeleci regras para não furarem comigo. E isso significa que faço bastante coisa sozinha. Furar comigo mesma pode e não precisa de explicação! Menina adora sair para comprar roupa em conjunto. Eu odeio. Pior que darem opinião no que eu estou comprando, é eu ter que dar opinião no que elas estão comprando. Volto àquela história da mágoa... Não gosto.

Dar carona (que, aliás, é um assunto que merecia mais destaque) também é algo da minha listinha de coisas que odeio fazer em grupo. E dar carona também envolve o tema “furar”. Imagina se comprometer a ir a algum lugar e ainda a levar alguém! Acabam suas chances de furo. Ou, pelo menos, diminuem bastante tendo em vista que será trabalho em dobro na explicação e na mágoa.

Na faculdade, um belo dia, uma amiga do meu grupinho de amigos novos (grupos novos são perigosos. Procuro não me apegar de imediato) perguntou onde eu morava. Respondi. Perguntou como eu ia todo dia para a PUC. Nesse momento, gelei, percebi o que viria, mas diante do pouco tempo que eu tinha para responder, sem parecer louca, falei: de ônibus.

Menti. Ia de carro. Mas não queria me comprometer a dar carona para ela todos os dias. Todos os dias! Eu ia ter que acordar sempre para ir, ou lembrar de ligar antes no dia anterior. E já falei que no dia anterior, não sei o que será no dia seguinte. Ia ter que conversar! Às 8h da manhã. Ia ter que ouvir opinião sobre meus CDs. Ela ia acabar levando os CDs dela e deixando no meu carro! Eu não ia poder brigar com ela. Ia ter que ser amiga dela até o fim da faculdade. E eu estava no 1º período! Ah!!!!!

Conclusão: passei oito períodos, quatro anos, estacionando no Shopping da Gávea, mais longe e mais caro, para não correr o risco de encontrar com alguém que me visse de carro. Menti para ela e a reboque para todos os outros. Um ou outro que foram se tornando mais íntimos, ou que eu quisesse dar uma carona eventual por motivos diversos, sabiam do meu segredo que, pasmem, ficou guardado da fulana até o fim.

Foi meu primeiro grande prejuízo bem-vindo do início da vida pré-adulta. Gastei bem mais que o triplo do que eu gastaria com estacionamento, mas diferente dos magoados que não aceitam dinheiro como pagamento. Eu pago feliz pela minha paz.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Garota TPM

Oh, já começo pedindo desculpas. Não estou muito boa hoje, mas como a idéia aqui é escrever todo dia, não tenho como fugir. Pensei em roubar de novo e escrever duas amanhã, mas minha cachorra (Lua, a cagona) ficou me olhando com uma cara de decepção... Aí, levantei da cama e vim escrever. São 12h20 já, mas vale, vai... pô, levantei e estou aqui.

Tá, e agora? Cadê o assunto? Pior que é ruim eu estar meio down hoje. É, ou melhor, foi o dia do aniversário de uma das minhas grandes amigas. E ela é a alegria em pessoa, já me tirou de várias fossas. É uma palhaça. Em homenagem a ela, minha querida Deca, eu devia estar super bem-humorada. Mas não funciona assim.

O que mais? Ah, outra coisa que não combina muito com meu baixo astral é o número do dia de hoje. Oito é um número com o qual eu sempre simpatizei muito. Tipo número da sorte, apesar deu não lembrar de nenhum episódio em que o 8 tenha me trazido algo. Está mais para data marcante. Fiquei menstruada num 8 de outubro; consegui começar a conquistar uma das minhas grandes paixões a partir de um 8 de novembro e não sei mais contar coisas exatas, mas lembro que nos dias 8, aconteciam coisas boas.

Hoje não. Não que tenha acontecido algo ruim, mas foram várias coisas chatinhas que juntas me deram uma derrubada. Uma discussão longa e boba, uma informação que estava enterrada, sensações ruinzinhas. Enfim, um dia de garota TPM. Até cólica fora de hora senti. Mas nada de piriri, pelo contrário, barriga até um pouco inchada. O que comprova a tese da minha psicóloga bruxa: tristeza dá gases e engorda, felicidade dá piriri e emagrece.

