quarta-feira, 30 de abril de 2008

Mix

Vou falar de coisas meio soltas. Hoje teremos pequenas pílulas sobre variados assuntos.

Assunto nº 1: Futebol
Estava numa espécie de trégua com o tema. Não queria relembrar feridas recentes deixadas pelo Fluminense em meu coração e, para isso, abdiquei do assunto de um modo geral. Mas aí, eis que o tricolor Chico Buarque me aparece no meio da galera flamenguista no 1º jogo da final do campeonato Carioca. Aí, não deu para segurar. Até tu, Chico? PQP! E logo no Flamengo!? Imperdoável. Vergonhoso. E ainda foi tema da reportagem de capa do Caderno de Esportes do Globo, no dia seguinte, óbvio. Foi acompanhar o neto Francisco. Como é que você permite que o seu neto seja flamenguista???? Alôôôuuu! Você é o Chico Buarque! Também, quem mandou deixar a filha casar com o Carlinhos Brown? Dá nisso...

Bom, Flu joga hoje, após um período de férias forçadas, pela Libertadores. Não verei. Vou viajar de novo daqui a pouquinho. Que a força esteja conosco. Com eles.

Assunto nº 2: Nelson Rodrigues
Nelson Rodrigues até caberia dentro do assunto futebol, já que também era um companheiro fanático pelo meu Fluminense. Mas quis dar destaque ao homem. Na verdade, só quero citar e deixar registrada aqui uma frase dele que li na Revista da TV (?) e ainda não conhecia:

“Sem alma, não se chupa nem Chicabon”.

Assino em baixo.

Assunto nº 3: ainda o Pilates
Estou fazendo várias descobertas com esse método fresco chamado Pilates. Uma delas é que é incrível o número de músculos que pode (e deve!) se usar para uma simples respiração. Acha que Step precisa de coordenação motora? Você ainda não fez uma aula de respiração. Há que se tomar muito cuidado, inclusive, para não se embananar todo e fixar tanto nas contrações e posições certas e acabar esquecendo de... Respirar! Contrai daqui, contrai dali, você trava tudo sem perceber. Enfim, cansa. Saí exausta. E isso porque não cheguei nem perto do ideal. Vocês precisam ver o barulho que os caras conseguem fazer apenas respirando. Fiquei boba só de olhar. Um autocontrole invejável. Que eu só não sei muito pra que serve. Respirar serve pra você ficar vivo e eu estou vivinha que nem eles. Enfim...

Agora a parte que interessa: meninas, vocês precisam conhecer o meu instrutor de Pilates! Sensacional. Vou ter que comprar muitas saínhas de malha, calças molengas e tops novos para ir às próximas aulas de quarta-feira. (cada dia é um professor diferente. É uma espécie de suruba zen.) Impossível ir mulamba fazer aula com aquele fofo. O que, sério, me deixou feliz. Vou ter que manter a forma! Ou vocês acham que vou deixá-lo me ver de roupa toda grudada e gorda? Nunca! Vai que ele vai lá fazer a massagem do final e encontra um monte de banha?! Não. Não. Vou me manter sequinha para meu mestre.

E, agora, a parte engraçada. É a última, juro. Tô acabando. ELE também fará Pilates. Em horários diferentes, que eu já expliquei que temos ritmos, vidas, relógios biológicos e cabeças distintas. Bom, mas eu fiquei responsável por inscrevê-lo e escolher os melhores horários de acordo com a rotina do rapaz. Aí, me veio uma dorsinha na consciência por fazer aula com um professor tão bonito. Bom, sabe o que eu fiz? Pedi para conhecer todas as instrutoras. E, depois, fazendo uma combinação de horários disponíveis e a beleza das moças, fiz a grade dele selecionando as mais belas. Louca, eu? Um pouquinho...

Beijo, tchau! Tô indo para Tiradentes.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Vai dar Merda...

Sabe quando você faz uma coisa que dá para saber que vai dar merda? Mas mesmo assim, acaba fazendo porque o negócio não sai da sua cabeça. Bom, eu fui contaminada por essa nova campanha universal de ‘salve o planeta’ e similares.

Toda hora eu era bombardeada por propaganda, folhetos, televisão. Todos dizendo que precisamos fazer algo responsável para que o mundo de nossos filhos não seja tão ruim. Nossos netos, pelo decorrer da carruagem, nem terão direito a um mundo. (pensando bem, não sei até que ponto isso é ruim... desculpa. Pensei alto só.)

Bom, economizar energia, água, não jogar lixo no chão... Essas coisas, já faço. Por educação e por conscientização antiga. Pra mim, a campanha do uso do cinto de segurança e da economia de energia pós-apagão foram as ações mais bem-sucedidas do Brasil. Impressionante. O que prova que somos capazes.

Provavelmente, economizar água e petróleo não vai beneficiar a nós, mas sim aos Estados Unidos. Se bem que, China e Índia estão aí para acabar com eles. Vamos torcer.

Mas ainda assim, vale à pena.

E eu resolvi agir. Meu erro: resolvi conscientizar a comunidade e não só a mim.

Moro numa vila. Numa vila em Laranjeiras. Na verdade, quase Flamengo. Odeio o Flamengo. O time, o bairro, seus torcedores e seus moradores.

Aí, mesmo sabendo que ia dar merda, encasquetei de convencer os moradores flamenguistas da minha vila de separarmos o lixo.

Fui falar com a síndica. Ela é nova, acabou de assumir. Achei que eu iria ajudá-la sugerindo uma ação populista, que faria bem à imagem dela. Se ela quisesse, poderia assumir a idéia, cuidar de toda a execução e levar os créditos. Eu não me importaria.

Ela não quis. Continuei tentando. Todos os dias, me sentindo a própria crente de elevador que aproveita qualquer oportunidade para encher os infiéis. Preguei com a síndica por dias e mais dias até ver que eu teria que mudar de proposta e oferecer benefícios.

Cheguei lá dizendo que eu (meu marido, claro, que não tinha sido avisado) conseguiria os latões coloridos; faria uma circular (folheto chato de ‘salve o planeta’) e entregaria aos moradores. Se preciso, conversaria com cada um deles; entraria em contato com o depósito de papel e o de plástico que há na nossa rua para arranjar um esquema de recolhimento; e acharia um catador para vir buscar a parte de alumínio. E, por fim, ficaria responsável pelo projeto.

Para o meu total desespero, desta vez, ela aceitou. E, para a minha surpresa (tolinha, eu...), todos já sabiam da causa. Só estavam esperando eu realmente assumir meu posto. É isso. Eu, que nunca fui nem represente de turma, muito menos do grêmio do colégio; passei longe de ser síndica; e sei muito pouco sobre política em geral, uso a tática do: papai votou, voto também, agora cuido do lixo da minha vila.

Vai dar merda...

Pilates

Não contei! Esqueci. Então... Achei um lugar simpático para fazer uma aula experimental de Pilates. Não é tão perto assim da minha casa, mas dá para ir a pé. E, se eu for de carro, há vagas de sobra. É silencioso. Gostei da decoração, da secretária, da dona e, o mais importante, da professora, instrutora, sei lá que título esse povo se dá.

Bom, fiz o reconhecimento de campo, bati um papo com a moça e marquei para o dia seguinte. Cheguei lá feliz e devidamente vestida. Toda bonitinha combinando, com um leve vestidinho branco por cima, para poder andar na rua, e havaianas! Essa é uma das melhores partes do Pilates. Não precisa ir de tênis. É descalça. E o caminho, de havaianas!

A aula foi boa. Ótima. Puxa daqui. Puxa dali. Alonguei tudo e é necessário muita força.

Vantagens: não é um ambiente de academia. As pessoas não te olham. Não há aqueles professores enlouquecidos, gritando e ‘motivando’ todo mundo. Fiz aula ouvindo tango. E no fim, tem massagem nas costas! E até na cabeça. Tipo shiatsu.

Desvantagens: Não é nada além de uma espécie de musculação disfarçada, misturada com uma aula comum de alongamento. Só que usam uns termos esquisitos para chamar os exercícios e os aparelhos são feitos de mola, o que faz parecer que você está se exercitando em cima de uma máquina de Pinball. Agora a desvantagem maior: toda essa firula aí abre o precedente para tornar a coisa muito, mas muito mesmo, mais cara. E tem um monte de trouxa pagando. Inclusive eu. Ou melhor, ELE.

Mas o mais engraçado foi depois. Acordei no dia seguinte sem quase conseguir me mexer. Fui tirar uma onda de que já tinha feito ballet, jazz, sapateado, yoga... Deixei a mulher, literalmente, subir em cima de mim para forçar ao máximo a minha abertura...

Me fudi! Doía tudo. No outro dia, foi pior. Quase não levantei da cama. Uma inválida. Andando torta e devagar. Mas já era o dia da outra aula. Fui lá.

- E aí, gostou?
- Muito.
- Tem alguma coisa doendo?
- Tem.
- O quê?

(Hum... Deixa eu pensar como eu vou responder.)

- Até o duodeno.
- Quer tentar de novo? A gente vai com calma.

(Nesse momento, não consegui me conter e escapou uma risadinha. Parecia que eu estava dando o cu pela primeira vez. Vamos tentar de novo?)

- Vamos.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Pensando na Morte da Bezerra...

Falta do que fazer é um negócio perigoso. Devia ser proibido pelo ministério da sanidade mental. Aliás, devia mesmo existir um ministério desses...

Vou tentar descrever o que foi eu numa cama, sozinha, tentando dormir às 21h30 da noite porque não havia mais nada, absolutamente nada para fazer. Até pensar já tinha enchido o saco.

Ainda estava em Ibicuí. E, ok o lugar é cheio de lembranças gostosas e tal, mas a verdade é que é realmente um tédio à noite.

Cheguei até a contar carneirinho para tentar pegar no sono forçado. Juro que não me lembrava a última vez em que eu tinha feito isso. Mas não adiantou. Tive que tentar coisas mais pesadas. Peguei emprestado o radinho (não chama mais radinho hoje em dia. Chama I-pod, ela disse.) da minha prima. E, após uns bons minutos aprendendo a mexer no negócio (o que a necessidade não faz...), consegui ouvir funk e outras coisas piores que não consegui identificar. Serviu para distrair, mas para dormir não.

