Ôh perguntinha chata. Não tenho certeza de nada. E menos ainda quando alguém me encara e pergunta: ‘você tem certeza?’. Aí, danou-se. Se eu tinha antes, depois da pergunta não tenho mais. E não precisa ser em relação a coisas importantes da vida, não. Pode ser sobre qualquer coisa.
Estou numa loja, por exemplo, e escolho um sapato preto. Se a vendedora me olha e pergunta ‘você tem certeza?’ já é o suficiente para eu não levar nada e sair dali correndo. Amarelo no ato. É batata.
E o engraçado é que não sou uma pessoa indecisa na vida, sem atitude. Pelo contrário, sou prática até demais. É tudo vapt vupt, sem pestanejar. O problema só surge quando alguém fala a frasesinha mágica. Que coisa, né? É uma fraqueza aí qualquer que a minha ex-psicóloga não conseguiu resolver.
Não respondo e também não falo. Nunca falo ‘tenho certeza’. Taí, é muito mais fácil me ver dizendo ‘nunca’ do que ‘tenho certeza’. É como se eu não quisesse me comprometer, sabe? Mesmo em situações em que eu estou comprometida. É meio que um segredo. ‘Shshshshshshshshs! Eu sei que estou, mas não precisa falar para todo mundo...’
Voto de Minerva é algo que nunca (olha o ‘nunca’ aí, de novo!) vão me ver dando. Eu tendo que decidir o futuro de algo ou alguém, debaixo de expectativas. Jamais. Não me lembro de uma situação em que isso tenha ocorrido, ainda bem.
Isso me veio a cabeça há um tempo quando no BBB (sim, estou acompanhando Big Brother) a líder Bianca, que já havia indicado alguém com o Brasil todo vendo, precisou decidir entre os dois mais votados e empatados pela casa quem iria também para o paredão. Fiquei com dor de barriga só de ver.
E, olha, que isso realmente seria caso de estudo. Porque não sou boazinha, daquelas que nunca fazem mal a uma mosca. Sou mais ou menos. E mato baratas por nojo e formigas porque sim.
De novo, eu acho que o ponto central da questão tem a ver com a tal da expectativa. Tenho pavor de alguém esperar algo de mim. Odeio quem conta muito comigo. Fico pensando: ‘isso não vai dá certo...’. E não vai mesmo. Me conheço e quem me conhece também já devia saber disso, oras. Se não, não me conhece nada.
Sempre fui assim. Tirando minha amizade meio doentia com a Paula, eu dispensava tudo quanto é amigo que começava a falar coisas do tipo: ‘confio muito em você; tenho certeza que você não faria isso; você nunca me magoaria...’. Muito possivelmente eu faria, sim, tudo isso aí. Aliás, faria não. Fiz.
Hoje em dia é mais fácil. Mais velha e bem resolvida, passo uma impressão mais verdadeira de quem eu sou. E aí, só se aproxima quem quer. E quem eu quero, principalmente.
Gosto de pessoas independentes. Elas têm a vida delas, eu tenho a minha. Cada um tem seus amigos próprios, fora os em comum; cada um tem seus afazeres, fora o que fazemos juntos e tal. Nada desse negócio de ‘somos um só’; ‘o que é seu é meu’; ‘eu não existiria sem você’. Sai fora. Eu sou eu. Você é você. O que é meu, é meu. Eu empresto. E eu existo, independente, de qualquer pessoa. Talvez só pudesse falar isso para o meu pai e minha mãe, por motivos biológicos.
Então, é isso. Não tenho certeza de nada. E não conte comigo.
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Um comentário:
Dri,
Amei o seu blog. Acho que porque somos capricornianas e muitas vezes parecidas. Esse trecho de odiar pessoas dependentes é simplesmente genial! E a nossa cara! Hahaha!
Muitas saudades!!
Beijo Da Deca
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