segunda-feira, 21 de julho de 2008

Praia para Bebês

Na verdade, eu ia colocar “Mico” no título. Mas, seguindo a linha de busca no google, achei que “Praia para Bebês” seria mais facilmente pescado. Deve ser, pelo menos. Porque ontem, domingo, parecia que só eu estava achando incrível a estrutura montada no Arpoador para bebês e crianças pequenas freqüentarem a sua própria praia.

O mundo está mesmo muito evoluído. Tem tudo quanto é brinquedo; piscinão na areia; carrinhos mil estacionados e enfileirados na calçada numa boa, dizem que ninguém rouba porque o cara da barraca olha (é, há flanelinha de carrinhos, mas é de graça. No máximo, uma água de coco para colocar na mamadeira das crianças); barracas com direito a algo relacionado à praia dos bebês escrito, não me lembro exatamente o quê; trocador e etc etc etc. Um parque montado no território mais livre que há, que possibilitou a pais e mães continuarem freqüentando a praia sem que os pentelhos quisessem ir embora rápido. Genial.

Uma coisa me impressionou. Tudo bem que era domingo, mas mesmo assim. É que não vi nenhuma babá no recinto. Não é incrível? O parquinho lá foi tão bem aceito pela sociedade de Ipanema que são os próprios pais e mães que tomam conta dos seus filhos com prazer. Ou seja, o negócio é realmente eficiente e prende a atenção dos pequenos a ponto dos pais acharem que são capazes de dispensar a folguista. Fiquei de boca aberta. Queixo caído.

Por que fui até lá? Tenho um afilhado que mora no Arpoador. E ele, com 1 ano e 7 meses, freqüenta a praia bem mais que eu. O point do garoto é lá. Tentei forçar a barra e levá-lo até a Vinicius, onde costumo ir, mas não teve jeito. Estávamos andando na calçada e, quando chegou a bebelândia, ele simplesmente parou me olhando como quem diz: ‘Chegamos’. Foi aí que levantei a cabeça e enxerguei o paraíso na areia.

Fui me adaptando aos poucos. Estava tentando descer com o carrinho numa mão e ele, na outra, quando rapidamente um rapaz devidamente uniformizado, com a mesma coisa escrita da barraca, me socorreu e me mostrou o estacionamento. Cheguei a exitar em deixar tudo ali, mas ele me garantiu que estava tudo bem. Confiei nele. Depois, me ofereceu a tal água de coco. Entendi que era uma forma de pagamento em ambiente infantil e aceitei. Ele mesmo pegou a mamadeira na bolsa do Arthur e a trouxe de volta cheia.

Descemos e, nesse momento, saquei que os brinquedinhos que eu havia trazido para ele brincar na areia eram totalmente inúteis diante daquilo ali. É como levar uma criança a Disney e oferecê-la a sua boneca ou o seu carrinho. ‘Não, brigada’. Fiquei preocupada em relação às outras crianças. Mas ele tinha amigos. De longa data, parecia. Rapidamente, se enturmou e, aparentemente, não precisava mais de mim. Pensei no que fazer. E me veio uma idéia.

Acompanhem: não tenho assim o corpo de uma garota de Ipanema. Ok, nunca deixei de ir à praia por isso (tá, deixei algumas vezes). Mas nunca pude sair serelepe, desfilando, achando que eu estava abalando. Aí, o que eu pensei: num ambiente de mães de recém-nascidos e crianças pequenas, eu devia estar bem, certo? Melhor ainda: todos ali iriam achar que eu era a mãe da criança. Ou seja, eu estava ótima! Tirei a roupa toda. Fiquei quase nua, ali naquele lugar família.

Minha felicidade durou pouco. Mães e mães de Ipanema são coisas bem diferentes. Foi passando o tempo e elas foram aparecendo, vindas do mar, para trocar com os pais. E elas é que estavam ótimas. Até as grávidas! Acreditem. Tinha uma lá com uns 8 meses, do segundo filho! E era só a barriga. Vaca... E eu achando que os pais não olhavam para mim em respeito aos pequenos. Nada. Estão muito bem servidos em casa.

Mas, por orgulho, continuei pelada e dando uma leve encolhida na barriga. Mas tudo começou a ficar meio sem graça. O paraíso estava virando inferno. E o Arpoador se transformava numa espécie de Posto 9. Achei que era hora de ir embora quando um dos rapazes uniformizados veio me chamar atenção porque eu estava sentada na cadeirinha das crianças, brincando com o Arthur. Micão. Senti os olhares das mais experientes.

Pegamos o carrinho e fomos embora. Ele que volte lá com a mãe dele.