Voltei a usar a cabeça. A pensar. E, lógico, vieram besteiras. Comecei, sei lá porque, imaginando as pessoas da minha família com cortes de cabelos diferentes e bizarros (ainda estou com a neura do assunto ‘cabelo’ no inconsciente). Passei para o mundo na época dos dinossauros (?). Depois fui para o futuro. Mas meu futuro não era nada original e sim, uma cópia escrachada do filme “De Volta para o Futuro algum número”.

Mas aí, apelei. E comecei a pensar no meu enterro. Em quem iria ao meu enterro. Acho que bastante gente já fez isso. E não foi a minha primeira vez, assumo. É um pouco mórbido, mas divertido e aconchegante. Sim, porque na minha cabeça, as pessoas estavam péssimas. Meu pai destruído e revoltado. A vida dele acabou ali. Minha mãe inconformada e cheia daqueles livros tipo “Violetas na Janela”, tentando mentalizar que eu estava bem, num mundo melhor todo azul bebê e com pessoas correndo, vestidas de branco e sorrindo. Tatiana em pânico. O que seria dela? Quem tomaria conta dela no futuro? Ninguém tinha tido coragem de contar a vovó, por isso ela não estava lá. Amigos. Muitos amigos. Mais amigos que amigas. Mais homens do que mulheres. Todos arrasados. Que desperdício...

Bom, quando surgiu um sorrisinho de canto de boca enquanto imaginava meu próprio enterro, achei que era hora de parar. E terminei a noite, olha só!, trocando torpedos picantes com meu próprio marido. Que estava longe. Incrível! e maravilhoso.

domingo, 27 de abril de 2008

Ibicuí

Vou ter que entregar aqui um ‘segredo’. O dia e a hora de postagem que aparecem lá embaixo são colocados à mão, sabe? Se eu fosse honesta, eu só escreveria mesmo hoje, segunda-feira. Mas, como quero que os dias fiquem certinhos aqui no blog, vou postar esse como se fosse sábado, dia 26. E mais um, hoje também, com a data de domingo, 27. E aí, só segunda 28 é que eu não estarei mais roubando. É isso mesmo: desconfie de mim. Sempre. Conselho de amiga...

Bom, aqui em sábado 26, só quero deixar estampada a árvore que eu plantei. Sim, já plantei uma árvore! Estou devidamente iniciada no ciclo a ser completado pela vida. (o livro, a árvore, o filho... Esse assunto já apareceu por aqui.)

Com vocês, a seringueira que eu plantei, devidamente forçada por papai (que achou que eu ia achar o máximo, mas não foi bem assim....), aos 5 anos de idade!




Ela está enorme! Fica no quintal da casa de Ibicuí. Casa esta construída pelo meu falecido e saudoso vovô e mantida, custe o que custar, pela minha querida vovó. Não interessa se vamos cada vez menos para lá, se o lugar foi invadido por ônibus e vans vindos sabe-se lá Deus de onde e que todos achem sensato vender. Vovó não acha.

E quer saber? Depois de um fim-de-semana lá, (após uns três, quatro anos de idas muito esporádicas como essa aliás), eu concordo com ela. Minha infância está lá. Minhas panelinhas estão lá. É o cenário, a paisagem dos meus álbuns de bebê. É a praia onde eu mergulhei no mar pela primeira vez! Tem cheiro de terra molhada e de uma saudade danada de boa. Vende não, vovó. Tô contigo.

sábado, 26 de abril de 2008

Realidade, Verdade e outras dades...

Primeiro uma confissão de algo que tem me deixado preocupada: a questão do signo de jornal e sua influência sobre a minha pessoa. Juro. Ontem estava indo me vestir para sair, quando decidi dar uma olhada no jornal que eu ainda não tinha lido. E cheguei nele, o horóscopo:

Você tem estado animado, com senso de humor e querendo se divertir. Muito bom. Só que hoje um aspecto da Lua pode exagerar essa tendência. Então, atenção: se você sair muito, mas muito, da linha, amanhã vai ser duro de agüentar a culpa e a ressaca.

Que espécie de jornalista é esse que escreve essas coisas? E tudo ali era eu. Eu querendo me divertir não é novidade pra ninguém. O autor engraçadinho ainda faz comentários - muito bom – Aí, o cara me fala em Lua. Lembrem-se que fui comparada a um eclipse da Lua numa discussão cheia de duplos sentidos. E que até foi engraçada de escrever, mas não de suportar depois. Exagerar: esse é quase meu outro nome. E aí, vem um ‘atenção’ com um aviso contra algo muito, mas muito (como disse ele), possível deu fazer: sair da linha. E termina com culpa e ressaca. PQP! Estragou a minha noite esse infeliz. Me meti debaixo da coberta e fui ler Rubem Fonseca. (ler sobre a perdeção de linha alheia.)

E é aí que entro no papo das ‘dades’. Por causa de uma frase que li e gostei: ‘O que importa não é a realidade, é a verdade. E a verdade é aquilo em que se acredita’.

Não é? Um montão de gente por aí não vive a vida que gostaria ou que acha que gostaria (um engano muito comum) e passa os dias pensando que vive uma mentira. Não. Não nos culpemos tanto. Vivemos a realidade. Mas daí a ser uma mentira é um certo exagero de nossa parte.

Qual o problema de viver a vida que dá? A vida que aconteceu. Nenhum. Se é infeliz? Talvez. Mas nem sempre. O problema é ficar se martirizando achando que podia ser muito mais feliz de outro jeito. Talvez, também. Mas, de novo, nem sempre...

E por que é um absurdo achar que dá para viver a realidade e uma outra coisa qualquer no paralelo, no mercado negro, informal? Pera lá. Nenhum também, oras. Não matou, não roubou e não fez mal pra caralho a ninguém? Liberte-se. Viva também lá no seu mundo onde não se paga impostos, a renda é maior, os sonho possíveis, a aventura mais intensa e a felicidade se mostra bem mais tangível.

A verdade é aquilo em que se acredita. E isso, nenhuma realidade, por mais dura que seja, é capaz de matar.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quero meus Cabelos de Volta!

Antes de qualquer coisa, um belo Parabéns a Dona Ignez! É hoje o dia certo do aniversário da vovó.

Agora, vamos lá: não sou careca. Não tive câncer e nem estou com nenhum problema de queda de cabelos. Mas estou numa puta crise com o espelho. Quero meus longos fios de volta.

No fim do ano passado, cortei o cabelo. Bastante. Aquela coisa esquisita de mulher que inventa que precisa dar uma mudada. Radical. Não, não precisa. Tanto que uns 70% dessas mudanças radicais são motivo de arrependimentos futuros. É o meu caso.

Quando cortei, diante do que o secador potente da cabeleireira fez com minhas madeixas, achei incrível. E, é verdade, o corte até que se sustentou um tempinho. Curti meu novo visual ‘cabelos curtos’. (Estou exagerando. Eles ficaram um pouquinho acima dos ombros só. Mas para quem tinha o cabelo até o meio das costas é muito, vai...).

Mas aí, o tempo foi passando. Já tinha chocado quem eu tinha que chocar. Já tinha convencido a todos de que eu era uma nova mulher, entrando numa nova fase e tal. E agora? Agora, sou eu, a Adriana de sempre mesmo, só que sem meus cabelos compridões!

Não, não quero ir na onda do corte Katie Holmes ou da Victoria Beckham. Primeiro, porque eu não tenho a grana delas para ficar fazendo hidratações e super penteados. E segundo, porque eu sou Adriana Maia! Katie Holmes é o cacete! A doida casou com o Tom Cruise. (Uma espécie de futuro Michael Jackson.) Como pode ser modelo de alguma coisa? A tal da Victoria é outra iludida. Além de ser esquelética e ter todos os distúrbios alimentares possíveis, ela mora com um metrossexual. A hã. Essa coca é fanta, hein... Pelo que já me disseram, homem não gosta de mulher palito. E quem gosta de homem bonito é viado. Mulher gosta de dinheiro.

Voltando aos meus cabelos, o ponto é que tomar a decisão de cortar é fácil. Crescer é bem mais difícil. E não consigo confiar 100% nessa história de que cortando as pontas cresce mais rápido. Preciso ver para crer. E é impossível ver os cabelos crescendo. O ato em si. E aí, não dá pra saber se eles cresceram mais porque você cortou ou porque cresceram anyway.

Estou me sentindo o próprio Samsão. Perdi as minhas forças. Se eu tivesse ouvido meu pai... Papai foi contra desde o início. Desde sempre. Ele não gosta de cabelo curto. Diz que mulher tem cabelo comprido e homem tem cabelo curto. Simples assim. Entrarei num retiro capilar até encontrar meus cabelos de novo. Estou viajando hoje.

E só para terminar, uma outra coisinha: ainda o horóscopo. Mas decidi que, a partir de agora, sempre que eu achar interessante, engraçado ou algo do gênero, vou citá-lo, ok? É o caso:

A falta de acontecimentos importantes poderá lhe trazer um certo desinteresse, misturado com má vontade. Se deixar o barco correr vai acabar complicando situações simples, e finalmente vai ter o que contar em casa, à noite. Às vezes, isso é melhor do que o tédio, mesmo.

Perceberam que o moço aí está me estimulando a procurar sarna para me coçar? E me convenceu totalmente a fazer isso ao citar a palavra ‘tédio’ e terminar com esse ‘mesmo’. Até, queridos. E boa viagem para mim!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Rubem Fonseca

Vou fazer uma tremenda besteira que eu não deveria fazer. Mas vou. Geralmente, não falo muito do que eu não conheço bem. Vide a falta de temas mais profundos, políticos e econômicos nesse meu humilde projeto de qualquer coisa aqui. Mas estou com uma vontade louca de falar sobre Rubem Fonseca, desde ontem. Não li tudo de Rubem Fonseca. Quase nada, aliás. Não li coisas sobre Rubem Fonseca, nem entrevistas, nem sei muito sobre sua biografia. Ou seja, vou falar sem conhecimento de causa. Então, Rubem (que ainda está vivo), me perdoe se eu escrever um monte de besteiras.

