domingo, 15 de junho de 2008

Nada Óbvio

Lembra da crônica do pastel? Aquela que eu falava em sair da rotina?

Bom, primeiro eu quero falar como é gostoso voltar a ler um livro. Estava há um tempo só na leitura do dia-a-dia (que, pra mim, significa O Globo e Globo.com. Sou totalmente vendida para a máfia do falecido Roberto Marinho) e bobeiras, como blogs alheios, revistas de fofocas e sites de celebridades. Bobeiras essenciais para a minha vida, hein! Não estou menosprezando.

Enfim, estou de volta a uma leitura construtiva. O livro é “A Menina que Roubava Livros”. (ok, estou atrasada. Todo mundo já leu. Mas isso é comum. Sempre leio um pouco atrasada. Li “O Código Da Vinci” bem depois do burburinho).

Mas o fato é que estava me sentindo superficial demais, sem conteúdo. Nada contra. Mas acho que não pode estender muito essa fase vazia. O ideal é ir revezando, equilibrando. Uma “Caras” aqui, um Machado de Assis ali, um “Ego” acolá, um Nelson Rodrigues...

E eu, com minha mania de pinçar frases, bati o olho em mais uma que me encantou. A situação era a seguinte: uma mãe e uma filha, que viajavam num trem, foram surpreendidas com a morte do filhinho menor. As pobres precisaram saltar na estação seguinte e enterrar o pequeno. Fazia um frio horroroso. E, após a saga toda, as duas pegaram outro trem para continuar o destino anterior. Nesse momento, em que a menina senta, ela diz a seguinte pérola (sem ironia, nesse caso):

“E seguimos viagem como se tudo tivesse acontecido”.

Não é genial? A gente sempre usa certas frases, expressões, de um determinado jeito, engessado. Às vezes, nem prestamos atenção no significado. Vira defaut. E, de repente, se invertermos o sentido, olha só que coisa mais profunda.

Perdi a conta de quantas vezes falei “como se nada tivesse acontecido”. Na maioria delas, meio puta com alguém ou com um tom meio debochado. ‘Fulana falou comigo, na maior cara de pau, como se nada tivesse acontecido’. ‘Entrei, peguei minhas coisas e saí, como se nada tivesse acontecido’. E etc, etc, etc.

Agora, sentiram o peso embutido nesse ‘como se tudo tivesse acontecido’ da menina do livro? Toca fundo. Mostra dor, sofrimento. Enfim, me fez prestar uma atenção do cacete e sentir profundamente aquele momento ficcional. Essa é uma das grandes coisas que me faz querer escrever bem. Esse poder pelas palavras de mexer com as pessoas.

PS: E o Jamelão, hein... Vai com Deus...

Faltam 10 dias para o 1º jogo e 17 dias para a final.

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