quarta-feira, 18 de junho de 2008

Ex-marido

Já passou de meia-noite. Então, já posso escrever de novo. É que não quero perder o frescor da coisa. Acabei de debater o assunto no carro, voltando para casa. Estou com um probleminha básico. Um detalhe na minha vida que está atrapalhando a minha imagem. É que toda mulher moderna e bem-resolvida que se preze tem um ex-marido, certo? Pois é. Eu não tenho. E não está combinando com o meu estilo independente, cool, prafrentex...

Levei a questão ao meu próprio marido. Segundo ele, eu ainda estou nova. Dá tempo dele desistir de mim. Ele disse que deve me largar quando eu estiver com uns 40. Foi aí que me emputeci. Ah não. Com 40 não! Se for largar, tem que ser antes.

- Quando? Agora?
- Não. Mas precisamos impor um limite.
- Qual?
- Sei lá. Um limite que ainda dê para eu ter filhos.
- Filhos? No plural?
- Sim. Acho que quero dois.
- Porra, então tenho que te largar logo. Você não é mais nenhuma garotinha...
- De novo essa história. Sou sim. Tenho cara de criança.
- Já contou isso pro seu útero?
- 33.
- O limite?
- É. Se você for me largar tem que ser até os 33.
- E você acha mesmo que vai conseguir casar de novo aos 33, desesperada e sem filhos?
- Não estarei desesperada. Tem um monte de gente que casaria comigo.
- Quem?
- Não vem ao caso.
- Coitado. Avisa para ele que é melhor não pedir referências.
- Eu posso ter filho antes, com você mesmo e depois separar. Aí, é mais fácil alguém me querer.
- Com dois filhos e um ex-marido?
- E daí? É super moderno. São as famílias do novo milênio. Uma salada. Dois pais, duas mães, um monte de irmãos. O negócio é casa cheia!
- Casa cheia e dinheiro.
- É verdade. Custa mais caro.
- Divórcio também. Custa uma grana.
- Quanto?
- Não sei direito. Mas já fui ver uma época e era tão caro que desisti.
- Como assim? Você ia se separar de mim?
- Claro né, Adriana. Só casei com você.
- Por que você nunca me disse?
- Já disse várias vezes.
- Não. Que foi ver quanto custava o divórcio. Eu podia dividir os custos.
- Não, não podia.
- Joga na cara que eu ganho pouco, joga.
- Você ganha pouco.
- Eu ganho pouco, serei uma separada sem filhos e com 33 anos ou com dois filhos e um ex-marido e você não vai dar referências. Talvez seja melhor eu ficar com você mesmo.
- Eu também acho.
- Mas lá pelos meus 30, uma coisa meio crise e tal, a gente pode se separar só para os olhos da sociedade e depois voltar? Assim eu ganho um ex-marido para a minha imagem e no fim das contas fico com você mesmo. Olha, é mais moderno ainda! Pode ser assim, então?
- Não sei. Vou pensar.
- Até quando? Tem que ter um limite...

7 dias para o 1º e 14 para o 2º...

Um comentário:

Festa Grog disse...

você é muito doida, minha querida. Mas admiro seus pensamentos e a coragem de coloca-los para fora.