Mas é que o moço (desculpe a falta de respeito) me tocou. Anda me tocando. (Talvez, com duplo sentido). Fui ler “Feliz Ano Novo”, um livro de contos lá do início da carreira de escritor dele, da década de 70. Época da ditadura no Brasil, repressão, censura... Enfim, um livro que, de certa forma, tinha o intuito de chocar. Mas, em pleno 2008, esse choque não me abalou muito e, pelo contrário, no início da leitura estava me soando gratuito. Incomodou. Tipo a bunda do Jorge Fernando, quando fui ver a peça de teatro com a portuguesada. (Acho que eu não tinha dito que era o Jorge Fernando. Bom, agora está dito). Mas continuei. Filme, até consigo largar no meio e sair do cinema, mas livro, nunca consegui.

E fui me envolvendo na putaria, pornografia, palavrões, no submundo descrito e narrado por Rubem Fonseca. E fui gostando. Me acostumando. Me despindo de pudores entranhados em qualquer um de nós. Até em mim, pra ver como essa coisa de sociedade é poderosa. E passei a me sentir em casa. Sem estranheza. Sem cara de nojinho. Sem repreensão.

Talvez haja coisas ali que eu não entenda na plenitude por viver em outra época e não ter passado por aquele período brabo. Mas mesmo essas que não entendi muito bem, deixaram uma marquinha qualquer de verdade nua e crua.

Ainda bem que Rubem Fonseca não desfila muito por aí. É avesso a badalações. O que me faz não lembrar do rosto dele e, nem de brincadeira, pensei em ir procurar fotografias no Google. Quero ficar sem saber como está Rubem Fonseca fisicamente. Até porque, pela idade, ele já é um Senhor, com tudo o que isso significa. Prefiro ficar com a mente de Rubem Fonseca. Essa sim, extremamente sedutora. Imagem por imagem, fico com o Marcos Palmeira em “Mandrake”.

O ser humano ainda é afetado por tudo aquilo que o relembra inequivocamente de sua natureza animal. O homem é o único animal cuja a nudez ofende os que estão em sua companhia e o único que em seus atos naturais se esconde dos seus semelhantes.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Vovó

Era para eu escrever sobre a vovó só no dia 25, aniversário dela. Mas estou com ela na cabeça e achei que valia aproveitar. Esse negócio de ser ‘certinha’ é coisa de vovó...

A minha sempre deixou eu fazer o que eu quisesse. Tá, toda vó deixa. Mas não estou falando só de comer sobremesa antes do almoço, mexer em gavetas, ficar na banheira até bem depois dos dedinhos enrugarem, usar toda a maquiagem e perfumes dela, tirar todos os brinquedos do armário ao mesmo tempo, andar descalça no chão frio... Estou falando de coisas mais libertadoras.

Mais ainda. Como me levar no programa da Xuxa, mesmo eu estando com 38 de febre! E esconder isso de todo mundo. Até da minha mãe.

Há tempos que mamãe estava tentando me encaixar lá nos baixinhos participantes. Havia uma espécie de fila mirim disputadíssima. E não tínhamos pistolão. Foi na base da insistência no telefone mesmo. Aí, conseguiu. Todos nós ficamos eufóricos. Eu iria no programa nº 100. Com direito a bolo no palco e tudo. Faltava só uma semana!

Bom, no dia, muito provavelmente pela minha excitação infantil, acordei pelando na casa da vovó. E tome de Novalgina e nada da febre baixar. Minha mãe me buscaria lá para me levar. Não sei como, vovó conseguiu convencer mamãe de que ela é que iria me levar. Tirou minha mãe da jogada, mandou eu fazer cara de feliz, me colocou uma blusa de manga comprida, duas xuquinhas e fomos.

Não lembro de tudo, mas há um vídeo, uma VHS (céus, estou velha...), que me ajuda a lembrar daquele dia tão importante da minha infância.

Tinha uns seis anos. Mas já era bem espertinha e, mesmo doente, consegui com a ajuda de meus cotovelos um lugar lá na frente. Tive que fazer força com o corpo para trás até o fim para me manter no gargarejo, mas fui forte. Apareço na fita o tempo inteiro. A fita é uma singela gravação, pelo videocassete, do programa real que passou na TV.

Brinquei até de dança da laranja. E roubei. Tava caindo e eu dei aquela empurradinha, sabe? Não ganhei, mas também não fiz feio. Brinquei no mini-parquinho de diversões nos intervalos (sim, tinham intervalos. E a Xuxa desaparecia). E, por último, fui lá cantar os parabéns para o programa nº 100. E, sim, tive aquele momento de ganhar uma revistinha e trocar palavras com a rainha:

- Quer mandar um beijo pra quem?
- Pra minha mãe, pro meu pai e... Pra vovó!

Beijo vó. Parabéns adiantado!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Exercícios

Exercícios físicos. Aqueles que dizem sem descanso como fazem bem à saúde. Ok. Faço. Todos os dias úteis da semana. Mas confesso que não é porque fazem bem à saúde. Isso é uma espécie de bônus que vem junto com o fato deles evitarem que eu fique acima do peso.

Pois é. Me cobro. Não fazer exercícios, ficar um período sem eles, me deixa culpada, triste, decepcionada comigo mesma. ‘Sua fraca!’

Mas a questão é que não gosto. Quer dizer, no início gosto. É uma novidade. E gosto sempre de como me sinto depois, a tal da endorfina comprovada cientificamente. Só que, como quase tudo na minha vida, enjôo. E aí, a coisa toda se torna um martírio. Tenho sempre que ficar de tempos em tempos trocando de atividade física. Aja criatividade, concordam comigo? Até sexo dá uma enjoada. Não do sexo, mas da pessoa. E aí, o problema é muito pior porque não dá pra trocar de pessoa. O jeito é ficar trocando de posição. De novo, aja criatividade.

Bom, também tem o local. Costumo preferir exercícios ao ar livre. E aí, depende muito de onde eu estou morando, porque também precisa ser perto de casa. Não confie em nenhum exercício que você tenha que pegar o carro para ir. Não vai funcionar. E perto do trabalho é só uma desculpa. Porque com o tempo isso também não será suficiente. Levar aquela malinha e se arrumar no vestiário da academia é o fim! Fora a quantidade de corpos nus que você não desejaria ver desfilando, é nojento. Afinal, diferente do seu chuveiro, no box da academia não dá para saber de quem é aquele cabelo na parede.

Voltando ao local, meu bairro e adjacências não são abençoados pela natureza. O que me deixa com poucas, muito poucas, opções. E aí, preciso recorrer aos exercícios indoor. Desde que me mudei para cá, já fiz a tal yoga que não deu certo; natação no Fluminense, mas me irritei com as senhoras da hidroginástica ao lado que sempre tentavam puxar papo comigo e fiquei com uma marca de maiô bem indesejada; fui correr no Aterro, mas não suportei a freqüência; entrei numa academia chumbrega na praça São Salvador onde eu só fazia bicicleta; e voltei a correr no Aterro. Isso num período aí de 1 ano e 8 meses.

Enjoei de novo de correr no Aterro e vou começar uma busca (você ainda tem uma grande busca pela frente... uso essa frase pra tudo agora.) por uma nova atividade revitalizadora. Acho que vou tentar Pilates. Nunca fiz e sempre tive vontade de experimentar. É outra moda igualzinha a da yoga. Só que a essa eu ainda não tinha sucumbido. Amanhã começo minha grande busca... (porque hoje é segunda, dia internacional de início de dietas e exercícios, mas é feriado! E feriado não vale. Não sabia não? Se começar algo assim num feriado é capaz até de quebrar uma perna, um braço. Perigoso...)

Cantinho do Fluminense

Tem certas coisas que a gente sabe o significado na teoria, mas quando presencia na prática é outra história. O silêncio, por exemplo. É algo um pouquinho abstrato de se entender só no blá blá, certo? É a ausência de som. Ok, mas é muito difícil vivenciar essa experiência: a ausência de todo e qualquer som. Pois bem, experimente ir ao Maracanã numa final, na arquibancada, no meio da torcida do seu time, composta por cerca de 40 mil pessoas gritando sem parar, logo após o juiz marcar um pênalti favorável. E aí, o infeliz erra. Perde. A porra da bola bate na trave. Queridos, isso sim é silêncio.

Eu seria muito má perdedora se não desse continuidade às informações. Bem, eu sou má perdedora. Ontem está riscado da minha memória. Hoje não haverá placar, nem extra e nem mais comentários. Apenas, o nome do infeliz: Washington.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

...

Azar no jogo. Sorte no amor.

domingo, 20 de abril de 2008

Apenas Português

Comentei ontem sobre o dialeto do meu sogro e aí, resolvi falar mais a fundo sobre isso. Hoje em dia posso dizer ‘é apenas português’. Mas quando comecei a namorar meu respectivo, filho de portugueses, para mim o pai dele falava grego, russo, alemão, qualquer idioma que eu não entendia patavina.

Lembrei de momentos difíceis há pouquíssimo tempo ao ver uma amiga, que acaba de entrar para a família, passando pela mesma situação. Eu podia ter tirado ela de lá. Podia ter entrado na conversa e ajudado a menina. Podia até voltar a atenção do meu sogro para mim e deixá-la descansar. Mas nananinanão. Deixei a moça na fogueira. Taquei mais lenha e fiquei lá, assistindo de camarote, às gargalhadas por dentro. Estava quase em êxtase.

Por que é que o ser humano é assim, né? Sádico. Com sede de vingança. Sua mãe colocou seu nome de Filomena? Põe Josefina na sua filha, mesmo que ela não tenha nada a ver com isso. E, no futuro, teremos uma Creusa.

Não me chamo Filomena, mas passei anos sendo chamada de Renata (sempre me chamam de Renata quando é para errar meu nome...) pelo meu querido sogro, que hoje me adora, verdade seja dita, e já me chama de Andrea, bem mais perto e compreensível de se confundir.

Bom, eu, Renata, fui jantar pela primeira vez na casa dos pais do meu namorado de 1 ano já. Tive a sorte incrível de começar a namorá-lo assim que os pais voltaram para passar um período longo em Portugal.

Nos cumprimentos já não entendi bulhufas, só que ele havia me chamado de Renata (Renata era a ex, tá? Só para explicar.) Mas isso não era nada perto da tortura que estava prestes a ser iniciada.

Olho no olho. Ele não tirava o olho de mim enquanto falava e eu ia tentando pescar alguma coisa. Qualquer coisa. Ele não parava de falar. Cada vez mais vinho, cada vez mais rápido. Não bebi nada. Quase não comi. Minha concentração era toda ali, tentando entender uma palavra e torcendo para meus movimentos afirmativos e risadinhas ocasionais serem compatíveis com seja lá que diabos ele estava falando. E o medo de uma pergunta ser feita e eu responder com uma risadinha? E se eu não percebesse que era uma pergunta?

