Era para eu escrever sobre a vovó só no dia 25, aniversário dela. Mas estou com ela na cabeça e achei que valia aproveitar. Esse negócio de ser ‘certinha’ é coisa de vovó...
A minha sempre deixou eu fazer o que eu quisesse. Tá, toda vó deixa. Mas não estou falando só de comer sobremesa antes do almoço, mexer em gavetas, ficar na banheira até bem depois dos dedinhos enrugarem, usar toda a maquiagem e perfumes dela, tirar todos os brinquedos do armário ao mesmo tempo, andar descalça no chão frio... Estou falando de coisas mais libertadoras.
Mais ainda. Como me levar no programa da Xuxa, mesmo eu estando com 38 de febre! E esconder isso de todo mundo. Até da minha mãe.
Há tempos que mamãe estava tentando me encaixar lá nos baixinhos participantes. Havia uma espécie de fila mirim disputadíssima. E não tínhamos pistolão. Foi na base da insistência no telefone mesmo. Aí, conseguiu. Todos nós ficamos eufóricos. Eu iria no programa nº 100. Com direito a bolo no palco e tudo. Faltava só uma semana!
Bom, no dia, muito provavelmente pela minha excitação infantil, acordei pelando na casa da vovó. E tome de Novalgina e nada da febre baixar. Minha mãe me buscaria lá para me levar. Não sei como, vovó conseguiu convencer mamãe de que ela é que iria me levar. Tirou minha mãe da jogada, mandou eu fazer cara de feliz, me colocou uma blusa de manga comprida, duas xuquinhas e fomos.
Não lembro de tudo, mas há um vídeo, uma VHS (céus, estou velha...), que me ajuda a lembrar daquele dia tão importante da minha infância.
Tinha uns seis anos. Mas já era bem espertinha e, mesmo doente, consegui com a ajuda de meus cotovelos um lugar lá na frente. Tive que fazer força com o corpo para trás até o fim para me manter no gargarejo, mas fui forte. Apareço na fita o tempo inteiro. A fita é uma singela gravação, pelo videocassete, do programa real que passou na TV.
Brinquei até de dança da laranja. E roubei. Tava caindo e eu dei aquela empurradinha, sabe? Não ganhei, mas também não fiz feio. Brinquei no mini-parquinho de diversões nos intervalos (sim, tinham intervalos. E a Xuxa desaparecia). E, por último, fui lá cantar os parabéns para o programa nº 100. E, sim, tive aquele momento de ganhar uma revistinha e trocar palavras com a rainha:
- Quer mandar um beijo pra quem?
- Pra minha mãe, pro meu pai e... Pra vovó!
Beijo vó. Parabéns adiantado!
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