sábado, 24 de maio de 2008

Vinicius

Atenção, meu astral mudou. Vou falar de algo um pouco pesado. Sintam-se totalmente à vontade para parar por aqui.

Já falei o quanto fico desconfortável com o tema morte, não já? Acho que já. Bom, sem embromações, um amigo foi assassinado. Forte, né? É. Pra caralho. Mas ainda estou naquela fase do ‘não caiu a ficha’.

Bom, não sou fã daquelas pessoas pessimistas e que só falam de desgraça. E nem sou dessas desacreditadas na vida e no ser humano. Mas quando o negócio acontece do seu lado é impossível não dar bola.

Fui acordada por um outro amigo pelo telefone que deu a notícia. Nessas horas, você faz o quê? Diz o quê? Nem ele sabia bem como contar e nem eu sabia bem como ouvir. Aí, você sai avisando para outras pessoas. Mas e aí?

Tudo é muito estranho. Meio non sense. A última vez que vi o Vinicius foi num chopp da galera da faculdade há um mês mais ou menos. Falamos um monte de besteiras e ele ficou de me ligar para marcar uma visita para eu apresentar minha produtora na agência de publicidade onde ele trabalhava. Depois disso, claro, a coisa ficou meio esquecida.

E aí, a próxima notícia que tenho dele é que ele está morto. Tomou um tiro no peito, defendendo o pai, de uns marginais que ficaram com raiva deles terem reclamado do som alto vindo de um carro no meio de uma praça.

Não é tudo muito surreal? Passei anos trabalhando num lugar em que ouvia tiros quase todos os dias e já não prestava mais atenção. E agora sei de um amigo que foi barbaramente assassinado e não acho a coisa tão estapafúrdia assim. É algo que acontece. Mas, caralho!, não era pra acontecer, certo? Estamos mesmo vivendo uma época em que pra morrer basta estar vivo.

Sou brasileira e adoro morar no Brasil. Meu marido é filho de português e quer morar em Portugal. Até aqui, estou enrolando. Adiando. No fundo, não quero. Mas e aí? É aqui que eu quero ficar? Entrando bem no lugar comum, é aqui que quero criar meus filhos? É um assunto a se pensar. A sério.

Fora isso, também vivi um turbilhão desnecessário que eu não estava preparada. Sempre acho que me conheço bem e, principalmente, meus sentimentos e reações. Balela. Sou freqüentemente traída por mim mesma. Não tenho absolutamente nenhum controle.

E ainda perdi a chance de tirar uma foto com o Renato Gaúcho. Sei lá porquê. Fiquei constrangida achando que a mulher dele estava do lado.

Vinicius, seu copo estará sempre na mesa com a gente. Descanse em paz.

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