Boa noite.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Felicidade Científica

Empolgação é um bicho engraçado, né rapaz? (o “rapaz” é em homenagem a um amigo que cismou com a ‘gíria’ rapaz.). Mas então, passei meses, dois meses para ser mais exata, num ramerrame esquisito, meio paradona, não querendo nada com nada. Estou falando de trabalho. De repente, hoje, eu e minha querida amiga-sócia engatamos a primeira, passamos a segunda e fomos direto para a quinta. Sem marcha ré. Pelo contrário, escolhemos novos caminhos para cima e avante!

Tudo que parecia meio truncado, encruado, travado, parado, andou. Demos muitos passos à frente em direção a nossa futura empreitada que está mais presente do que nunca! Agora, chega que esse assunto é interessante só para mim, deve estar chaaaato. Um monte de clichês sem lé com crê, já que vocês não sabem do que se trata a minha empreitada. E nem vão saber por enquanto.

Mas voltando à palavra empolgação. É mesmo uma sensação (é uma sensação? Sei lá. Acho que é.) incrível, movedora de montanhas. Vou entrar em clichês de novo, mas sou da turma que concorda que quando se está muito feliz, você automaticamente fica mais magra.

Eu sei que dá raiva quando aquelas modelos e atrizes lindas dizem que não fazem nada para ter um corpo escultural, que é só estar de bem com a vida e blá blá blá. Nem 8, nem 80. É óbvio que ninguém fica sarado só com felicidade. Mas preste bem atenção: quando se acorda de bom humor, ou se está muito ansiosa com algo bom que acontecerá naquele dia, pode reparar no espelho. Você estará mais magra. Magra no feminino mesmo, porque essa teoria só funciona com mulheres. Homens não perdem tempo achando o máximo porque estão alguns gramas mais esbeltos. Falei Homens. O pessoal colorido é do nosso time que adora espelho. E esses ou essas, ou como quiserem, também emagrecem.

Tudo ficou mais claro quando achei explicações científicas com a minha psicóloga. Lembra dela? Aquela que fazia eu pagar para ficar angustiada por não ter problemas. Então, num desses dias em que eu não tinha sobre o que falar, me veio à cabeça a tal teoria da “felicidade que emagrece”. A sessão durava 40 minutos e foram 40 minutos tentando descobrir as pistas por trás da minha constatação. Até que pergunta daqui, responde dali, analisa acolá (não me lembro a última vez que escrevi acolá até este momento), ela vitoriosa disse que havia achado a explicação para o mistério.

Segundo minha psicóloga com status de bruxa, tudo estava ligado ao sistema nervoso. Quando se está muito feliz, ansioso ou empolgado com determinada questão, o sistema nervoso fica sobrecarregado e acaba causando efeitos colaterais em órgãos como o estômago e o intestino. Ou seja, é comum quando estamos muito felizes fazermos mais nº 2, com possível diarréia, ou até vomitarmos. E isso, sim, emagrece.

É isso. Entender que minha felicidade emagrecedora não passa de um bom e velho piriri, me custou R$ 70,00.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Primos dos Primos

Irmão não se escolhe, tem que se contentar com as porcarias que seus pais fizeram antes ou depois de você. Já amigo, é você quem faz as próprias merdas quando escolhe errado. Mas e primos? Ninguém fala muito sobre primos. Fica ali no meio entre um irmão e um amigo. É mais que amigo e menos que irmão, em termos sanguíneos. Não fica tão chato, se não tiver muito contato e há facilidades para passar mais tempo juntos, se ele ou ela forem legais.

Mas e os primos dos seus primos? Descobri essa categoria hoje e adorei! Primo do primo não tem laço sanguíneo nenhum, mas ao mesmo tempo tem uma referenciazinha, sabe? Não é o caso, mas se você quiser pegar o primo do seu primo, ok. Vai virar assunto de família, mas ninguém vai ficar horrorizado. Um primo do primo pode alegrar um natal tedioso, pode dar novos ares a um almoço sacal de família. Enfim, um primo do primo é um familiar distante que pode ou não ser amigo.

Minha irmã, a cagada dos meus pais que veio depois de mim, teve mais sorte que eu até aqui, na categoria. É que meu tio, marido da irmã da minha mãe, tem uma família imensa. Daí, minha prima e meu primo, filhos deles, têm um montão de primos do lado de lá. Só que são todos da idade deles. Hoje em dia, entre 15 e 20 anos. Por isso, minha irmã que é da idade da minha prima, embarcou na turminha e sempre foi rodeada de primos dos primos. Mas que eu saiba, nunca pegou ninguém. Já eu, passei grande parte da vida solitária nesse quesito.

