Até ontem, eu era um raro exemplar da espécie feminina, classe média, entre 20 e 30 anos, que ainda não tinha ido a uma cartomante. Minhas amigas achavam inacreditável essa minha resistência. Era quase um E.T.
A última vez que insistiram de verdade para eu ir a uma consulta (?) foi pouco antes de casar. Elas só podiam estar de porre. Evitei em momentos tranqüilos, vou arriscar num momento decisivo desses? Ainda mais eu, a rainha da aversão ao ‘tem certeza’. Até hoje desconfio que só consegui dizer ‘sim’ na igreja porque já tinha bebido umas seis taças de pró-seco na casa da Cândida. (Can Can, saudades!).
Bom, não sei muito bem porque, mas ontem fui a uma dessas moças que tem o (dom) de prever o futuro e adivinhar coisas. O dom ficou entre parênteses porque não acho isso um dom. Acho que deve ser um tédio poder saber das coisas antes delas aconteceram. Adoro o elemento surpresa da vida. (mas, como já comentei, odeio surpresas na prática, tipo uma visita sem avisar. Só para deixar registrado. De novo.)
Bom, uma amiga falou tanto que a mulher era sensacional, acertava tudo e tal, que eu resolvi ir. Estou num momento tranqüilo. Sem questões cruciais. Sem ter que tomar grandes decisões. Achei que a moça não era uma grande ameaça à minha sanidade mental.
Entrei, meio cabreira. Sentei.
- Se abra, minha filha.
E, instintivamente, por puro reflexo, abri as pernas. Mas aí, ela explicou que eu estava fechada para a entrada de energia.
- E como abre para a entrada de energia?
- Você precisa confiar.
- Em quê?
- No seu destino.
Pronto. Começou a falar em um código neutro, onde tudo pode ser uma coisa, mas também pode ser outra. Ela seguiu, com a minha mão aberta em cima da dela. (achei que cartomante só via o futuro nas cartas...)
- Você já se apaixonou de verdade?
- Por quê?
- Porque se a sua resposta for ‘sim’, te direi uma coisa. Se for ‘não’, direi outra.
- Você não deveria saber a resposta?
- Não é assim que funciona. Só posso dizer o que você estiver aberta a saber.
(de novo essa história de aberta...)
- Tá. E se a minha resposta for ‘não sei’.
- Aí, direi outra coisa.
- Ok. Então, vamos por partes. Digamos que eu fale ‘sim’.
- Você ainda tem uma grande busca pela frente.
(Uau. Esclarecedor...)
– Tá. Agora, não.
- Uma grande busca te espera.
(risos internos.)
- Não sei.
- Você vai descobrir que ainda tem uma grande busca pela frente.
- Não é tudo a mesma coisa?
- É.
(continuei olhando para ela)
- Eu conheço a minha resposta. Você é quem tem que escolher a sua.
Está tudo gravado. E eu já ouvi 300 vezes. A única conclusão a que eu consegui chegar é que essa moça sabe como ganhar dinheiro. Fácil.
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