domingo, 28 de dezembro de 2008

Filmes Românticos

Cinema de novo... juro que não é proposital, mas é que estou vendo mais filmes, fazer o quê? Enfim, outro dia li uma reportagem sobre um estudo que havia descoberto que comédias românticas são maléficas aos relacionamentos da vida real. Uau! Que descoberta! E ainda foram gastos rios de dinheiro em pesquisas para se chegar a essa conclusão. O estudo revelou que ver o amor idealizado e perfeito na tela no cinema ou da TV faz com que as mulheres acreditem que aquilo é possível. Por favor, né... Qualquer pessoa com um pouquinho só de inteligência poderia chegar a essa conclusão sozinha. É óbvio. Todo mundo já sabia disso. Inclusive nós mulheres que, ainda assim, continuamos fantasiando com o mocinho dos filmes mamão com açúcar. É muita subestimação, não é não? Ou alguém achou mesmo que a gente não sabe que aquilo ali dificilmente existe? E daí? Qual o problema de suspirarmos e ficarmos um pouco depressivas querendo aquilo para nossas vidas? Eu também sei que nunca terei dinheiro para dar a volta ao mundo em 60 dias e nem por isso deixo de suspirar pela idéia. Esses estudiosos estão sem sirviço...

Mas o que quero falar mesmo é que acabou de acontecer o contrário comigo. Falei do estudo aí acima porque o fato deu ter vivido uma experiência ao avesso me fez lembrar aí do artigo. E como não tinha comentado nada aqui, resolvi deixar registrado. Mas o assunto em si é reverso. Acabei de ver um filme de mulherzinha que me fez ter certeza de que no fundo, no fundo, a gente ama mesmo é quem a gente acha que não dá muita bola. Tá, também não é um pensamento tão revolucionário assim. Mas achei que valia à pena falar sobre ele. Justamente porque é algo mais escondido, com menos holofote. Não valorizado. Pelo menos, não como deveria.

Já falei aqui que a minha mãe também compartilha essa espécie de amor de coxia. Um amor ali não iluminado. Que não aparece para o público. Pois bem, mas dá para conceber um teatro sem coxia? Não. Ainda que a gente só se preocupe com o que a platéia está vendo e com o ator que contracena com a gente e recebe os aplausos e a atenção toda para si.

É fácil se apaixonar pelo mocinho. É latente. É quase palpável. Mas o amor da coxia engana. Engana até a nós mesmos. O negócio é tão na dele, tão invisível em sua eficiência que até nós nos descuidamos e esquecemos de sua importância. Só sentimos quando ele vai embora, joga a toalha. E aí, as coisas param de funcionar. Dão defeito. A cortina não sobe, a roupa não entra, a luz não acende, o mocinho se mostra um ser desprezível e a platéia sai aborrecida. Ou seja, só é possível se apaixonar pelo mocinho, enquanto o contra-regra está trabalhando. Se ele te abandona, porque é ele quem sabe tomar conta de tudo, a coisa degringola. Peça por peça.

O filme em questão nem merece tanta atenção. Chama-se “Clube de Leitura de Jane Austen”. E a sub-trama que me chamou atenção também não se explica por si só. Trata-se apenas de um casamento de 20 anos, em que um belo dia o marido decide ser sincero com a mulher e diz que sai com outra há seis meses. Essa outra não é nenhuma ninfeta. É uma mulher de 45 anos. Nada de especial. Nada demais. Nada de muito mais excitante aparentemente do que a própria mulher dele. Mas após tanto tempo junto, ele diz, as coisas deixaram de acontecer. Bom, o cara estava visivelmente cansado de participar da mesma peça, no mesmo papel. Já a contra-regra fazia sempre o trabalho dela, sem nem de longe pensar que existia um trabalho melhor a ser feito. Quem estava se enganando? Aí é que está. Para mim, ele. Ela estava ali há 20 anos, fazendo tudo funcionar, por amor. Ele achou que estava cansado porque tudo estava tão ok como sempre, que ele sentiu falta de algo novo. Achando que não amava mais a mulher, sucumbiu à outra.

Pouco tempo depois, claro, as coisas deixaram de funcionar lá para ele e a outra. E ele se arrependeu. Está vendo? Ele só conseguia sair feliz e contente com a outra, enquanto ainda tinha a mulher. Quando ela sai de cena, a outra sozinha não se sustenta. Ou seja, ele não amava a outra. Sempre amou a mulher. Só estava cansado da mesma peça. Mas uma peça nova com outra atriz, sem a contra regra de confiança, digamos assim, não deu certo.