Mas hoje, descobri um primo do primo que preste. Ele estava ali o tempo todo, mas nunca havíamos ensaiado uma aproximação. Tá, nem tão ali assim. Nos vimos pouco na vida, quase nunca para falar a verdade. Nossos primos em comum, filhos da irmã do meu pai e do irmão do pai dele, sempre foram meio nômades. Moravam no Rio quando éramos pequenos (eles, sim, tinham a minha idade, mas foram embora...), depois foram para São Paulo, depois para Maceió e agora se dividem entre o nordeste e Teresópolis.

Bom, o fato é que depois de uma vida quase sem primos e primos dos primos, atualmente há um movimento de reintegração familiar. Duas vezes por ano já estão garantidas. Um almoço de Natal na casa de um primo de 2º grau (um outro parentesco, que pode ser assunto de crônicas futuras) e um churrasco no início do ano na cobertura dos meus pais, organizado pela tal irmã do meu pai, que, incrivelmente por meio de ameaças, consegue juntar todos, inclusive, os primos dos primos. Esse churrasco foi hoje.

Conversa vai, conversa vem, descobrimos afinidades em comum e uma empatia bem-vinda tomou conta do ambiente. Decidimos então, tentar passar para o estágio de amigos. O que me deixou meio encasquetada. No ano passado, nada disso aconteceu. O que seria então? Conjuntura de fatores? Combinações astrais? Ou, o mais provável e temido por mim, eu estou ficando velha e mudando de faixa etária.

É isso mesmo. Acabei de completar 27 anos e cada vez mais me afasto “deles”. Eles são a minha já citada irmã e meus outros primos, todos entre 15 e 20 anos. Sim, aos 27, me aproximo mais dos que já entraram na casa dos 30, caso desse tal primo do primo.

Foi uma entrada tardia, tenho que assumir. Resisti enquanto pude. Casei aos 24, mas me recusei a sentar na mesa dos adultos. Fiz 25 e fingi que não tinha percebido. Fiz 26 e menti no orkut, dizendo que ainda tinha 25. A pista derradeira de que eu não ia mais conseguir agüentar o peso da idade veio em novembro passado quando a minha prima, de 19, comunicou à família que ia dar um churrasco de aniversário para os amigos e os adultos não estavam convidados. Olhou para mim e perguntou: “Nana, você faz parte dos adultos ou da gente?” Aquele “da gente” bateu fundo na alma. Forcei a barra e insisti. Disse que eu ia. Fui. Meu deslocamento só serviu para mostrar que aquele era meu último evento com eles.

E, olha aí, no evento seguinte, sentei na mesa dos outros. E aqui, assumo meus 27 anos e minha entrada na fase adulta. Mas atenção! Nem vem, um bebê, só daqui a dois anos...

sábado, 5 de janeiro de 2008

Viva as Manias!

Vi um filme agora em que um homem tinha mania de ir para perto da linha do trem e ficar lá observando os trens passarem. Aí, a mulher que estava com ele tentava analisar o por quê da tal mania.

Primeiro falava que podia simbolizar uma volta à infância, época em que ele sonhava em conhecer vários lugares diferentes, sair da cidadezinha onde morava. Ele disse que não era isso.

Ela seguiu dizendo que poderia ser que a força do trem, a energia gerada pelas caldeiras, a quantidade enorme de ferro se mexendo, a grandiosidade toda daquele trem... representaria a energia que ele tem ao tocar sua guitarra (ele era o melhor guitarrista da década de 30).

Ele olhou bem para ela e mandou: “parece que você quer foder com o trem”.

Por que nossas manias precisam ser analisadas e significar algo? Porque não podemos simplesmente gostar de uma coisa e pronto? Deixa o cara ficar vendo o trem passar. Sei lá, de repente ele gosta do barulho, do vento na cara. Mas não precisa saber exatamente porque gosta de fazer tal coisa.

