quarta-feira, 7 de maio de 2008

Decepção

É pior alguém te decepcionar ou você decepcionar os outros?

Estou com isso na cabeça desde que na minha última viagem, aquela a Tiradentes, surgiu um papo bizarro sobre o que cada um preferia: ter um filho mudo ou um filho viado.

Nada com nada, mas minha cabeça funciona assim. E aí, me veio isso agora. Ah, só para constar, preferia um filho viado. Não ia agüentar um filho mudo... teria um nervoso louco.

Bom, pelo mecanismo da minha personalidade, eu, a princípio, diria que é pior alguém me decepcionar. Mas sabia que não é? Pois é, convivo com um receio constante de decepcionar os outros. Em tudo. Tenho medo de decepcionar meu pai, em primeiro lugar, que me acha, sei lá porque, a mais esperta, mais inteligente, mais bonita, mais... do mundo! Medo de decepcionar meu marido que parece sempre esperar bem mais de mim do que eu posso dar. Medo de decepcionar alguns amigos que eu também tenho certeza que às vezes queriam mais e eu, sem perceber, não dou. Medo de decepcionar todo mundo que lê o que eu escrevo por não ter coisas interessantes para escrever. Saco, né?

Sou insegura. Nunca acredito no meu pai, por exemplo. Não me acho isso tudo aí. E preciso ouvir um milhão de vezes que alguém gosta de mim, se não, não acredito. Às vezes, prefiro assim até. É mais fácil gostar sozinha. Assim, posso gostar e desgostar a hora que eu quiser, sem achar que vou magoar alguém.

Outra pergunta: é mais difícil pedir desculpas ou ouvir desculpas?

De novo, contra a concorrente, acho mais difícil ouvir. Fico extremamente desconfortável diante daquela situação em que há alguém na minha frente se sentindo desconfortável. Não sei lidar. Dou a impressão errada. Um horror. Prefiro aquela relação de coisas subentendidas, sabe? Que, prestem atenção, é diferente de empurrar para debaixo do tapete. Sou a favor de voltar a falar como se nada tivesse acontecido sim, mas há um olhar cúmplice de desculpas, um cuidado maior de quem está mostrando que se arrependeu de algo. É assim com papai.

Já pedir desculpas, para mim, é fácil. Sem dramas. Não fico constrangida. Uma espécie de: ‘Ih, foi mal’. Porque, na maioria das vezes, foi desatenção mesmo.

Magoar ou ser magoado? Por incrível que pareça, ser magoado! Prefiro mil vezes lidar com a minha decepção do que com a decepção alheia.

Acho que nada fez muito sentido aqui hoje, mas foram só pensamentos altos, deu mesma tentando me analisar. Quem quiser, não precisa pagar a sessão. Até a próxima.

Um comentário:

Festa Grog disse...

Vc é meio anormal mesmo.
mas tb preferiria um filho viado.