segunda-feira, 28 de julho de 2008

A Arte de Contar Piada

Ainda sou outra. A mudança permanece. Só para constar.

Bem, é muito difícil contar uma piada direito. A pessoa precisa ter o dom para a coisa. Decididamente, não é para qualquer um. Aliás, diria que é para poucos. Eu, por exemplo, não estou incluída nesse grupo seleto. Do qual, assumo, gostaria de fazer parte. Acho que um dos prazeres da vida é fazer rir. Ok, existem outras maneiras de alcançar esse objetivo, maneiras que eu utilizo diga-se, mas uma piada bem contada que consegue uma gargalhada bem dada deve ser uma delícia para quem conta.

Eu sou de riso fácil. Rio de qualquer bobeira. Nasci pré-disposta a sorrir. E adoro ser assim. Tem tempo que não tenho aqueles ataques de bobeirol, nos quais a barriga fica doendo de tanto dar risada sem saber muito bem porquê. E nem estou falando de recursos alucinógenos. Estou me referindo ao riso solto e natural.

Mas o fato é que está cheio de gente por aí que acha que pode contar piada e não pode. E esse coitado é tão mala nessa hora que nem os amigos conseguem dizer que essa não é uma de suas habilidades.

Sem puxar o saco, juro, mas meu pai é um ótimo contador de piadas. Aliás, de piadas e de causos. Exagera que nem eu, dá aquela manchete sensacionalista e tal, mas o cara é cativante. Sustenta. E olha que ele nem é daqueles performáticos, sabe? Que faz sotaques, mímicas, caras e bocas. Não. Ele é rápido no gatilho. Sem paciência, também que nem eu, vai direto à graça da coisa. Sem perder o timing. Invejável.

Mas tem esses outros tipos que, dependendo do talento, até dão para encarar. Meu amigo Fernando Caruso é desses que faz suspense e alonga um pouquinho a história até ter certeza de que estão todos de olhos grudados nele. Funciona. Morro de rir.

Tem gente que é palhaço por escrito: e-mails, mensagens... mas, ao vivo, é sem graça toda vida. Se a pessoa tem essa consciência e se limita ‘ao papel’, ótimo. Quando não tem, é uma decepção misturada com crise de identidade dos outros em relação a ela. Como assim? É a mesma pessoa? Será? Que coisa...

Como falei não sou boa nisso, mas para fechar, vou tentar deixar escrita a última contada por papai, que me inspirou a escrever sobre piadas hoje:

O coroa (bem coroa mesmo, na casa dos 80) chegou no médico e mandou para o doutor:

- Dr., minha mulher de 20 aninhos está grávida! Ela disse que eu sou o pai. Você acha que fui eu mesmo, Dr.?

- Vamos com calma. Deixa eu contar uma história: um caçador saiu para caçar e na hora em que ele atirou, saiu da arma um guarda-chuva. Manja aquelas armas de mágico?

- Sei, sei.

- Então, mas, mesmo assim, o bicho na frente dele caiu mortinho.

- Ah doutor, foi outro que atirou...

- Exatamente.

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