sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Comportamento Infantil

Pessoas são realmente muito engraçadas. As que você conhece bem, então, ih... essas vivem surpreendendo.

ELE. Bom, conheço quem dorme ao meu lado todos os dias, certo? Mais ou menos.

Ele sempre foi mais quieto do que extrovertido. Mais calado que falante. Mais elegante que escrachado. Mais fino que despachado. Resumindo, mais chato do que eu.

Bem, desde que os meninos (é assim que nos referimos aos portugueses que aqui estão) chegaram, meu morno marido não é mais a mesma pessoa.

De uma hora para outra, subiu uns três ou quatro tons. Alto, ele sempre falou, mas agora ele grita. Piadinhas meio sem graça sempre fizeram parte do repertório. Mas agora ele sacaneia qualquer coisa ou pessoa o tempo todo. Eu sou o alvo preferencial. Na mesa de bar é o que mais conta histórias. Em casa, é o último a dormir. Tem saído mais que eu e ri mais alto do que qualquer ser num raio de 1km. Que passa?

Se a gente fosse criança ou adolescente, eu poderia dizer que ele está tentando aparecer. Mas ficaria meio ridículo um cara de trinta e poucos anos, competir por atenção. Não combina.

Mas qual a explicação, então? Só consigo pensar em algo relacionado a uma felicidade genuína que vem de um sentimento sincero de estar adorando ficar mais perto da família. Talvez para quem sempre conviveu bastante com pai, mãe, irmãos e primos, como eu, por exemplo, isso passe meio batido. Mas para uma pessoa que cresceu quase que solitário com os pais se dividindo entre Brasil e Portugal; que teve poucos eventos e festas que reuniam a criançada toda; enfim, que não teve uma convivência familiar freqüente, isso seja algo que empolgue de verdade.

E aí, faz todo o sentido ele voltar à infância ou adolescência e ter um comportamento meio infantil. É como se ele estivesse vivendo uma fase que não teve. Uma fase tardia. Mas tão necessária, que aparece até assim, quando o sujeito já é homem feito.

Bem, depois que fiz essa análise, em vez de reclamar que ele está ‘over’ e reprimir a criança, eu fico observando de longe os gritos em competições de vídeogame; os sorrisos estridentes de madrugada por ter ouvido alguma traquinagem; perdôo quando ele chega bem mais para lá do que para cá junto com os outros dois que também não se agüentam em pé; deixo fazer piada comigo o tempo todo e ver como isso causa risinhos prazerosos; vou lá assisti-lo jogar basquete; ponho roupa fedida para lavar; não reclamo de areia pelo chão e nem de pratos, copos e tudo quanto é coisa espalhadas pela casa; e sei direitinho quando é e quando não é para eu participar da brincadeira.

Como recompensa, eu ganho um olhar de cumplicidade e agradecimento que não tem preço, tipo o comercial do cartão de crédito. E quando quem você ama está feliz, o que fazer senão ficar feliz também? É bem mais fácil assim.

3 comentários:

Paula disse...

vem cá... esses "meninos" não eram super educados, lavam sua própria louça e roupa????? Propaganda enganosa? Ou foi piada de português?!

Adriana disse...

pois é. os meninos são ótimos mesmo, quem resolveu virar arruaceiro (como dizem os portugas) foi ELE. mas estamos nos adaptando.

Anônimo disse...

Pois é, o q importa é a história ficar interessante...