sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Pessoas que a gente Esquece

Antes, esclarecendo: o ‘dar mole’ a que me referi é algo bem inofensivo. Ou não é pensado para que seja um perigo. É muito mais gostar de gente interessante e se mostrar empolgada com isso do que uma coisa ‘piranhão’, sabe? Esqueço que tenho mais leitores do que eu acreditava possível e que dentro desse grupo há pessoas que não me conhecem tão bem. Algumas delas ficaram cabreiras comigo. Não precisa. Falei de onda e, ok assumo, um pouco também para afrontar a tal pessoa que falou a frase lá para mim. Mas viremos a página:

- Oi!

(...)

- Tudo bem, Adriana?

- A hã. (e um sorriso amarelo)

- Como você está? Quanto tempo!

- Bem.

- Você não lembra de mim, né?

(...)

- Não tem problema. Fulano. Do Céu.

(...)

- Saía sempre eu, você, a Beltrana e mais outras pessoas que eu esqueci o nome...

- Ah! Estou lembrando. Você teve uma filha?

- Tive.

- Lembrei. Com a Ciclana.

- É.

E não tínhamos mais assunto. Até porque eu só lembrei disso mesmo. Até vieram algumas cenas na minha cabeça e tal, mas nada muito firme. Não consegui lembrar pra onde exatamente a gente ia. Nem conversas significativas ou algum dia significativo. Até porque a Beltrana é aquela tal que eu me libertei após anos de cativeiro. É de se esperar que eu tenha apagado algumas coisas referentes a ela e minha vida com ela no passado.

Mas, enfim, me deu um certo arrepio pensar que há várias pessoas que já passaram pela minha vida em algum momento que, se eu nunca mais encontrar, estarão esquecidas eternamente. Nem encontrando ajuda muito...

Tá. Não é preciso grandes dramas. Se a pessoa fosse importante mesmo, eu lembraria. Não sei. Será? Me perguntaram outro dia em quem eu dei o primeiro beijo. Fiquei na dúvida. Falei um nome, mas dei uma rateada. E, nesse caso, lembrei do nome, mas não consigo ter lembranças das sensações lá do beijo. Nenhuma. Não sei nem dizer se eu achei bom ou ruim. Nem como eu estava antes. Se eu estava aflita, se foi de surpresa, se foi de caso pensado, o que aconteceu depois... Nada. Branco.

Tentei fazer uma espécie de retrospectiva da minha vida. Fiquei um tempo pensando e vendo qual seria a primeira memória de criança que eu tenho guardada. De novo, só coisas misturadas, confusas, imagens embaçadas. Nada muito claro. Lembrei de algumas amiguinhas de infância, do porteiro da minha creche!, mas de alguma professora... nenhuma. Fui para o tempo de pré-adolescente e consegui resgatar alguma coisa das brincadeiras de pique-esconde pelo prédio e veio todo o meu grupinho da época na cabeça. Mas não vale muito porque eles ainda moram no prédio dos meus pais e eu ainda os vejo. Talvez por isso eu não tenho esquecido deles....

Depois, dei uma cansada. Fiquei desestimulada. Mas saí desse exercício com uma certa nostalgia, uma saudade não sei muito bem de quê, ou melhor, de quem. Porque é uma saudade de gente. Mas gente que eu não lembro direito, ou não lembro nada. E, talvez por isso, foi uma saudade maior, mais dolorida.

5 comentários:

Suellen Analia disse...

A gente esquece sem querer, eu acho.
O problema é que tem gente que se fecha no seu mundo, e esquece das outras pessoas ao redor. E quando acontece uma situação como essa, já era...literalmente.

Não que vc seja o caso de uma pessoa assim, até porque, só te conheço por blog! rsrs
Escrevi algo relacionado a isso no meu blog...

Beijos!!!

Bruna Axt disse...

Sabe o que eu acho mais esquisito, Dri? Que há pessoas que em determinado momento foram MUITO próximas de vc, e um tempo depois elas já não são nada além de conhecidas. E aí a pessoa passa do seu lado na rua e vc pensa "gente, esta pessoa sabe que eu dei pra Fulano, que eu tive tal pereba, que eu não gosto de Cicrano..." E vc se sente ameaçado! Pq vc faz várias amizades destas ao longo da vida, então acaba que muitas pessoas guardam informações comprometedoras a seu respeito... e como garantir que elas vão guardar segredo, agora que vc não é mais tão querido? Juro que eu tenho medo! Hahahhahaha!

beijos

Suellen Analia disse...

Bruna, eu é que tenho medo de imaginar o que vc anda contando por aí e pra quem... hahah
Isso que vc falou acontece sempre, é incrível.
Conhecemos tal pessoa, depositamos uma confiança absurda nela, e não sei o que acontece dentro de 6 meses, que faz tudo isso mudar. A gente vai se afastando aos poucos, até mesmo sem perceber.
Eu, hein...

Adriana disse...

meninas do meu coração, pois é. esse tb é um ponto a ser pensado. mas como eu esqueço tudo, inclusive, o q eu contei pra quem, não penso muito nisso... é capaz de alguém chegar pra mim e dizer: lembra daquela pareba? e eu jurar q não tive pereba nenhuma... aliás, gostei desse assunto: perebas.

adorei vc aqui Bruna! minha querida Axt, certo? por um momento fiquei na dúvida...

Anônimo disse...

O tempo corrói tudo que é perecível, portanto, nossos pensamentos e nossas antigas amizades estão sujeitos ao mesmo fim.

O bacana de se reencontrar pessoas que não vemos há tempos, mas que efetivamente marcaram em nossas vidas, é que bastam 5 minutos de papo para àquela intimidade voltar, normalmente, como se tivéssemos falado ontem ao telefone.