quarta-feira, 16 de abril de 2008

Muito Macho

Que sensível o quê? O quê, o quê? Vamos parar com essa palhaçada que eu sou muito macho! O que que é isso? Meu apelido era bruxinha em casa, tamanha ranzinzisse. E por que nos teatrinhos do colégio, eu queria ser a bruxa. Nada de princesa chata. Não é à toa que minha irmã é conhecida como ‘princesinha’ e eu como ‘generala’. Passei anos e anos ouvindo:

– Oh, Adriana, por que você não é como a sua prima Iza? Ela é tão meiguinha...

Não sou como a Iza. E demorei um tempão para parar de tentar ser como ela. Veja só, se nem tentando muito, consegui ser um doce de menina, imagina em meu estado natural? É. Sou bem amarga até. Distribuo patadas com uma certa facilidade. E sem remorso. É um talento nato. Poucos entendem. Mas eu me orgulho. Economiza anos de análise. Não que eu não peça desculpa. Se eu acordar no dia seguinte, achando que errei, vou lá e peço, sem traumas. Mas não passo a noite me revirando na cama, pensando, entende?

Não lavo, não passo, nem cozinho. Mas dirijo. Rápido. Sei onde fica a direita e a esquerda e faço uma baliza como ninguém. Bebo. Muito. E falo pouco. Escrevo muito mais. Odeio discutir a relação. E não suporto ficar estranha até alguém perceber que eu não gostei de alguma coisa. Falo na hora. Se bobear, com alguns segundos de antecedência.

Gosto de futebol. Torço que nem homem. Me sinto em casa no Maracanã. Saio com as amigas. Perco a hora de voltar. Digo que nunca mais vou fazer. Não choro. E canso de ficar tentando fazer as pazes. Pego no sono.

Não sabia que camisa listrada não podia lavar na máquina e nem que terno tem cabide especial. Não sei o nome direito de nenhum produto de limpeza e nem preço de nada relacionado a mantimentos e afins.

Sou a rainha da impaciência. Falo num tom mais alto do que o recomendado sem perceber, às vezes. Esqueço tudo. E isso inclui segredos, coisas importantes, nomes, combinações, datas e compromissos.

Sou mal-humorada. Bem mal-humorada. Geralmente falo uma frase ou uma pergunta no máximo duas vezes e, ainda assim, contrariada na segunda. Não suporto aquele diálogo:

- isso, isso e isso.
- O quê?
- isso, isso e isso.
- Oi?
- Ah, foda-se.

Não dou chilique com barata. Mato. Não sou fresca com insetos. Dou um tapão para espantar. Bato a porta do carro com força.

E, para terminar, se alguém me pergunta algo e a resposta for ‘não’, respondo ‘não’ e com ‘sim’, a mesma coisa. Essa história de dizer ‘não’, querendo dizer ‘sim’ é coisa de mulherzinha. E eu sou muito macho! Convenci?

Um comentário:

Unknown disse...

meninaaa, camisa listrada não pode lavar na máquina?