quinta-feira, 3 de julho de 2008

Eu não acredito...

Essa era a única frase que a minha irmã conseguia falar na saída estranha e triste de um Maracanã com 80 mil pessoas mudas. As revoltas ou qualquer outro tipo de reação foram vindo bem aos poucos. Inclusive as minhas. Demorei um longo período andando a esmo sem objetivo pela vida.

Sabe quando um filho chega muito decepcionado para você por algum motivo e não há o que fazer, só sentir um aperto no coração do tamanho do mundo? Então, foi mais ou menos o que eu senti. E eu nem tenho filho. Mas foi exatamente assim que eu me senti. Não sei se eu era o filho decepcionado ou a mãe com o aperto no coração. Talvez, os dois. Senti o aperto por mim mesma.

O estado catatônico era tamanho que nem consegui pensar na dor do meu pai ou de qualquer outro. A minha já era suficiente e tomou conta.

Eu ainda não acredito. Não foi isso que eu planejei e eu realmente, nos últimos dias, estava acreditando na vitória. E jogamos bem. Fizemos quase tudo o que precisávamos. Vergonha não foi. Revolta, nem tanta. Teve lá o pênalti não marcado, mas também o impedimento deles que não havia, talvez a gente tenha diminuído o ritmo quando não devia... Mas como é que eu vou me revoltar com o Conca? Perdeu o pênalti, mas para mim foi o melhor jogador da Libertadores. E o Thiago Neves? O cara fez o 2º gol em Quito e mais 3! aqui. Perdeu o pênalti também, mas o goleiro foi meio filho da puta, o juiz também... Washington. Washington me ganha pela simpatia, pelo sorriso. Não consigo crucificar o Washington, mesmo que ele não tenha feito muita coisa e perdido, de novo, um gol de cara para a rede. Gosto do Fernando Henrique e há que se dizer que o nosso goleiro é um campeão. Talvez eu tenha sentido um pouco de raiva do Renato Gaúcho. Mas não dá para falar em culpa e responsabilizar o cara. Bem ou mal perdemos três cobranças de pênalti. Como assim?

Enfim, puta? Não. Triste. Só triste. A gente merecia. Nunca vi a cidade como ontem. Nunca vi o metrô como ontem. Nunca vi uma festa no Maracanã como ontem. Dava graças a Deus por ter nascido exatamente na época em que eu nasci, para estar com a idade que estou para presenciar com a cabeça e o coração que eu tenho hoje tudo aquilo.

E agora? Vou jogar tudo lixo? Acho que não. A noite não terminou como eu queria. A História não foi escrita como eu queria. Mas uma coisa eu preciso dizer:

Muito poucas coisas na vida já me mobilizaram tanto. Diria até que nenhuma. O tamanho da tensão, euforia... o tamanho da pulsação interna do meu corpo ontem foi inédito na História. Na história da minha vida. Não vou tirar a camisa. Ela não merece. Que nem eu não merecia.

E o dia segue nublado no Rio de Janeiro...

2 comentários:

Anônimo disse...

Já me sentí assim muitas vezes (cansei de perder Libertadores), a sua é a primeira..vai passar !Quem mandou levar camisa pro Lula ...kkkkkkkkkkkkkkk ele é pé frio.

Abs
Francisco/Sto.André

Coisa Fina disse...

Amiga querida,
Não fica triste. Futebol é assim mesmo e você é como eu. Eu não visto a camisa do Botafogo só quando o meu time ganha, mas quando perde também. Já torci para o meu time ganhar o brasileiro, já fui até Curitiba para torcer para o time não cair pra segundona, já vi o meu time ser quase-campeão tantas vezes, já morri de raiva e de amor pelo Fogão, mas nunca deixei torcer por ele.
Não posso deixar de discordar com o nosso amigo aí de cima... quem foi o macumbento que levou a camisa para o Lula?
Beijos