Eu tenho uma mania há bastante tempo que é a de tirar cabelo de escova. Mas tenho que tirar todos! Não pode sobrar nenhunzinho. Começo e só saio quando a escova está limpinha. E não. Não me importo se logo em seguida alguém ou eu mesma penteio o cabelo. Encaro como um novo ciclo. Está começando de novo. O que importa para mim é terminar o que eu comecei.

Minha irmã já tentou algumas vezes me irritar assim. Mas não conseguiu e ela nunca entendeu porque eu não ficava louca da vida. Eu também não tenho a menor idéia. Logicamente, faria sentido eu me importar com alguém “sujando” de novo a escova assim que eu acabei de limpar. Mas não dou a mínima. Vai entender...

E também não sei porque tenho essa mania. Não sou daquelas pessoas que morrem de nojo de cabelo. Claro que um cabelo desconhecido, dá uma equinha, mas normalmente cabelo com identidade não me afeta muito.

O fato é que me acalma. Tirar cabelo de escova me acalma. É tipo um joguinho que vai ficando mais difícil, sabe? Vou mudando de fase. Não tem gente que só consegue largar o vídeo game quando chega na última fase? Fica lá dias e dias sem comer, sem tomar banho, vidrado na televisão. A minha “brincadeira” dura em média meia hora. (sim, já contei o tempo e fiz uma média). É mais saudável do que vídeo game. Se bem que vídeo game pode entrar na categoria de vício e não de mania.

Enfim, não há porque buscar explicações. Imagina a mulher do tal filme lá do início tentando explicar a minha mania:

- cada fio tirado representa um desafio vencido na sua vida e como você quer vencer, vai sempre até o final, em busca do triunfo.
- Não, não é isso não.
- Então, pode ser a busca do equilíbrio. É um teste inconsciente de paciência. Você mostrando a você mesma que pode ser mais tolerante e paciente na vida.
- Uau!

Psicólogos, terapeutas, psicanalistas (nunca entendi bem a diferença entre eles. Só sei que psiquiatra é o único que pode receitar remédio e o único coberto pelos planos de saúde.) deveriam também ser escritores de ficção. Esse povo tem uma imaginação incrível. Inventam relações, histórias. Mas eles têm uma fixação com a infância, não têm? Tudo é um trauma de infância, obscuro e apagado por nós. E só acharemos a cura quando lembrarmos e vencermos o tal trauma. Por isso que os tratamentos duram anos e às vezes uma vida. Tenta aí lembrar de quando tinha 2 anos de idade.

Eu tive uma psicóloga. Saí quando realmente estava ficando doida porque o dia da consulta era um martírio. Na maioria das vezes, eu não sabia o que ia dizer e ia dirigindo tensa até lá, nervosa. “O que eu vou falar hoje? Ai, meu Deus, não tenho nada para falar. Não tenho nenhum problema!”.

Chega. Quando eu estava tensa porque não tinha nenhum problema, achei que já tinha dado. Isso depois de ter inventado várias histórias, ou exagerado outras, ou até dizendo que me importei com coisas que na verdade não estava nem aí. E ainda pagava para isso!

Vou morrer tirando cabelo de escova. Não faz mal a ninguém e sei lá porque me faz um bem incrível. Viva as manias.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Bebê x Lua

O período continua meio morno. E eu estou meio sem assunto. O máximo que aconteceu comigo hoje foi uma ligeira disputa entre eu e meu respectivo sobre o que é mais difícil de cuidar: de um bebê ou da Lua. (Lua é a minha cachorra. Um Pastor Alemão gigante).

Ele defende o bebê. Eu defendo a Lua.