Cadê a perna dele para eu chutar? Já foi em casa de português? A mesa é diretamente proporcional à quantidade de comida servida. Ou seja, enorme! Nem se eu tivesse a perna mais comprida do mundo. E acha que havia tempo de desviar para uma olhada fulminante e um pedido visual desesperado de ajuda? Não.

Pescoço tenso. Pernas balançando freneticamente de nervoso. Olhos arregalados, sem piscar. Sons e mais sons misturados, tentando se conectar com alguma coisa. Mas minha placa mãe deu pau.

Uma risada sonora e alta do resto da mesa indicou o momento de gargalhar também e foi o fim do castigo. Só por aquele dia. E foi apenas a primeira vez. Depois vieram várias. Com o tempo, fui pegando prática. Hoje sou expert em pegar três palavras soltas de uma frase e criar um contexto. Na maioria das vezes, funciona. Afinal, é apenas português.

Boa sorte, Veri. Você ainda tem uma grande busca pela frente...

sábado, 19 de abril de 2008

Doritos

Redescobri o Doritos no carnaval e, desde então, não largo mais. Nunca vi algo de comer que tenha um pó tão laranja em volta como Doritos. E isso devia me dar quase que aversão. Não que eu me orgulhe de ser fresca gastronomicamente. Já falei disso. Mas é que, geralmente, é assim. Doritos teria tudo para não cair no meu gosto alimentar. Mas caiu. Eu amo Doritos!

Comi Doritos de sexta até a quarta-feira de cinzas. Ele foi meu prato principal todos os dias. De vez em quando, entrava mais uma coisinha ou outra, mas o Doritos reinou absoluto. Fiquei chata ao contrário. Em vez de ficar chata porque não como Doritos, fiquei chata porque só queria comer Doritos! Até uma de grávida eu dei. Fiz o anônimo ir comprar Doritos de madrugada porque eu queria, porque queria Doritos. De novo! Já havia comido dois pacotes mais cedo.

O mais incrível e que me deixa mais feliz é que não enjôo do danado do Doritos. Veja bem, eu enjôo de qualquer coisa que eu encasqueto. Como, como, como. E, depois de um tempo, não agüento nem ver. Mas o Doritos está resistindo. Já passaram meses que o carnaval acabou e eu continuo comendo Doritos toda hora. Doritos puro, Doritos com cream cheese, Doritos com requeijão... Quase três meses de Doritos já era tempo suficiente para eu não agüentar sentir o cheiro. E olha que o cheiro é forte, hein...

Talvez ninguém entenda ou compartilhe aqui da minha felicidade. Mas isso para mim é um marco importante. Pode ser um sinal de alguma coisa. Um indicador de que tenho salvação! Quase uma prova de que você pode passar uma vida infeliz, achando tudo e todos sem graça, quando de repente aparece o príncipe encantado no cavalo branco. Aquele que ninguém acreditava ser possível, que só existe nos contos de fada. Aquele que a maioria das pessoas passa a vida procurando e não encontra. Aquele que não é perfeitinho, não é loiro de olhos azuis, não faz muito bem à saúde, não é indicado pelos médicos e nem por ninguém.

Mas me conquistou. De um jeito que eu, que enjôo de tudo, não quero mais comer outra coisa. E ontem à noite comi Doritos, que me lambusei toda!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Barcelona

‘Sorria, você está em Barcelona!’. Barcelona, sim, merecia uma placa dessa, a Barra não. Neste momento, alguém, muitos alguéns desembarcam em Barcelona. Saudades de Barcelona. Fui uma vez só e fiquei pouco tempo, três dias. Mas amei. Pelo clima? Pelo ambiente? Pela atmosfera? Não sei como chamar. Pelas escadas intermináveis a caminho do Parque Güel, é que não foi. Amei Barcelona pela experiência.

Tem praia, mas não é o Rio. Tirando o fato de todas as pessoas serem descoladésimas e mais bonitas, nossas praias dão de 10 x 0. Dizem que a noite de lá é muito famosa. Mas não deu para ter uma opinião formada. Pelo pouco tempo e pelo marido.

Mas gostei de coisas como as pessoas. As roupas das pessoas. O descaso das pessoas, sem estarem nem aí para ninguém na rua. Gostei da falta de horário de Barcelona. Principalmente, da minha própria desorientação em relação ao horário em Barcelona. Fui no verão, época em que lá, escurece lá pelas 21h. Aí, 21h, para mim, era 17h. Sair para jantar meia-noite e depois ainda passear pelas calçadas iluminadas e shoppings abertos! Isso é que é cidade cosmopolita.

O espanhol deles é mais difícil que o dos madrileños. Falam catalão. Uma mistura estranha de espanhol com francês, sei lá, só comparável ao português falado pelo meu sogro. Mas, depois de umas bebidinhas e outras, fala-se até japonês. O importante não é entender, é se comunicar. E comunicação se faz até com fumaça.

Gostei de Barcelona pelas histórias que ouvi. De um velhinho veterano de uma guerra que eu não consegui entender qual era. De um dono de restaurante que abriu uma loja de objetos de decoração, mas de tanto levar o almoço que ele mesmo fazia e embriagar os clientes pelo cheiro, foi convencido a transformar o lugar num restaurante. Do nosso quarto de hotel que por estar com uma rachadura na parede, que eu não perceberia nunca, fez o gerente tomar a decisão de nos colocar na suíte de luxo, única disponível àquela hora. Do dono de um veleiro que ELE queria porque queria alugar para dar uma volta e o cara só fechou com a gente depois de colocar a condição de levarmos o cachorro dele junto, porque ele precisava ir a um lugar e não tinha com quem deixar o bichinho.

Saudades de Barcelona.

Cantinho do Fluminense

Grande Cícero! Cícero é qualquer coisa. Atacante, meio de campo e um monte de outras posições que eu, como menina, não sei escrever, mas papai nomeou hoje. Estamos desfalcadérrimos, mas estamos indo aos trancos e barrancos. Hoje foi contra o LDU, um time que parece um monte de juízes em campo. O uniforme é preto. Caveira! Mas passamos por eles e garantimos o 1º lugar do grupo 8!

Data do jogo :: 17.04.2008 :: 19h10
Local :: Maracanã :: Vi na casa do papai. De novo.
Campeonato :: Libertadores :: Acho que foi o último jogo da 1ª rodada.
Placar :: 1 x 0 (Flu x LDU):: Cíiiiiiiiicero!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Cartomante

Até ontem, eu era um raro exemplar da espécie feminina, classe média, entre 20 e 30 anos, que ainda não tinha ido a uma cartomante. Minhas amigas achavam inacreditável essa minha resistência. Era quase um E.T.

A última vez que insistiram de verdade para eu ir a uma consulta (?) foi pouco antes de casar. Elas só podiam estar de porre. Evitei em momentos tranqüilos, vou arriscar num momento decisivo desses? Ainda mais eu, a rainha da aversão ao ‘tem certeza’. Até hoje desconfio que só consegui dizer ‘sim’ na igreja porque já tinha bebido umas seis taças de pró-seco na casa da Cândida. (Can Can, saudades!).

Bom, não sei muito bem porque, mas ontem fui a uma dessas moças que tem o (dom) de prever o futuro e adivinhar coisas. O dom ficou entre parênteses porque não acho isso um dom. Acho que deve ser um tédio poder saber das coisas antes delas aconteceram. Adoro o elemento surpresa da vida. (mas, como já comentei, odeio surpresas na prática, tipo uma visita sem avisar. Só para deixar registrado. De novo.)

Bom, uma amiga falou tanto que a mulher era sensacional, acertava tudo e tal, que eu resolvi ir. Estou num momento tranqüilo. Sem questões cruciais. Sem ter que tomar grandes decisões. Achei que a moça não era uma grande ameaça à minha sanidade mental.

Entrei, meio cabreira. Sentei.

- Se abra, minha filha.

E, instintivamente, por puro reflexo, abri as pernas. Mas aí, ela explicou que eu estava fechada para a entrada de energia.

- E como abre para a entrada de energia?
- Você precisa confiar.
- Em quê?
- No seu destino.

Pronto. Começou a falar em um código neutro, onde tudo pode ser uma coisa, mas também pode ser outra. Ela seguiu, com a minha mão aberta em cima da dela. (achei que cartomante só via o futuro nas cartas...)

- Você já se apaixonou de verdade?
- Por quê?
- Porque se a sua resposta for ‘sim’, te direi uma coisa. Se for ‘não’, direi outra.

- Você não deveria saber a resposta?
- Não é assim que funciona. Só posso dizer o que você estiver aberta a saber.

(de novo essa história de aberta...)

- Tá. E se a minha resposta for ‘não sei’.
- Aí, direi outra coisa.

- Ok. Então, vamos por partes. Digamos que eu fale ‘sim’.


- Você ainda tem uma grande busca pela frente.

(Uau. Esclarecedor...)

– Tá. Agora, não.

- Uma grande busca te espera.

(risos internos.)

- Não sei.

- Você vai descobrir que ainda tem uma grande busca pela frente.

- Não é tudo a mesma coisa?
- É.

(continuei olhando para ela)

- Eu conheço a minha resposta. Você é quem tem que escolher a sua.

Está tudo gravado. E eu já ouvi 300 vezes. A única conclusão a que eu consegui chegar é que essa moça sabe como ganhar dinheiro. Fácil.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Muito Macho

Que sensível o quê? O quê, o quê? Vamos parar com essa palhaçada que eu sou muito macho! O que que é isso? Meu apelido era bruxinha em casa, tamanha ranzinzisse. E por que nos teatrinhos do colégio, eu queria ser a bruxa. Nada de princesa chata. Não é à toa que minha irmã é conhecida como ‘princesinha’ e eu como ‘generala’. Passei anos e anos ouvindo:

– Oh, Adriana, por que você não é como a sua prima Iza? Ela é tão meiguinha...

