sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Presentes Indesejáveis

Não chega a ser de grego. Mas é um presente meio complicado. Coloquei ‘presentes’ aí no título, mas na verdade o que me motivou a escrever foi uma coisa específica: telas, imagens, gravuras, qualquer coisa que alguém te dá (que pode ser lindo de morrer), mas é você quem tem que depois colocar uma moldura para, enfim, pendurar o negócio na parede.

Olha quantos implicativos: você ganha e o treco fica lá enroladinho num canto aparente durante meses a fio como que para te lembrar de que precisa de complementos; após um período em que você se convence de que não adianta deixá-lo aparecendo porque aquela passadinha na vidraçaria não é algo tão simples assim de acontecer e a coitada da imagem tá com uma camada grossa de poeira, ela vai para o fundo do armário; de tempos em tempos, mais ou menos quando se abre o armário dos vestidos de casamento e se dá de cara com o trambolho lá enrolado, o alerta volta à mente e te lembra que é preciso resolver isso logo (afinal, já passou quase um ano que o Tio sei lá das quantas te deu); nesse meio tempo, já apareceram outras gravuras menores para se juntar à matriz, o que te deixa um pouco mais confortável, pois vai lá resolver vários ‘problemas’ e não apenas um.

E chega o dia D. A passadinha não tem nada de passadinha. É uma saída proposital, única e exclusivamente para aquele fim. Até porque, agora com um monte de gravuras em formatos diversos, não é assim tão simples andar com elas na bolsa no caminho para o médico. Não. É direto para lá. Só que esse ‘lá’, geralmente fica em locais um pouco confusos como Voluntários da Pátria, São Clemente, Catete, Rua das Laranjeiras... Lugares onde não tem onde parar o carro. E ir de ônibus ou metrô, devido ao nº acumulado de produtos, não é uma opção. Ou seja, é aquele estresse de largar o carro na calçada em frente à vidraçaria e ficar tensa olhando toda hora para fora para ver se não há um policial pentelho ou um velho chato a favor do ‘a calçada é do pedestre’. A mocinha não colabora. Demora anos atendendo o cara mala que estava lá antes de você. E tome de andar para lá e para cá.

Na sua vez, inicia-se o processo de orçamento. E aqueles presentes tão belos e de bom gosto, mostram-se um pouco indelicados já que você vai ter que desembolsar uma grana para usá-los efetivamente. Não dê gravuras para quem é ferrado. Ele não vai ter o que fazer com ela. Voltando lá à discussão de valores, a moça aperta tanto a calculadora e o seu pescoço já tá tão duro de tentar olhar lá para fora, que ela falou e tá falado. A facada é rápida e com muita dor, mas tudo o que se quer é levantar dali e tirar o carro do local indevido. E assim vai-se um cheque assinado. Pensar, pensar mesmo se aquele valor era justo ou não, caro ou não, se valia à pena ou não, você só vai quando estiver tranqüilo e em paz, dentro do carro, a caminho de casa. E aí, meu amigo, a conclusão é só uma: é claro que valia à pena. Imagina se seria uma opção levar tudo de volta e voltar lá para o início do processo? E um sorriso de alívio e sem culpa começa a esboçar. Pelo menos, até você se dar conta de que em breve será preciso ir lá buscar os (agora) quadros.

Moral da história: não dê telas de presente. A ninguém!

4 comentários:

Suellen Analia disse...

Eu, sinceramente, não gostaria de receber uma tela de presente!
hahahhaa

Teve amigo oculto lá no trabalho, e um menino deu um quadro de presente. Eu ñ ia conseguir fazer uma cara de "tô satisfeita".

Beijos!

Paula disse...

Nossa, me vi perfeitamente nesse texto. Estou com duas gravuras há 3 anos, enroladinhas no armário de vestidos de casamento!!!!! Toda vez que abro, penso que não estou disposta a gastar nem um centavo para fazer as molduras! Beijoca!

Amanda Hora disse...

Eu acho que ñ compensa. Mesmo a gravura sendo bonita, eu vou deixa-la mofando no armário e vai ser dificil achar disposição p/ colocar a moldura.

Bj!

Brava'S Idéias disse...

Hahaha, é verdade, um colega de trabalho nosso deu um quadro de amigo oculto pra uma outra mulher... Não que seja ruim receber um de presente, mas sei lá, tem coisas tão mais "legais" e simples pra se dar, não é mesmo?!

Bjs!