Na volta do casal, não houve briga, raiva, revolta. Só entendimento. Só um abrir de olhos para locais e sentimentos que, às vezes, deixamos de prestar atenção. Ele teve a sorte de ser aceito de volta. Nem sempre é assim que acontece. É comum enxergarmos tarde demais.

Não adianta ver o filme e achar que vai ver tudo isso aí que eu falei. Não vão. Eu vi. Sei lá porque. Sei lá se isso tem um significado maior ou não. Nem sei se isso serviu de auto-análise. Talvez uma auto-análise com antecedência. Bom, só coloquei aqui o que se passou na minha cabeça. Como sempre. E, de novo, escrevi pra caralho...

9 comentários:

Brava'S Idéias disse...

Escreveu pra #@$@%#$ mesmo! hahaha
Mas eu adorei! Eu tinha que ter descoberto seu blog antes, é muito bom!
É mesmo incrível como nós, mulheres, nos deixamos levar por contos de fadas, mesmo sabendo que eles não existem... que os homens perfeitos não existem... que não existe nada perfeito... Talvez seja apenas uma magia feminina, ou talvez seja um grave defeito nosso. Mas é necessário, não é mesmo?! Bom, conselho: façam como eu (gostem sempre dos caras mais tímidos, fofos, nerds etc e tal)! hahaha
Só assim não teremos taaaaantos problemas!
;D
Mas, sinceramente, não vejo problemas na rotina. Sendo boa, que mal há?!
Beijos!

Amanda Hora disse...

Tem que ter amor... sem amor nada se sustenta
Tah, resumi bem minha opinião, mas é basicamente o que eu acho ^^
Bjoss!

Suellen Analia disse...

O filme parece ser bacana...
Jane Austen tem um livro muito bom: "Persuasão". Fala um pouco dele no filme "A Casa do Lago", que eu adoro!
Quanta a pesquisa, acho que nenhuma mulher é tão idiota a ponto de achar que esses romances existem, mesmo. É querer dar uma de "fadinha", só pode.
Mas, por outro lado, é bom sonhar um pouquinho, ñ acha?
Tb queria ter grana pra dar a volta ao mundo em 60 dias, ao lado do cara que eu considero o mais perfeito do mundo...

Mas, como isso ñ é possível, continuo no meu mundinho.

E aqui, tu escreveu pra caralho, mesmo!


Beeijos!!!

Sergio Brandão disse...

Escreveu "muito" (rs), mas escreveu bem!... E, deste post, o que eu mais gostei foi da idéia de recomeço, de volta, ainda que nem sempre seja pro mesmo lugar... (filosófico isso, não?!? rs)
Bjs.

Adriana disse...

Dei um descanso na minha mão nervosa no post do dia 29, mais um roubado... coloquei hj só.
enfim, obrigada pela força de vocês. é só por isso que continuo escrevendo aqui. adoro, é verdade. mas é muito melhor quando eu sei q tem gente lendo. e adoro falar sobre relacionamentos porque eu acho a coisa mais complicada q inventamos, mas é uma delícia. e, sim, recomeço é muito bom. é como trocar de namorado, mas ficar com o mesmo, que agora tem algumas surpresas, mas tb aquele pacote conhecido q é muito bom já saber de cor.
tô sentimental. afinal, é quase ano novo!
beijos!

Sergio Brandão disse...

Gostei MUITO dessa síntese sobre "recomeço": "é como trocar de namorado(a), mas ficar com o mesmo(a), que agora tem algumas surpresas, mas tb aquele pacote conhecido q é muito bom já saber de cor"... Acho que é isso aí mesmo!!! É um pouco a sensação que experimentamos, quando a outra parte parece (pelo menos) estar disposta a mudar um pouco depois de uma "briga"... E depois dessa "concessão", junto com tudo que já tínhamos de bom, "é só correr pro abraço"!!! rs Bjs.

Adriana disse...

grande abraço, Sergio!

Anônimo disse...

Escreveu muito e muito bem! Delícia de ler teu blog, adorei!!

Adriana disse...

Que bom! Amo gente nova me descobrindo. Nem merecia pq ando parada... tô carregando um bebê há oito meses completados hj! a preguiça impera. mas comentários assim sempre me 'animam para não desanimar'

obrigada!
bjs,