Não sou como a Iza. E demorei um tempão para parar de tentar ser como ela. Veja só, se nem tentando muito, consegui ser um doce de menina, imagina em meu estado natural? É. Sou bem amarga até. Distribuo patadas com uma certa facilidade. E sem remorso. É um talento nato. Poucos entendem. Mas eu me orgulho. Economiza anos de análise. Não que eu não peça desculpa. Se eu acordar no dia seguinte, achando que errei, vou lá e peço, sem traumas. Mas não passo a noite me revirando na cama, pensando, entende?

Não lavo, não passo, nem cozinho. Mas dirijo. Rápido. Sei onde fica a direita e a esquerda e faço uma baliza como ninguém. Bebo. Muito. E falo pouco. Escrevo muito mais. Odeio discutir a relação. E não suporto ficar estranha até alguém perceber que eu não gostei de alguma coisa. Falo na hora. Se bobear, com alguns segundos de antecedência.

Gosto de futebol. Torço que nem homem. Me sinto em casa no Maracanã. Saio com as amigas. Perco a hora de voltar. Digo que nunca mais vou fazer. Não choro. E canso de ficar tentando fazer as pazes. Pego no sono.

Não sabia que camisa listrada não podia lavar na máquina e nem que terno tem cabide especial. Não sei o nome direito de nenhum produto de limpeza e nem preço de nada relacionado a mantimentos e afins.

Sou a rainha da impaciência. Falo num tom mais alto do que o recomendado sem perceber, às vezes. Esqueço tudo. E isso inclui segredos, coisas importantes, nomes, combinações, datas e compromissos.

Sou mal-humorada. Bem mal-humorada. Geralmente falo uma frase ou uma pergunta no máximo duas vezes e, ainda assim, contrariada na segunda. Não suporto aquele diálogo:

- isso, isso e isso.
- O quê?
- isso, isso e isso.
- Oi?
- Ah, foda-se.

Não dou chilique com barata. Mato. Não sou fresca com insetos. Dou um tapão para espantar. Bato a porta do carro com força.

E, para terminar, se alguém me pergunta algo e a resposta for ‘não’, respondo ‘não’ e com ‘sim’, a mesma coisa. Essa história de dizer ‘não’, querendo dizer ‘sim’ é coisa de mulherzinha. E eu sou muito macho! Convenci?

terça-feira, 15 de abril de 2008

Sensível

Saco. Odeio ficar sensível. Tudo me atinge, sabe? E o pior é ter a consciência disso. Porque se eu ficasse sensível e ok, ok. Mas não. Sou uma sensível consciente. Aí, fico tentando lutar contra a minha sensibilidade.

Sou consciente da chatice do sensível e não do motivo. E esse é o problema. Estou assim há dias, tentando disfarçar e tal, mas não estou conseguindo. Alguém fala um pouquinho mais grosso comigo e eu dou aquela encolhida.

Que coisa! Acho que estou me sentindo sozinha. Sempre fui tão independente. E era tão orgulhosa da minha independência. Adorava ficar sozinha. Era quase um alívio. Viajar sozinha, então... dava saltos de felicidade.

Mas agora fico contando os minutos para ele chegar logo em casa. E assim eu poder sair falando pelos cotovelos. Meus cachorros ficam comigo o dia todo, mas não falam. E eu e Camila já não temos mais tanto assunto. Os momentos de silêncio são cada vez mais freqüentes e maiores.

Aí, escrevo. E... acabei escrevendo sobre estar sensível. Meu ritmo diminuiu. Talvez seja só fase. Mas antes eu fazia tudo meio correndo, esbaforida. Hoje em dia, estou mais calma. Tenho tempo. Não estava acostumada a ter tempo. E com tempo aprende-se. Aprende-se a fazer etiquetas e a sentir que se está sensível.

Outro dia, sei lá, há dois dias, ganhei um abraço de repente e bem apertado do meu afilhado de 1 ano e 3 meses. Um abraço e um sorrizão de neném. Tem coisa mais gostosa? Aquela gargalhada desafinada. Gente, quase chorei. Mas diante da platéia, me segurei.

Mas hoje fui além. Muito além. Liguei para a minha mãe. Liguei para a minha mãe para não falar nada. Mas devido à falta de sensibilidade dela para ver que eu estava sensível, mas que não queria que ela percebesse que eu percebi que ela percebeu... Bom, não funcionou.

Ele falou um pouquinho comigo, mas desligou logo. Trabalha. Muito. Dei sorte dele atender... Aí, sobrou o papel. Eu e ele. Ele e eu. Não tenho com quem falar. Saudades...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O que você seria?

Fui na casa de um primo DELE. E, enquanto os adultos conversavam, eu e Isadora, uma capeta de 3 aninhos, fomos colocar nossas brincadeiras em dia. Não nos víamos desde o carnaval e aquela vez nem valeu porque o encontro foi na rua, em pleno BG. Ela não teve chance de me mostrar seus brinquedos natalinos, só de falar deles. Por isso, estávamos as duas muito ansiosas para esse momento importante.

O quarto de Isadora é rosa. Se divide entre coisas da Minie e coisas da Hello Kitty, um paraíso para qualquer menina. E estou me incluindo no bolo. Começamos com macinha. Por um segundo, cogitei se ia ou não meter a mão na massa. Havia feito as unhas de manhã. Mas foi só ela abrir o pote da macinha lilás (minha cor preferida) para eu esquecer quantos anos eu tinha. E convenhamos que isso nunca foi muito difícil pra mim...

Fizemos vários bichos psicodélicos e coloridos. Depois escrevemos com fôrmas os nomes de todos que estavam na casa e fomos, as duas, mostrar nossas obras na sala. Ganhamos palmas e elogios e voltamos para o quarto, orgulhosas de nossas habilidades manuais.

Passamos para “Cara a Cara”. Isadora tem “Cara a Cara”! Adoro. Também tenho. Mas não sabia que haviam relançado para essa nova geração. Fiquei feliz e cheia de esperança de novo no futuro das crianças atuais. Ninguém ganhou. Enjoamos, quase ao mesmo tempo, e não fomos até o final para descobrir quem era quem.

Próxima etapa: cabeleireiro. Amo. Amo que mexam no meu cabelo. Cheguei a pagar minha irmã uma época. 30 minutos, 30 dinheiros. Moeda e notas para ela, na época, eram a mesma coisa. Ela contava em dinheiros, por unidade. E até preferia moedas para colocar no porquinho. Passamos tardes agradáveis, onde as duas saiam satisfeitas. Bom, Isadora é uma exímia cabeleireira. Fez uma trança e tudo! E, mais uma vez, fomos mostrar aos adultos.

Mas nossa outra brincadeira foi a mais divertida. Isadora ganhou um joguinho em que só é preciso pensar, escolher e responder perguntas. Já contei que adoro essa linha testes e questionários. Pois então, as perguntas eram sempre relacionadas a o que você seria se fosse...

Um bicho?
Isadora: uma minhoca (?).
Eu: um cavalo.

Uma cor?
I: rosa pink (sofisticada a menina... Pink.)
Eu: amarelo (o fato da minha cor preferida ser lilás não significa q eu queira ser lilás. Escolhi amarelo pensando na preservação do lilás. Para que eu não corra o risco de enjoar de mim mesma).

Um ator/ atriz?
I: Xuxa (achei que valia... mas me impressionei um pouco com a popularidade da Rainha ainda).
Eu: (demorei eternidades para escolher. A Luana Piovani não saía da minha cabeça, mas por orgulho, não diria) Clive Owen. (disse pra ela que sexo não importava já q eu não seria eu. Apesar dela não fazer a menor idéia de quem é Clive Owen).

Uma comida?
I: chocolate. (achei que ela ainda estava influenciada pela Páscoa e suas sobras, mas ok.)
Eu: Yogoberry!

Um objeto?
I: (depois deu explicar o que pode ser um objeto) cama.
Eu: fui com ela, cama também. (esperta a mocinha).

Gritaram nossos nomes. Fingimos que não escutamos.

Um lugar?
I: o trabalho do papai. (ele já deve ter levado ela lá e deve ser excitante mesmo pra uma criança conhecer o local misterioso onde o papai trabalha).
Eu: meu carro. (ela não reclamou e eu decidi que isso podia ser encarado como um lugar).

Um som?
I: música. (meio abrangente, mas aceitável diante da idade e resposta rápida).
Eu: repito: motor a diesel. (sempre encasquetei com esse barulho).

De novo, nossos nomes. Fomos para trás da cama e nos abaixamos.

Uma música?
I: da Xuxa (ok, não precisa especificar. Já entendi que ela gosta da Xuxa).
Eu: hum... sou ruim de música. De nome de música. Sei lá, a que encaixa.

Um brinquedo?
I: casa da Barbie. (também tinha. Também adorava.)
Eu: Master. (o tal jogo de perguntas e respostas.)

Abriram a porta e nos descobriram. Droga! Estava na hora de ir embora. Isadora chorando de um lado e eu resmungando do outro. Duas crianças...

Ps: Flamengo perdeu a outra semifinal da Taça Rio. Domingo que vem o Fluminense enfrenta o Botafogo pelo título.

domingo, 13 de abril de 2008

Salve o Fluminense

Tá. Eu sei que talvez eu esteja ficando um pouco chata com esse negócio de volta e meia colocar o fluminense na roda. Mas juro que não é forçação de barra. Esse time ocupa uma grande parte da minha vida e, sim, do meu coração. Assim como outros e outras que aparecem com freqüência por aqui.

E hoje ele merece meu destaque. Nem tanto pelo jogo. (Flu jogou a semifinal da Taça Rio hoje no Maracanã contra o Vasco), mas pelo desfecho emocionante da coisa que salvou um dia que tinha tudo para ser insuportável.

Presta atenção: hoje, sábado, dia 12 de abril, eu tinha um batizado de manhã; um chá de bebê à tarde; e um casamento à noite! Maratona dos horrores...

Comecei acordando às 9h, (para mim, isso é quase de madrugada) e com um sol da porra brilhando lá fora, lá fui eu tomar banho para tentar disfarçar a cara amassada. Não desamassou tudo não. E eu não sei me maquiar. Além do que, me maquiar de manhã, sonâmbula, é muito para a minha pessoa. Bons óculos escuros resolveram. Na hora do vestido, surpresa! (essa á uma das surpresas que não gosto) Estavam todos amassados. ELE passou para mim.

Tá, fomos. Ipanema. Cadê as vagas num sábado ensolarado? E eu nem estava indo à praia...
Alguns bons minutos depois, chegamos. E o evento decorreu sem alterações no calor, para o meu desespero.