- A Lua faz cocô pela casa. E você precisa ficar limpando o tempo todo. Um bebê faz cocô na fralda.
- Mas faz mais vezes por dia. E eu não preciso limpar a bunda da Lua. É só catar com jornal e passar um paninho com água sanitária estrategicamente separado e pronto para isso. E além do mais, a Lua não late (minha cachorra simplesmente não late. Só quando vê outro bicho menor que ela na rua). Um bebê chora o tempo todo.
- Como você sabe? Cada bebê é um bebê. Tem uns mais calminhos. E a gente pode até ter um filho mudo.
- Credo! Isola. E, querido, olha bem para mim e vê se eu tenho cara de quem vai ter um desses mais calminhos...
- A Lua dorme no nosso quarto e acorda de madrugada para pedir para sair. O bebê pode ficar no quarto dele.
- E vai chorar de madrugada, várias vezes. E eu não vou só levantar e abrir a porta. Vou ter que levantar, ir até lá e dar “cala peito” no garoto. O peito é meu, não é seu.
- Como você sabe que vai ser um garoto? Vai ser um garoto? Jura? Oba!
- Eu sei lá se vai ser um garoto. Tanto faz, menino ou menina nessa idade berra e caga igual. Depois é que vocês desenvolvem uma habilidade para fazer bem mais merda do que nós mulheres.
- A Lua faz merda o tempo todo.
- Ai... vai voltar para o início? Já disse, é fácil de limpar e ela não fazia isso antes, ela está velha. Está com 11 anos, isso multiplicado por sete dá 77. Nossa! A Lua é uma senhora de 77 anos. Ai, amor... Será que a Lua está morrendo?
- Viu! Um bebê ia estar nascendo, ia faltar um tempão ainda para ele morrer.
- Como você sabe?
- É, a gente pode ter um filho morto.
- Credo! Isola. Cala a boca. Vou te dar um “cala peito”.
- Oba!
- É? Pois é, com a Lua eu posso te dar quantos “cala peitos” eu quiser, quando eu quiser. Com um bebê, babau.... Acabou o “cala peito” para você. Será exclusivo dele.
- Eca. Eu também não ia querer mamar no peito que meu filho está mamando.
- Como assim?
- É meio nojento.
- Você está dizendo que não vai mais querer nada comigo quando o seu filho nascer?
- Não. Só com os seus peitos.
- Ah é!? E a dita cuja? O seu filho vai ter saído dela?
- Urg! É verdade.
- É verdade, o quê?
- Não tinha pensado nisso. Então, só sobrou... hein? hein?
- De merda você não tem nojo, do seu filho você tem?
- Então, como eu estava dizendo, a Lua faz muita merda...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Daqui a Dois Anos

Vi no Fantástico no domingo um monte de gente grávida feliz da vida. Uma anônima lá qualquer que ficou feliz por, enfim, ter conseguido engravidar do 2º filho; a Maria Paula e sei lá mais quem. (o Fantástico foi domingo, ano passado...).

Voltei ao assunto engravidar com uma amiga que também está grávida. (Ah! Lembrei mais uma: a Fernanda Lima, de gêmeos! Como pode alguém hoje em dia ficar feliz por estar grávida de gêmeos??? Nem rica e magérrima como a Fernanda Lima...) Bom, minha tal amiga sabe do meu pavor de ser mamãe. Sempre digo que será daqui a dois anos. Isso há 5. Mas ela está tentando me convencer.

Primeiro mandou: “Ah, vai. Vamos ter neném juntas. Assim eles crescem amiguinhos”. Isso não me convenceu. Comecei a pensar no contrário: e se eles não forem amiguinhos, não forem nada um com a cara do outro? Olha que problema! Continuei pensando: e se o filho ou filha dela for muito mais bonito que o meu? (se for mais feio não tem problema). E se eu ficar bem mais gorda que ela? Quando cheguei aí, me convenci completamente que a idéia de engravidar junto com a minha amiga não é nada boa. Aliás, é péssima. Dizem que as mulheres são competitivas e é verdade.

Mas aí, quando ela já tinha desistido de me convencer e conversávamos naturalmente, eis que ela falou uma coisa que me deixou muito tentada a engravidar. Ela disse que descobriu o poder da frase “estou grávida”. “Estou grávida”, segundo ela, serve para substituir inúmeras coisas como: “por favor”, “não estou com saco de fazer isso”, “quero comer isso e pronto”, “não quero ir a tal lugar”, “pega qualquer coisa para mim”, “faz qualquer coisa para mim”...

São nove meses de total preguiça e favores grátis, até de desconhecidos, com o delicioso aval de uma justificativa. Ninguém, absolutamente ninguém (fora as pessoas na fila do banco), ficará com raiva de você e, melhor, fará tudo o que você quiser com um sorriso no rosto e uma viradinha meiga de cabeça para o lado.

- “Depois, ainda vem um bebê de brinde!”, ela disse.

Meu sorriso foi se desfazendo, ficou meio amarelo, meio congelado: “daqui a dois anos”.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Dia Morno

Dia 02 de janeiro é tecnicamente o 1º dia do ano. Dia 1º é café com leite.

