quarta-feira, 30 de julho de 2008

Salada Mista

Fui reler meu texto sem saco de ontem e fiquei com ‘salada mista’ na cabeça. A Salada Mista brincadeira de criança. De adolescente, talvez. Se bem que as minhas Saladas Mistas começaram aos 11, 12 anos. Considero criança. Dei meu primeiro beijo ainda criança. Não, não foi numa Salada Mista. Até o beijo, de língua, minhas Saladas Mistas eram só aperto de mão, abraço, beijo na bochecha e estalinho. Aliás, havia uma outra brincadeira: pique-estalinho. Um ótimo treinamento para as corridas da aula de educação física. Sim, porque ninguém queria ser beijada pelo gorducho suado. É, funcionava assim: meninos corriam atrás das meninas. Pegou, tem que receber um estalinho.

Mas a salada mista era mais focada. Já que quem tapava o olho da pessoa estava devidamente mancomunado com ela. E aí era tudo combinandinho. E, eu, depois do primeiro de língua decidi que podia brincar da salada mista nível 2. Agora, podia chupão. Na boca e no pescoço. É, daqueles que deixavam um roxo indesejável, mas que, no fundo no fundo, dava um certo orgulho.

Assumo que gostava da brincadeira. Sempre gostei de beijar. E era um jeito de beijar sem ser chamada de galinha. Afinal, estava tudo dentro das regras. Beijei quase a minha turma toda da 5ª série. Menos o gorducho suado. Esse eu fui beijar muito tempo depois, quando ele ficou impressionantemente alto e atlético e – importante - nada vingativo.

Se eu tivesse que dar um peso para o beijo no relacionamento, ficaria nuns 70%. Juro. Quando estou beijando e sinto que tem sintonia, me entrego rapidamente e escuto os sininhos imaginários. Um beijo bom acaba com mau-humor, com baixa auto-estima e cura ressaca. É. Funciona comigo. Posso estar péssima, me arrastando, com cara de cansada. Mas se acontece um beijo mágico, vem energia lá de dentro e posso dançar forró até de madrugada. Com direito a rodadinhas, hein.

Mas sempre fiquei pensando por que a Salada Mista se prendeu ao universo infanto-juvenil. Olha que falta de senso de oportunidade de nós todos. Quando estamos mais crescidos e aprendemos coisas interessantíssimas de se fazer com o coleguinha, ficamos inibidos. Aí, a brincadeira vira verdade ou conseqüência. Tá. Em algumas conseqüências alguém fala para fulano beijar ciclano. Mas Salada Mista é muito mais objetivo. Fora que, com as devidas atualizações, as opções poderiam se transformar em chupada, dedada, mamar peitinho, 69 e o que a imaginação mandar. Olha que ótima maneira de legalizar uma suruba! Da mesma forma que quem brincava de Salada Mista estava protegido pelas leis do jogo, hoje em dia ninguém seria piranha, promíscua e essas coisas. Tudo em prol da brincadeira.

ps: E atenção! A macumba chegou ao universo virtual. Vale à pena dar uma conferida. - http://www.macumbaonline.com

4 comentários:

Paula disse...

Faltou uma certa brincadeira na sua salada mista... nem de brincadeira vc coloca isso ne, tamanho o trauma.....hahahah beijo!

isabella saes disse...

hahahaha!!! sininhos imaginários, adorei!!! mas, peraí, uma suruba assim mesmo em plena luz do dia? acho que minha caretice falaria mais alto...

Adriana disse...

Foi só para dar ibope, Bel. mas não conta para ninguém. preciso manter a minha imagem.

Ana B. Galeão disse...

caraca! nunca tinha pensado nisso!