domingo, 6 de abril de 2008

A Bunda

Não tenho bunda. Nunca tive. Nem malhando muito. (nunca malhei muito...). Meu digníssimo também não tem. Já brincamos várias vezes, dizendo que os coitados dos nossos filhos vão ter problema de equilíbrio, porque serão arqueados pra frente de tanta falta de bunda.

Bom, mas hoje - por pouco tempo é verdade, mas me senti – fui o próprio objeto de desejo de muitos Seltons Mellos no caminho da minha casa até o Aterro.

Fui correr com um shortinho meio curto, mas não tenho bunda mesmo... Não achei que chamaria a atenção. Aliás, para que chamar a atenção no percurso da minha casa até o Aterro? Já disse que se eu pudesse saía com um saco na cabeça. Odeio minha vizinhança. Pronto, falei! E odeio a freqüência do Aterro. Isso eu já tinha falado...

Mas o fato é que assim que coloquei o pé na rua, não teve um ser que não virou o pescoço para olhar para a minha bunda. Mulheres, inclusive. Eu de fone no ouvido, radinho no pescoço, fingia que não era nem comigo. Uma coisa assim, metida, sabe?

Corri até melhor. Me sentindo bem, meio “S.O.S Malibu”. Porque peito, eu tenho! Bom, na volta, foi a mesma coisa. Mesmo suada, com o cabelo lambido e grudado na testa, os olhares para o meu humilde compartimento traseiro continuaram. Até parei para tomar uma água de coco. E nem gosto de água de coco.

Quando estava quase chegando em casa, lembrei que eu tinha combinado de encontrar a minha irmã, no meio do caminho. E que, por isso, eu tinha feito uma coisa que não costumo fazer quando vou correr: havia levado o celular.

Coloquei a mão no bolso detrás do short e lá estava ele, acusando inacreditáveis 17 CHAMADAS NÃO ATENDIDAS! Saí por aí apitando que nem uma louca. Todo mundo ouvindo, menos eu, me achando a gostosona do radinho amarelo nas alturas.

Perdi o encontro com a minha irmã, que após 17 ligações, desistiu de mim e perdi minha auto-estima traseira fugaz, conquistada há tão pouco tempo. Só não perdi mais bunda, algo impossível de acontecer.

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