Pois bem, então é hoje que se volta ao trabalho. Este é o meu primeiro ano em nove, que não estou trabalhando. Antes disso era uma estudante e não uma desempregada. Mas atenção! Sou uma desempregada por opção. Isso é importante. Apesar da palavra ter um tom meio negativo, nem sempre significa que a pessoa foi chutada do emprego. No meu caso, fui eu que decidi sair. Pelo tempo que estou me dedicando a explicar minha situação empregatícia, já deu para perceber o quanto me preocupa a alcunha de desempregada, não?

Mas vamos lá! (Isso aí sou eu me incentivando para o meu grande ano, a minha grande virada). O motivo deu ter escolhido ser uma desempregada é que pretendo me tornar uma empresária. E o motivo pelo qual me dedico tanto a me convencer de que não sou uma desempregada com tom negativo é que estou preocupada com o tempo passando e a minha função de empresária ainda não ter sido colocada em prática.

Deixei meu emprego no fim de outubro. Há dois meses. O que eu fiz nesses dois meses? Tirando uma materinha ou outra (sou jornalista) que escrevi para a revista do meu ex-chefe (ou seja, nem me dei ao trabalho de procurar coisas novas), não fiz nada. Nada! As pessoas e eu, principalmente, digo: “precisava de férias, um período para descansar”. Depois, quando encontravam comigo de novo: “E aí? Começou?”. Eu: “essa época de fim de ano não acontece nada, muitas confraternizações, amigo-ocultos, Natal, Ano Novo. Ninguém faz nada...” INCLUSIVE EU.

Pois é, agora acabou a brincadeira. Hoje é dia 02 de janeiro e - fora o Carnaval que este ano é mais cedo - não tem mais nenhuma desculpa para eu não dar início ao que prometi ser a minha grande aposta. Todos para quem contei e expliquei cheia de entusiasmo adoraram a idéia, acham que tem muitas chances de dar certo. O que eu estou esperando? Não faço a menor idéia.

Acho que no fundo, nem tão fundo assim, aliás, acho que bem no raso mesmo, estou é morrendo de medo de não dar certo. Mas vai dar. Conto depois.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Almoço de Dia 1º

Se você leu meu prefácio que chama nota da autora (não gosto da palavra ‘prefácio’, parece prepúcio), sabe que hoje não é dia 1º nada. Escrevo dia 02, mais especificamente às 15h24.

Voltando ao assunto, que não sei ainda muito bem qual é, hoje é dia 02. Um dia meio morto. Só não tem mais cara de ‘meio morto’ porque continua um calorão. Não sei se isso é uma coisa minha, mas não consigo achar um dia de sol forte ‘meio morto’. Aliás, li isso numa coluna, não faz muito tempo. Acho que da Marta Medeiros. Ela falava sobre o efeito do tempo no nosso humor. E tenho que concordar. É muito mais fácil ficar melancólico num dia cinza, do que num dia de sol. Não que não dê para ficar de mau-humor num dia de sol. Um calor dos infernos é capaz de deixar o mais feliz dos seres humanos de mau-humor, considerando que dia 02, as pessoas costumam já ter voltado ao trabalho. Mas mau-humor não é melancolia.

Pois é, o sol brilha lá fora, o que faz desse dia 02, juntando o ‘meio morto’ com o sol, uma espécie de dia morno. As pessoas voltam ao trabalho, mas não voltam tanto assim..., quem está em casa ou de férias acorda tarde, mas não tanto quanto ontem, as coisas na rua funcionam, mas as caras ainda não voltaram ao normal...

Falemos sobre o dia 1º. Eu, como algumas centenas de cariocas, tive um almoço de dia 1º em família. Sabia que também li há pouco que carioca é que tem mania de reunir a família no Natal e no dia 1º? É, paulista sai para comer fora. Esse negócio de ter a maior trabalheira cozinhando pra cambada toda é coisa de carioca, duro. Paulista gasta e não deixa a mãe com a barriga no fogão. Eu, enquanto carioca e dura, fui para um almoço de dia 1º na casa da minha mãe. Se bem que lá, quem põe a mão na massa é a minha avó. Minha mãe deve achar que é paulista...