À tarde, hora de levar trocentos pacotes de fralda para a amiga ‘sortuda’. E naquele estágio em que você bebeu e agora está no intervalo, sabe? Uma dorzinha de cabeça ao fundo. E não é por nada não, mas num calor desses com uma barriga dessas, essa história de que ser mãe é padecer no paraíso é muito da carochinha. Coitada. Dava pena.

De lá, direto para a casa de papai. E começa o jogo no Maracanã. Estava tão cansada e o jogo tão mais ou menos que quase dormi no sofá. Mas PQP! Quando foi para os pênaltis, acordei. Sentei. Levantei. Sentei de novo. Andei de um lado para o outro. Bebi. Comi. Oh tensão do cacete! Me senti um pai na maternidade. E quando no último dos cinco, o garoto lá do Vasco errou, joguei tudo pro alto! Se me dessem um charuto, eu fumava. CARALHO! Alívio...

E aí, fui me arrumar de novo e colocar o terceiro vestido do dia. Atrasada. Correndo. Dando mil desculpas no telefone, mas feliz. Vitoriosa. Nem esse dia dos infernos me derrubou. O Fluminense veio em meu socorro.

Calcinha vermelha. Vestido verde. E deixei o branco para a noiva. NENSE!!!

Cantinho do Fluminense


Data do jogo :: 12.04.2008 :: 18h30
Local :: Maracanã (vi no sofá de papai.)
Campeonato :: Carioca :: Semifinal da Taça Rio
Placar ::1 x 1 (Flu x Vasco)
:: 5 x 4 (Flu venceu nos pênaltis) :: Tadinho do tal do Pablo. O estreante que fez merda... Grande Pablo!

sábado, 12 de abril de 2008

Sempre Luana

Luana Piovani é o tipo da atriz, da mulher, que não deveria valer na hora daquela brincadeirinha, que eu já expliquei aqui, que existe entre casais. Aquela em que um e outro escolhem celebridades com quem poderiam cair na tentação, caso esse sonho absurdo acontecesse.

Pois é. Mas Luana Piovani é o terror das mulheres normais. Porque Luana Piovani consegue transitar, sem pudor, entre os dois mundos: o real e o imaginário. Luana protagoniza as fantasias de milhares de homens e, ao mesmo tempo, é assim: de carne e osso. Bagaceira. Divertida. Acessível. Luana circula por aí. E dá. Distribui. Brinca. Aproveita a vida com o corpinho (quem dera se fosse corpinho...) que Deus lhe deu.

Deus foi muito generoso com Luana. Nada mais justo que Luana seja generosa.

Justo para quem????? Para mim é que não é. Mas Luana é justa com os homens. Luana é minha ídala (sei que não existe a palavra ‘ídala’, mas eu uso). Luana é quase eu. Só que famosa, atriz, bem mais bonita, com mais dinheiro e com menos gente para dar satisfação.

Comecei escrevendo com um certo rancor. Tudo porque um amigo meu, assim bem próximo, pegou a moça. Minto. A moça pegou o rapaz. Claro que ele já tinha feito umas gracinhas e tal, mas nunca imaginou que colaria. Ele foi pego de surpresa. E que surpresa!

Morri de ciúmes. Sei lá de quem. Dele? Mas o cara é só meu amigo. Dela? Esquisito. Nem conheço. Ôpa! Ciúme, nada. Inveja. Inveja feminina, in natura. Vontade de ser Luana. Não para pegar o meu amigo. Não preciso ser Luana para isso.

Mas sim para pegar o Rodrigo Santoro, o Rico Mansur, o Cristiano Rangel (o baiano que meteu o chifre no Rodrigo), o Rodrigo Hilbert, o Marcos Palmeira, o Paulinho Vilhena, o João Paulo Diniz, até o Dado Dolabella eu queria... Ela deu uns pegas no Selton Mello também. Apesar da fama de little do moço, eu arriscava.

É ou não é para ser ídala? Luana sabe ou não sabe viver?

Tá aí o tipo da coisa que não daria para ficar puta. Se o seu namorado ou o seu marido traçasse Luana, isso deveria ser um baita motivo de orgulho. Olha a lista onde o seu, SEU, homem vai entrar! E CARALHO! ATÉ EU PEGARIA A LUANA PIOVANI!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Surpresa!

Ao contrário da maioria das pessoas que eu conheço, nunca fui muito chegada a surpresas. Na verdade, aquelas cenas de filmes, novelas e seriados em que a pessoa entra no seu próprio apartamento e um bilhão de gente grita: ‘Surpresa!’, sempre me deram um certo frio na espinha. Primeiro, porque eu duvido ser possível aquela gente toda caber em um lugar normal. Impossível ser uma festa agradável. E segundo, que quem ia ter que arrumar a casa toda depois, seria eu.

Pode ser que exista aí um certo rancor encubado por eu ter nascido no Natal e, assim, ficar calendariamente impossibilitada de ganhar uma festa surpresa. Mas tive. Óbvio, que não foi no dia, mas tive. Não lembro a data exata. Provavelmente, em novembro. Ainda assim, o quorum não foi dos mais animadores. Tinha lá meu namoradinho do colégio, o organizador, uns amiguinhos gatos pingados e um urso do meu tamanho que ganhei de presente do tal menino.

Confesso que a primeira coisa que eu pensei quando vi aquele bicho foi ‘onde vou colocar esta merda?’. Nunca fui muito de bichinhos também. Só de verdade. De pelúcia, acho meio nojento. Vai pegando poeira, ficando preto, desbeiçado, duro. E ninguém tem coragem de jogar fora. Aliás, para onde devem ir os bichos de pelúcia velhos? Os de verdade, pelo menos, morrem que nem gente e pronto. Agora, o que fazer com uma família gigante de bichos na hora de se mudar, por exemplo? E não tem essa de guardar para o filho. Tadinha da criança... Já vai usar a roupa dos primos, compra um bicho novo pro bichinho!

Lembrei de outra festa agora. Essa foi organizada pelo pessoal do trabalho. Mas valeu mais ou menos porque eles aproveitaram a festinha de fim de ano, onde todos são praticamente obrigados a ir: quorum garantido. O evento seria na minha própria casa e aí, eles emendaram um bolinho já que estávamos em dezembro... Mas eu realmente não esperava.

Outra imagem infeliz que guardo na memória relacionada ao assunto são aquelas caixas de onde saem uns palhaços medonhos. Cruz credo. Não sou daquelas que têm medo de palhaço por algum trauma infantil, mas esse em particular, me causa arrepios.

Falando em arrepios, uma vez fui pegar meu pai de surpresa porque eu tinha chegado mais cedo do colégio. Abri a porta do quarto e dei de cara com ele saindo do banho, nu. O cara tomou um susto tão grande que deu um pulo tão grande quanto. Tudo balançou. E essa sim é uma imagem infeliz que guardo na lembrança, apesar de já ter lutado muito para esquecer. Há quem diga que eu poderia ter pego meus pais transando. Sinceramente, não sei mesmo se seria pior...

O fato é que, ontem, num trânsito da porra, num humor da porra, fui pega de surpresa. E aquela surpresa bem surpresa, sabe? Eu nem imaginava a possibilidade. Por motivos geográficos até. A cabeça tava desligada para o tema. Aliás, devidamente programada para isso. E aí, surpresa! Adorei.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

As Razões que o Amor Desconhece

Martha Medeiros

..Ah, o amor, essa raposa.
Quem dera o amor não fosse um sentimento,
mas uma equação matemática:
"eu linda + você inteligente = dois apaixonados."

Não funciona assim. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão.
O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Costuma ser despertado mais pelas flechas do cupido que por uma ficha limpa.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referências.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC.
Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó.
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é.

Cantinho do Fluminense

Me limitarei às informações.

Data do jogo :: 09.04.2008 :: 19h30
Local :: Argentina :: (ouvi no carro, num trânsito do cacete. Imaginem o meu humor noturno...)
Campeonato :: Libertadores :: Tb. estou perdida. sei lá que partida foi essa.
Placar :: 2 x 0 (Arsenal x Flu) :: É. É aquele mesmo time que havíamos goleado por 6 x 0!?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Contrapeso

Eis que está na hora de mais um Rio Boat Show! Este ano o evento terá 130 expositores em 45 mil metros quadrados de área! Uau! Que merda... Lá vou eu de novo. Cheia de Dramins na bolsa.

Pior do que ter um marido velejador é ter um marido que acha que é velejador. Esse é o meu caso. Segundo ele, é só uma questão de tempo. O moço, em sua própria versão, nasceu para morar numa casa na Urca, de frente para a Baía de Guanabara; ter um veleiro de sei lá quantos pés (aliás, porque o tamanho dos barcos são medidos em pés? Ok, deve ser o nome de uma unidade de medida internacional e tal, mas que é contraditório é...). Bom, voltando: ter um veleiro enorme ancorado no Iate Clube; e sair por aí, em aventuras à la Amyr Klink. O ideal de vida seria morar 6 meses em terra e 6 meses no mar. Certo. Ele só esqueceu de combinar com a outra mulher dele. Porque eu não vou.

Mas enquanto o barco não é gigante e ele passa só uma tarde no mar, eu sou extremamente essencial. Sim, extremamente essencial. Foi assim que ele falou da primeira vez. Fiquei até feliz. Achei bonitinho, fofo. Ele queria a minha companhia!

Da segunda vez em diante, comecei a entender que o extremamente essencial realmente era extremamente essencial. Ele precisava do contrapeso. Alguém aí já foi contrapeso? Deixa a tia contar como é: num barquinho, que só tem espaço para você e mais uma pessoa e tem um nome ridículo que eu esqueci agora, um fica segurando o leme (uhu!) e o outro otário fica de um lado para o outro, de acordo com as ondas, para o barco não virar. E atenção! Para o barco não virar na Baía de Guanabara! Sentiu a pressão e a responsabilidade do negócio?

Ah! Tem mais uma coisinha: nessa de ir pra lá e pra cá, é preciso desviar do ferro, na base da vela, que também vai de um lado para o outro. Nem preciso falar que já levei o ferro na cabeça mais de uma vez, né?

