quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Espaço para a Poesia


Verdade
Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.

E sua segunda metade voltava
igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar.
Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.




3 comentários:

Sergio Brandão disse...

Drummond é sempre Drummond!!! Nem tenho muito o que comentar... Apesar de nunca ter sido leitor assíduo de poemas, os poucos a que fui apresentado partiram de gênios como Fernando Pessoa, Mário Quintana e o próprio Carlos Drummond de Andrade.
Aliás, mudando um pouco de assunto, me veio à cabeça agora o ato de vandalismo e depredação que já chegou, nesta semana, à sua 8ª edição contra a estátua do poeta na orla de Copacabana... É de f... como diria uma amiga! Bjs.

Suellen Analia disse...

Grande Drummond!
Quanto a foto: a curiosidade mais linda!

Grande beijo, Dri.

Adriana disse...

tb adoro o moço, Sergio.
e a foto não ficou fofa... é uma big criança do lado do meu afilhado fofucho. e od dois são hiper amigos. é muito engraçado eles lado a lado.... o grandão e o pequenininho.
boa noite, people.