Falta do que fazer é um negócio perigoso. Devia ser proibido pelo ministério da sanidade mental. Aliás, devia mesmo existir um ministério desses...
Vou tentar descrever o que foi eu numa cama, sozinha, tentando dormir às 21h30 da noite porque não havia mais nada, absolutamente nada para fazer. Até pensar já tinha enchido o saco.
Ainda estava em Ibicuí. E, ok o lugar é cheio de lembranças gostosas e tal, mas a verdade é que é realmente um tédio à noite.
Cheguei até a contar carneirinho para tentar pegar no sono forçado. Juro que não me lembrava a última vez em que eu tinha feito isso. Mas não adiantou. Tive que tentar coisas mais pesadas. Peguei emprestado o radinho (não chama mais radinho hoje em dia. Chama I-pod, ela disse.) da minha prima. E, após uns bons minutos aprendendo a mexer no negócio (o que a necessidade não faz...), consegui ouvir funk e outras coisas piores que não consegui identificar. Serviu para distrair, mas para dormir não.
Voltei a usar a cabeça. A pensar. E, lógico, vieram besteiras. Comecei, sei lá porque, imaginando as pessoas da minha família com cortes de cabelos diferentes e bizarros (ainda estou com a neura do assunto ‘cabelo’ no inconsciente). Passei para o mundo na época dos dinossauros (?). Depois fui para o futuro. Mas meu futuro não era nada original e sim, uma cópia escrachada do filme “De Volta para o Futuro algum número”.
Mas aí, apelei. E comecei a pensar no meu enterro. Em quem iria ao meu enterro. Acho que bastante gente já fez isso. E não foi a minha primeira vez, assumo. É um pouco mórbido, mas divertido e aconchegante. Sim, porque na minha cabeça, as pessoas estavam péssimas. Meu pai destruído e revoltado. A vida dele acabou ali. Minha mãe inconformada e cheia daqueles livros tipo “Violetas na Janela”, tentando mentalizar que eu estava bem, num mundo melhor todo azul bebê e com pessoas correndo, vestidas de branco e sorrindo. Tatiana em pânico. O que seria dela? Quem tomaria conta dela no futuro? Ninguém tinha tido coragem de contar a vovó, por isso ela não estava lá. Amigos. Muitos amigos. Mais amigos que amigas. Mais homens do que mulheres. Todos arrasados. Que desperdício...
Bom, quando surgiu um sorrisinho de canto de boca enquanto imaginava meu próprio enterro, achei que era hora de parar. E terminei a noite, olha só!, trocando torpedos picantes com meu próprio marido. Que estava longe. Incrível! e maravilhoso.
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