terça-feira, 29 de abril de 2008

Vai dar Merda...

Sabe quando você faz uma coisa que dá para saber que vai dar merda? Mas mesmo assim, acaba fazendo porque o negócio não sai da sua cabeça. Bom, eu fui contaminada por essa nova campanha universal de ‘salve o planeta’ e similares.

Toda hora eu era bombardeada por propaganda, folhetos, televisão. Todos dizendo que precisamos fazer algo responsável para que o mundo de nossos filhos não seja tão ruim. Nossos netos, pelo decorrer da carruagem, nem terão direito a um mundo. (pensando bem, não sei até que ponto isso é ruim... desculpa. Pensei alto só.)

Bom, economizar energia, água, não jogar lixo no chão... Essas coisas, já faço. Por educação e por conscientização antiga. Pra mim, a campanha do uso do cinto de segurança e da economia de energia pós-apagão foram as ações mais bem-sucedidas do Brasil. Impressionante. O que prova que somos capazes.

Provavelmente, economizar água e petróleo não vai beneficiar a nós, mas sim aos Estados Unidos. Se bem que, China e Índia estão aí para acabar com eles. Vamos torcer.

Mas ainda assim, vale à pena.

E eu resolvi agir. Meu erro: resolvi conscientizar a comunidade e não só a mim.

Moro numa vila. Numa vila em Laranjeiras. Na verdade, quase Flamengo. Odeio o Flamengo. O time, o bairro, seus torcedores e seus moradores.

Aí, mesmo sabendo que ia dar merda, encasquetei de convencer os moradores flamenguistas da minha vila de separarmos o lixo.

Fui falar com a síndica. Ela é nova, acabou de assumir. Achei que eu iria ajudá-la sugerindo uma ação populista, que faria bem à imagem dela. Se ela quisesse, poderia assumir a idéia, cuidar de toda a execução e levar os créditos. Eu não me importaria.

Ela não quis. Continuei tentando. Todos os dias, me sentindo a própria crente de elevador que aproveita qualquer oportunidade para encher os infiéis. Preguei com a síndica por dias e mais dias até ver que eu teria que mudar de proposta e oferecer benefícios.

Cheguei lá dizendo que eu (meu marido, claro, que não tinha sido avisado) conseguiria os latões coloridos; faria uma circular (folheto chato de ‘salve o planeta’) e entregaria aos moradores. Se preciso, conversaria com cada um deles; entraria em contato com o depósito de papel e o de plástico que há na nossa rua para arranjar um esquema de recolhimento; e acharia um catador para vir buscar a parte de alumínio. E, por fim, ficaria responsável pelo projeto.

Para o meu total desespero, desta vez, ela aceitou. E, para a minha surpresa (tolinha, eu...), todos já sabiam da causa. Só estavam esperando eu realmente assumir meu posto. É isso. Eu, que nunca fui nem represente de turma, muito menos do grêmio do colégio; passei longe de ser síndica; e sei muito pouco sobre política em geral, uso a tática do: papai votou, voto também, agora cuido do lixo da minha vila.

Vai dar merda...

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