Então, é desse mundo divertido que trata o Rio Boat Show! Cursos, aulas práticas no mar, palestras, documentários EMOCIONANTES (no ritmo das ondas...) e os tais estandes! Muitos estandes. 130 estandes! Lembra do ‘mulher em feirinha’? Velejadores fakes no Rio Boat Show conseguem ser piores. Quando chega no estande das suecas, então... Horas e horas a pedir informações sobre a quantidade de pés, braços, pernas etc etc etc.

- CASSETA! POR QUE VOCÊ ME TRAZ COM VOCÊ?
- Preciso do contrapeso.

Cantinho do Fluminense

Fluminense dá de quaaaaaatro a zero no Madureira! E dane-se que não valia nada. Valeu um puta saldo de gol. Vi mais ou menos, com um olho no peixe e outro no gato, porque estou trabalhando domingão. Eh beleza...

Data do jogo :: 06.04.2008 :: 16h
Local :: Lá na casa do cacete. (vi em casa e mais ou menos)
Campeonato :: Estadual :: Me perdi na rodada. Muitos jogos, muitos campeonatos e eu sou menina. Não sei qual partida é essa.
Placar :: 4 x 0 (Flu x Madureira) :: Fluminense 4, Washington 0... (e ainda machucou o tornozelo).
Extras :: Não faço idéia. Estou perdendo o saco para essa coisa de extras...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Camila e sua Namorada

Para quem não sabe, Camila é minha sócia. E minha amiga. Pelo menos, pensava assim (daqui a pouco, explico). Nos conhecemos no nosso antigo trabalho há quase dois anos. Mas nos tornamos amigas daquelas bem adolescentes, de fazer tudo juntinho, de modo quase irritante para os outros, há cerca de um ano e meio. De tanto andar para lá e para cá grudadas, ficamos assim:



Aí, decidimos juntar os trapinhos e montar uma produtora!



Uma das coisas que também fazemos juntas é uma festa de aniversário em janeiro, à fantasia. A primeira foi tema Carnaval, a segunda foi tema boate Help. E já temos a fantasia para a terceira:



Bom, o ponto é que Camila arranjou um namorado. Desde outubro do ano passado. E a única coisa que sei do rapaz é o nome! Como assim? Até hoje não conheço a figura. O que me levou a ficar seriamente preocupada e a achar que Camila tem outra. Sim, ela não namora um rapaz coisa nenhuma. Está com uma mulher nas minhas costas! Está me traindo. Ouviu, Dona Camila:



Acho melhor me apresentar a esse rapaz logo. Se não, eu não falo mais como você...

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Etiqueta

Etiqueta de papel, de colar mesmo. Nada a ver com etiqueta ‘educação’. E o que eu vou escrever, no fundo, no fundo, não tem nada a ver com etiqueta adesiva também. Bom, chega de me explicar.

Seguinte: hoje me deparei com uma função, para as minhas habilidades, um tanto quanto complicada. Eu precisava imprimir etiquetas com coisinhas escritas e desenhos. Sempre trabalhei em empresas médias e grandes. Então, quando surgia uma tarefa assim, sempre tinha alguém para fazer. Era só pedir com um certo charminho. Eu nunca nem tentei. Ia direto para o plano B. E, até então, sempre achei uma pessoa que fizesse por mim.

Bom, hoje não existia essa pessoa. No recinto, só havia eu e a minha queridíssima sócia, que estava muito ocupada fazendo coisas sérias. Aliás, foi ela quem me passou a missão. E mesmo se ela fosse uma opção para eu pedir ajuda, não adiantaria. Acreditem, já passamos dessa fase do charminho. Não ‘colaria’.

Aí, fiquei eu olhando para um pacote fechado de etiquetas, onde parecia estar escrito “IMPOSSÍVEL”. Demorei um tempo até ter coragem de abri-lo. Se eu deslacrasse o treco, não poderia mais voltar atrás... Procurei outras coisas para fazer primeiro. Não achei. Já tinha checado e rechecado e-mails um monte de vezes; já tinha entrado no orkut; e aqui no meu blog. Nenhum dos três tinha recados para mim. Sobrou só eu e o pacote de etiquetas.

Abri. Primeira surpresa: havia um papel de instruções. Nunca fui dada a manuais, mas diante da ignorância total e achando que eu ia passar horas lendo e relendo todos os ícones do Word para acabar não conseguindo nada, adorei aquele papelzinho cheio de letrinhas minúsculas. E atenção! Era só uma folhinha. Manuais tem páginas e mais páginas. Isso era apenas uma simples folha de instruções. Tá aí, se os manuais todos dessem um jeito de se apresentar em uma única folha, mesmo que eu tivesse que usar lupa para ler, talvez eu passasse a ler manuais. E depois, ainda vi que a folha estava dividida em quatro partes, dependendo da versão do seu Windows. Ou seja, minhas instruções cabiam em ¼ de folha!

Daí em diante, foi só sucesso! Segui passo a passo – o negócio é feito para retardados como eu mesmo – e descobri coisas incríveis como, por exemplo, que chega um momento lá em que você só precisa selecionar no seu próprio Word o nome que está no pacote da etiqueta. E aí, TCHARAN! Ela se auto-ajusta. Nunca passaria pela minha cabeça que etiquetas e words teriam um vínculo de nascença. Você joga ela lá e eles se reconhecem. Incrível! O nome da minha etiqueta era Pimaco A4255 31,0 x 63,5mm. E, juro, estava escrito exatamente assim em uma das opções.

Só não consegui completar o trabalho porque a porcaria do cartucho colorido da impressora estava ruim. E não tenho aqui um estoque e nem quem troque na hora. Mas aí é outra história...

A questão é: tem coisas que achamos que está entranhado na gente, que não tem jeito, que nunca vamos conseguir. Não, não. Pode ser muito mais fácil do que imaginamos. Não que vá vir mole, mole com ¼ de explicação, mas vale à pena. Nem que seja na marra. Eu estou disposta a tentar. Falei que, no fundo, no fundo, não tinha nada a ver com etiqueta...

domingo, 6 de abril de 2008

A Bunda

Não tenho bunda. Nunca tive. Nem malhando muito. (nunca malhei muito...). Meu digníssimo também não tem. Já brincamos várias vezes, dizendo que os coitados dos nossos filhos vão ter problema de equilíbrio, porque serão arqueados pra frente de tanta falta de bunda.

Bom, mas hoje - por pouco tempo é verdade, mas me senti – fui o próprio objeto de desejo de muitos Seltons Mellos no caminho da minha casa até o Aterro.

Fui correr com um shortinho meio curto, mas não tenho bunda mesmo... Não achei que chamaria a atenção. Aliás, para que chamar a atenção no percurso da minha casa até o Aterro? Já disse que se eu pudesse saía com um saco na cabeça. Odeio minha vizinhança. Pronto, falei! E odeio a freqüência do Aterro. Isso eu já tinha falado...

Mas o fato é que assim que coloquei o pé na rua, não teve um ser que não virou o pescoço para olhar para a minha bunda. Mulheres, inclusive. Eu de fone no ouvido, radinho no pescoço, fingia que não era nem comigo. Uma coisa assim, metida, sabe?

Corri até melhor. Me sentindo bem, meio “S.O.S Malibu”. Porque peito, eu tenho! Bom, na volta, foi a mesma coisa. Mesmo suada, com o cabelo lambido e grudado na testa, os olhares para o meu humilde compartimento traseiro continuaram. Até parei para tomar uma água de coco. E nem gosto de água de coco.

Quando estava quase chegando em casa, lembrei que eu tinha combinado de encontrar a minha irmã, no meio do caminho. E que, por isso, eu tinha feito uma coisa que não costumo fazer quando vou correr: havia levado o celular.

Coloquei a mão no bolso detrás do short e lá estava ele, acusando inacreditáveis 17 CHAMADAS NÃO ATENDIDAS! Saí por aí apitando que nem uma louca. Todo mundo ouvindo, menos eu, me achando a gostosona do radinho amarelo nas alturas.

Perdi o encontro com a minha irmã, que após 17 ligações, desistiu de mim e perdi minha auto-estima traseira fugaz, conquistada há tão pouco tempo. Só não perdi mais bunda, algo impossível de acontecer.

sábado, 5 de abril de 2008

Porque Hoje é Sábado

Estou com essa poesia do Vinícius na cabeça. Tem um porquê, mas ele é meu.
Ah! Um beijo pra Can Can. Parabéns!

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado

Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado

Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado

Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado

Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado

Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado

Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado

Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado

Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado

Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado

Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado

Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado

Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado

Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado

Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado

Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado

E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, o Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra;
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário.
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias.
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos.
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.

Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia.
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia.

Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias.
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos;
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade.
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo...
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente,

Porque era sábado.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Reencarnação

Estou com um pouquinho de pressa e com muito sono. Mas não sei se vou escrever amanhã e depois, então achei que era muita preguiça não escrever nada hoje. Se bem que preguiça, aqui no momento, é o que não falta...

E o assunto? Ôpa. Reencarnação. Ontem, por um motivo que não vem ao caso, tive pressa de reencarnar. E aí, fiquei pensando no que eu acredito e não acredito. Nesse tema religião, fé e crenças espirituais em geral, eu sou um pouco difícil. Sou ruim de roda mesmo, sabe? Não sou muito crente. (nem um pouco...)

Mas aí, comecei a pensar em algo que as pessoas dizem e que é verdade. E que primeiro vai parecer que eu sou uma oportunista, mas depois vou tentar explicar que não é isso.

Seguinte: já ouvi milhões de vezes que quando precisa, todo mundo vira quase santo, um fiel exemplar. É só um parente ficar doente; uma coisa que se quer muito estar prestes a acontecer ou não; um resultado de um exame... Enche igreja. Impressionante. E, assumo. Já fui uma dessas fieis de ocasião.

E a tal da reencarnação, no caso em questão que não vem ao caso..., me seria também muito conveniente. Aí é que entra a tal parte que parece que eu sou oportunista. Ou, mais: que eu, em vez de querer resolver tudo nesta vida, queria empurrar a merda toda pra debaixo do tapete e começar de novo, do zero. Tipo a solução para os problemas da humanidade, sabe? Explode tudo e começa outra vez! Provavelmente ia dar merda de novo. Comigo e com o mundo. Mas aí, entra a tal da crença... Temos que crer num mundo melhor.

E ainda tenho exigências, hein! Não quero vir muito diferente. Na verdade, queria vir bem parecida. A mesma cabeça. O mesmo cabelo. Altura está ok. Um pouco mais magra, não teria problema. O tal do olho verde seria bem-vindo. Braços menos cabeludos e bunda.

