quinta-feira, 24 de abril de 2008

Rubem Fonseca

Vou fazer uma tremenda besteira que eu não deveria fazer. Mas vou. Geralmente, não falo muito do que eu não conheço bem. Vide a falta de temas mais profundos, políticos e econômicos nesse meu humilde projeto de qualquer coisa aqui. Mas estou com uma vontade louca de falar sobre Rubem Fonseca, desde ontem. Não li tudo de Rubem Fonseca. Quase nada, aliás. Não li coisas sobre Rubem Fonseca, nem entrevistas, nem sei muito sobre sua biografia. Ou seja, vou falar sem conhecimento de causa. Então, Rubem (que ainda está vivo), me perdoe se eu escrever um monte de besteiras.

Mas é que o moço (desculpe a falta de respeito) me tocou. Anda me tocando. (Talvez, com duplo sentido). Fui ler “Feliz Ano Novo”, um livro de contos lá do início da carreira de escritor dele, da década de 70. Época da ditadura no Brasil, repressão, censura... Enfim, um livro que, de certa forma, tinha o intuito de chocar. Mas, em pleno 2008, esse choque não me abalou muito e, pelo contrário, no início da leitura estava me soando gratuito. Incomodou. Tipo a bunda do Jorge Fernando, quando fui ver a peça de teatro com a portuguesada. (Acho que eu não tinha dito que era o Jorge Fernando. Bom, agora está dito). Mas continuei. Filme, até consigo largar no meio e sair do cinema, mas livro, nunca consegui.

E fui me envolvendo na putaria, pornografia, palavrões, no submundo descrito e narrado por Rubem Fonseca. E fui gostando. Me acostumando. Me despindo de pudores entranhados em qualquer um de nós. Até em mim, pra ver como essa coisa de sociedade é poderosa. E passei a me sentir em casa. Sem estranheza. Sem cara de nojinho. Sem repreensão.

Talvez haja coisas ali que eu não entenda na plenitude por viver em outra época e não ter passado por aquele período brabo. Mas mesmo essas que não entendi muito bem, deixaram uma marquinha qualquer de verdade nua e crua.

Ainda bem que Rubem Fonseca não desfila muito por aí. É avesso a badalações. O que me faz não lembrar do rosto dele e, nem de brincadeira, pensei em ir procurar fotografias no Google. Quero ficar sem saber como está Rubem Fonseca fisicamente. Até porque, pela idade, ele já é um Senhor, com tudo o que isso significa. Prefiro ficar com a mente de Rubem Fonseca. Essa sim, extremamente sedutora. Imagem por imagem, fico com o Marcos Palmeira em “Mandrake”.

O ser humano ainda é afetado por tudo aquilo que o relembra inequivocamente de sua natureza animal. O homem é o único animal cuja a nudez ofende os que estão em sua companhia e o único que em seus atos naturais se esconde dos seus semelhantes.

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