Ao contrário da maioria das pessoas que eu conheço, nunca fui muito chegada a surpresas. Na verdade, aquelas cenas de filmes, novelas e seriados em que a pessoa entra no seu próprio apartamento e um bilhão de gente grita: ‘Surpresa!’, sempre me deram um certo frio na espinha. Primeiro, porque eu duvido ser possível aquela gente toda caber em um lugar normal. Impossível ser uma festa agradável. E segundo, que quem ia ter que arrumar a casa toda depois, seria eu.
Pode ser que exista aí um certo rancor encubado por eu ter nascido no Natal e, assim, ficar calendariamente impossibilitada de ganhar uma festa surpresa. Mas tive. Óbvio, que não foi no dia, mas tive. Não lembro a data exata. Provavelmente, em novembro. Ainda assim, o quorum não foi dos mais animadores. Tinha lá meu namoradinho do colégio, o organizador, uns amiguinhos gatos pingados e um urso do meu tamanho que ganhei de presente do tal menino.
Confesso que a primeira coisa que eu pensei quando vi aquele bicho foi ‘onde vou colocar esta merda?’. Nunca fui muito de bichinhos também. Só de verdade. De pelúcia, acho meio nojento. Vai pegando poeira, ficando preto, desbeiçado, duro. E ninguém tem coragem de jogar fora. Aliás, para onde devem ir os bichos de pelúcia velhos? Os de verdade, pelo menos, morrem que nem gente e pronto. Agora, o que fazer com uma família gigante de bichos na hora de se mudar, por exemplo? E não tem essa de guardar para o filho. Tadinha da criança... Já vai usar a roupa dos primos, compra um bicho novo pro bichinho!
Lembrei de outra festa agora. Essa foi organizada pelo pessoal do trabalho. Mas valeu mais ou menos porque eles aproveitaram a festinha de fim de ano, onde todos são praticamente obrigados a ir: quorum garantido. O evento seria na minha própria casa e aí, eles emendaram um bolinho já que estávamos em dezembro... Mas eu realmente não esperava.
Outra imagem infeliz que guardo na memória relacionada ao assunto são aquelas caixas de onde saem uns palhaços medonhos. Cruz credo. Não sou daquelas que têm medo de palhaço por algum trauma infantil, mas esse em particular, me causa arrepios.
Falando em arrepios, uma vez fui pegar meu pai de surpresa porque eu tinha chegado mais cedo do colégio. Abri a porta do quarto e dei de cara com ele saindo do banho, nu. O cara tomou um susto tão grande que deu um pulo tão grande quanto. Tudo balançou. E essa sim é uma imagem infeliz que guardo na lembrança, apesar de já ter lutado muito para esquecer. Há quem diga que eu poderia ter pego meus pais transando. Sinceramente, não sei mesmo se seria pior...
O fato é que, ontem, num trânsito da porra, num humor da porra, fui pega de surpresa. E aquela surpresa bem surpresa, sabe? Eu nem imaginava a possibilidade. Por motivos geográficos até. A cabeça tava desligada para o tema. Aliás, devidamente programada para isso. E aí, surpresa! Adorei.
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