Bom, agora chegarei no ponto de tentar mostrar que há sentimentos nobres por trás dos crentes de ocasião. Quando se reza muito pra alguém ficar bom, é porque se ama quem está doente. Quando se reza muito para algo bom acontecer é porque você ama alguém que vai se beneficiar com aquilo, nem que seja você mesmo. Moral da história: é por amor!

E não é esse o objetivo da fé? Quem ama, crê! Beijo.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Tristeza

Ôpa! O título dá uma assustada, não dá não? Assim sozinha, soberana, a palavra: tristeza. Mas a idéia não é pesar tanto a mão. Só queria falar o quanto eu invejo esse pessoal que fica triste e emagrece. Principalmente, as mulheres. Porque sofrem mais e, conseqüentemente, têm mais possibilidades de emagrecer. (E normalmente precisam mais também, né? Inteligente esse moço que decidiu que mulher deveria sofrer mais. Tudo em prol do equilíbrio...)

Sério. Não quero aqui fazer pouco da dor de ninguém. Ficar triste é péssimo, eu sei. Mas é inevitável. Pior seria se fôssemos seres felizes e saltitantes o tempo todo. Não haveria quem agüentasse. (O pior é que haveria...) Mas, em minha humilde opinião, todos nós precisamos de um ‘going down’ de vez em quando. Uma descansada, uma repensada, reavaliada.

Bom, e já que é necessário, maravilha se houver uma espécie de brinde no fim, como alguns quilinhos a menos! Mas, infelizmente, eu não faço parte desse grupo de elite. Não emagreço na tristeza. Só na felicidade. (A tal teoria do nervosismo que dá caganeira...) Fico puta é com as mulheres que ganham os dois bônus. Emagrecem na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Aí, é sacanagem...

E para me sacanear mais ainda, estou triste num momento pós-páscoa, em que há milhares de ovos e chocolates espalhados em qualquer lugar para onde eu vá. Na minha casa não tem comida, só chocolate e sobras de sobremesa, empurradas depois do big almoço pascal; na casa de mammy há comida mais chocolates e sobremesas; na casa da vovó permanecem os chocolates e mais um monte de comida gostosa que ela que faz; na casa dos meus padrinhos também tem tudo. Não tenho para onde ir. Sou uma homeless. Mas antes uma sem teto do que uma gorda. (as gordas que me perdoem, mas magreza é fundamental.)

Aí, estou tentando ficar o menor tempo possível em lugares em que a comida esteja ao meu alcance. Vou para a praia com dinheiro contado só para o Vaga Certa, a cadeira, a barraca e o jornal. Cinema também. Não vale balinhas. E andar, andar e andar. E dirigir, dirigir e dirigir. Mas tô ficando tonta...

Ei!, tristeza, passa logo. Estou avisando, hein, você vai encontrar uma mulher diferente quando voltar. E diferente, nesse caso, não é bom e misterioso. É gordo!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Maracanã

Sabe quando você volta a um lugar que você não ia há muito tempo? Assim, um lugar que fez parte do seu passado. O colégio onde se estudou, por exemplo. Acho que todo mundo já passou por essa experiência: você volta já adulta, por algum motivo qualquer, ao pátio onde passou inúmeros recreios na infância e acha o lugar incrivelmente menor do que a lembrança que você tinha guardado dele.

A primeira vez que voltei ao meu colégio, fiquei infinitamente decepcionada. Me arrependi de ter destruído a memória de um espaço enorme onde corri, pulei elástico, amarelinha, brinquei de polícia e ladrão, pega-pega, pique-esconde... Aquilo era um mundo! Sempre voltávamos para a aula suados de tanto correr. E quando adentrei as portas enormes do lugar (já não tão enormes assim, mas ainda havia esperança) me deparei com um local apertado em comparação à imaginação.

Mas o meu ponto hoje é: isso não acontece com o Maracanã. O estádio da minha infância continua incrivelmente enorme e com todas as suas lembranças gigantes iguaizinhas. O Maraca não me decepciona. Nunca. Nem quando meu time perde. Imagina, então, quando ele ganha! E imagina, então, quando ele ganha e eu estou lá ao lado do cara que me levava pela mão. Minha mão cresceu. Mas a do meu pai continua enorme. Que nem quando só dava para agarrar um dedo dele.

O Maracanã não faz parte só do meu passado. Continua no presente. Mas a mão do meu pai faz parte do passado. Desde que ele foi perdendo o saco de ir e eu fui indo só, com as minhas próprias pernas. Mas hoje ele foi. E foi de arquibancada. E ficou no meio da Legião Tricolor. E chorou.

De emoção, de alegria, de saudade, de felicidade, de tristeza, de orgulho. Só tinha eu e ele. Quer dizer, havia sei lá quantas mil pessoas, mas só tinha eu e ele.

E pulou. Gritou. Abraçou estranhos. Falou com gente do lado, gente de trás, gente da frente. E eu que sempre grito, xingo, pulo, abraço, fiquei ali quase imóvel, extasiada. Olhando. Olhando aquele cara no contexto dele. Olhando aquele cara enorme fora da função que eu conheço e nasci inserida. Fora da função pai e suas conseqüências e responsabilidades. Ele era ele. Ele, mesmo comigo do lado, esqueceu quem era devido a minha existência, entre outras coisas. Confuso? Vou tentar explicar: conheço meu pai enquanto meu pai, certo? Mas meu pai já era ele, antes de mim. E é mais ele quando não precisa lembrar que eu e toda uma vida que eu represento existe.

Ele no Maracanã hoje voltou ao antigo colégio. Mais que isso. Voltou ao antigo colégio, na época em que o lugar era enorme e todos corriam e brincavam num espaço imenso, sem limites visíveis. Com toda uma vida pela frente.

Eu não queria fazer barulho. Fiquei quietinha, tentando ser invisível. Não queria que nada me tirasse o prazer de ver meu pai no recreio.

Há pouco tempo, falei para alguém que eu adoro, que futebol aproximava pais e filhos. Hoje eu vivi isso na pele. E desejo para todos os pais e filhos e filhas do mundo. Do fundo do meu coração tricolor.

Cantinho do Fluminense

Para deixar placar e comentários registrados. Ganhamos! Não foi assim excelente, mas ganhamos bem. O goleiro paraguaio estranho continuava lá. Mas, desta vez, não deu para ouvir as coisas esquisitas que ele gritava porque eu estava longe, na arquibancada. E Washington está querendo perder seu posto de ídolo. Estava uma porcaria de novo. Dodô voltou a treinar, hein Washington... Se cuida.

Data do jogo :: 02.04.2008 :: 21h45
Local :: Maracanã (eu e Pedrinho na arquibancada)
Campeonato :: Libertadores
Placar :: 2 x 0 (Flu x Libertad)
Extras :: Papai. Meu grande extra!

terça-feira, 1 de abril de 2008

Washington

Não sabia o que escrever hoje. Pensei até em fazer uma espécie de piada e no final falar que era mentira e tal, mas Camila, que trabalha enquanto eu escrevo, não deixou. Disse que eu estou acima disso. Não sou uma pessoa assim tão previsível. Essa é a minha graça. Uau! Senti o peso da responsabilidade sobre os ombros. E o branco total a minha frente.

Aí, lembrei que vi há poucos dias no jornal que hoje é aniversário do Washington. E também lembrei que há pouco tempo comentei com alguém que eu estava a procura de um ídolo no Fluminense. Estava simpatizando muito com o Dodô, mas além deu ainda ter claro na memória a imagem dele com a camisa do Botafogo, o pobre se machucou estupidamente e está fora dos campos. Voltamos a Washington, então.

Não tenho a imagem de Washington com a camisa de outro clube nenhum. E a melhor imagem do Washington pra mim foi quando no jogo Fluminense x Libertad, lá no Paraguai, a câmera aproximou para mostrar os jogadores na área e o Washington não coube na tela. Sua cabeça (que traz muitos gols para o time) ficou fora da área de cobertura.

Eu, meio bêbada e sozinha na hora, achei aquilo muito engraçado e fiquei rindo um tempão. Acho que depois até comentei isso aqui no meu cantinho tricolor. Bom, daí em diante, peguei simpatia pelo moço chamado de Coração Valente. E eu também, como adoradora de filmes de mulherzinha, tenho um fraco por histórias de cortar o coração. E a dele, das tais cirurgias e pontes de safena e ainda assim estar jogando com garra, é bonitinha, vai...

O jeitão do moço, meio desengonçado, sem ponto de equilíbrio é outra coisa que o fez ganhar pontos comigo. Enfim, Washington está em fase de observação. É meu candidato a ídolo no momento. E hoje faz aniversário. Então, parabéns Washington.

Sabe quem também faz mais um aninho hoje? A Ana de Santa Rita. A tal portuguesinha, pra quem eu dei meus papéis de carta. Parabéns também, Aninha.

Só pra terminar, porque pelo meu padrão ainda sobrou um espacinho, vou contar quem já foi ou até é meu ídolo de alguma coisa. Papai encabeça a lista. Sou mais um caso de primeiro filho que veio mulher, mas papai adotou assim mesmo e se tornou um Super-homem para meus olhinhos quase verdes. Na infância, tinha um altar para Xuxa e todas as bugigangas que ela lançava. Na adolescência, Jon Bon Jovi ocupou a porta interna do armário da direita e o New Kids on the Block a da esquerda. Maiorzinha, eu encasquetei com o Senna. Mas acho que era porque um primo mala torcia para o Piquet. Quando decidi fazer jornalismo era caidinha pelo William Bonner e pelo Pedro Bial. O Bial eu ainda pegava, hein... O Bonner acho muito almofadinha hoje em dia. Torci horrores para a seleção masculina de Volley, naquele ano em que tinha o Giovanni e foi ele quem sacou e fez o último ponto do título. Vibrei! Na Seleção Brasileira, gostava da época do Léo e do Rivaldo. Ronaldinho não deu pra idolatrar, nem Fenômeno nem Gaúcho, meus hormônios ainda pediam um pouquinho de beleza exterior.

E, hoje, estou apostando minhas fichas em Washington. Você joga amanhã, hein, rapaz... Se quiser continuar com seu posto, trate de vencer. Porque eu estarei lá. NENSE!