Estou com 27 anos e não me lembro de uma vez sequer em que esses almoços de família não tenham dado confusão. A discussão começa com o horário. Uns querem mais cedo, outros mais tarde, e acaba que a comida sai impreterivelmente às 15h30, o que estraga qualquer plano de quem pretendia fazer algo antes ou depois.

Aí, começa uma bagunça para resolver a questão dos lugares. A família cresceu bastante nesses 27 anos, mas a mesa continua a mesma. E acho que todo mundo sabe que as crianças de hoje não são como antigamente, eles se acham grandes e inteligentes o bastante para sentarem-se num lugar digno de adulto. E como os pais de hoje também não são como antigamente, eles não são nem loucos de tentar enfrentar as pequenas feras. Fica todo mundo apertadinho mesmo.

Seguem reclamações quanto à comida “eu gosto sem molho, porque o molho não veio separado?”; “só como o peito. Tem pouco peito.”; “não era camarão, quem decidiu fazer bacalhau?”... A sorte é que a minha avó, a cozinheira, é sempre a última a vir para a sala e se sentar, aí não escuta a parte das reclamações, essa hora o povo todo já está comendo seja camarão ou bacalhau. Sabe aquele escritor, não me lembro agora quem foi, que disse que família só é bom em álbum de retrato? Mentira dele.

E o brinde? Vai de boca cheia mesmo: “Feliz Ano Novo!”.

Nota da autora

A idéia para esse projeto (acho que essa coisa de ‘projeto’ já está meio démodé). Enfim, uma idéia surgiu no finzinho de 2007. Estava no sofá, no ar-condicionado (porque fim de dezembro no Rio de Janeiro é um inferno), quando pensei: “que tal escrever uma crônica por dia em 2008? Aí, eu poderia chamar de 365!”.

A colaboração simpática do meu marido: “366. 2008 é bissexto”.

Achei incrível 2008 ser bissexto. “Olha, é um sinal!”. Coisa de mulher que adora ver sinais por aí e concluir que tudo tem a ver com tudo, mesmo que nada tenha a ver com nada.

Nascia 366, um apanhado de crônicas sobre qualquer assunto que me chamasse atenção em cada dia do ano, começando em 1º de janeiro e terminando em 31 de dezembro. A idéia parecia ótima: data para começar e, o principal, data de validade para terminar. Assim, não poderia haver desculpas para adiar o aguardado ponto final.

Estabeleci algumas regras: escrever religiosamente todos os dias; não valia não ter assunto, caso isso ocorresse, escrever nem que fosse sobre a falta de assunto ou deixar uma página em branco! olha, que original e esteticamente impactante!; quando houvesse mais de um assunto interessante, escrever sobre todos e dar para alguém escolher; não fazer textos enooooormes; e não desistir no início, nem no meio, e, principalmente, nem no fim do caminho.
Pois é... Comecei quebrando minha 1ª regra. Não escrevi nada no dia 1º de janeiro. Bom, além de nunca ter sido muito religiosa, quem é que faz alguma coisa no dia 1º de janeiro? Decidi que 1º de janeiro era café com leite e comecei roubando de mim mesma e escrevendo duas crônicas hoje, dia 02. Ah! E sem ar-condicionado, apesar da temperatura continuar infernal. É que ainda não tem ar no quartinho onde habita meu computador. Chamei o técnico ontem para instalar, mas ele disse: “quem é que faz alguma coisa no dia 1º de janeiro?”.

ORELHA VIRTUAL

Entrego aqui histórias da minha vida.
Entrego é a palavra porque eu, literalmente, me entrego.
Aliás, peço desculpas às pessoas citadas.
Sim, são todas verdadeiras e, nem sempre, eu tive o cuidado de mudar os nomes.
Mas, por favor, não me processem.
Escrevi de coração.
Encarem como homenagem, mesmo que não pareça assim.
Deixem para me processar quando eu ficar rica e jogar na cara do meu marido!
(que acha que eu brinco de contar historinhas...).

Um pouquinho diferente das pessoas...
Fatos, eventos e acontecimentos têm sim um grande fundo de verdade, mas tenho que admitir que muitas vezes dei uma incrementada no negócio.
O que aumenta, consideravelmente, as minhas chances de processo. (e progresso!)

Então, é assim mesmo, dando a minha cara à tapa que entro no mundo das crônicas.
Espero que, no mínimo, alguém se divirta. Já vai ter valido à pena.