sábado, 16 de fevereiro de 2008

Esculhambada

Desde que abstraí do trabalho fora de casa, tenho andado meio esculhambada. Dá para comprovar vendo as roupas que vão para lavar (ainda na casa da minha mãe...). Um monte de blusões velhos, alguns rasgados, shorts de cores cafonas, vestidinhos surrados... (Meias não!) Estou uma autêntica borralheira no sentido sujo da palavra.

Isso aparentemente não estava afetando minha vida. Já que fico sozinha o dia todo e não me olho muito no espelho, sem problemas. Lua e Rex não são muito ligados nessa coisa consumista de moda etc.

Só que acho que eu fui me acostumando demais com meu novo estilo e perdi a noção do ridículo. Sair para comprar jornal, ir ao supermercado e outras coisas começaram a parecer atos corriqueiros, rápidos e perto de casa, que eu poderia fazer sem me preocupar com a minha roupa. Odeio minha rua mesmo, só tem gente feia. Resolvi me juntar a eles, para ver se me sinto mais em casa. Deu certo. Ou melhor, tinha dado certo até hoje.

Esqueci de pensar que talvez, um dia, eu pudesse encontrar alguém que eu não gostaria que me visse desse jeito. Mas, também, quem é essa pessoa? Alguém com quem eu me importasse assim, não deveria freqüentar a minha rua.

Aconteceu. E foi péssimo. Não vivia essa situação desde a época em que morava em prédio e sempre achava que andar rapidinho de pijama no elevador de madrugada não era um risco. Sempre há risco. E eu não sou uma pessoa prevenida. Só anticoncepcionalmente.

É pior do que encontrar um amigo do amigo que resolve parar para conversar. Muito pior. Não dá para pensar em outra coisa. Só em como um buraco ali seria perfeito. E o desapontamento do outro indivíduo em te ver assim, fica estampado na cara do sujeito. Homem não consegue disfarçar, nem mulher. Eles, dizem que você está diferente num sorriso amarelo. Elas, que você está ótima. Não sei o que é pior numa situação assim: encontrar um ex, ou a atual de um ex.

Bom, essa pessoa eu perdi para sempre. Impossível restaurar uma decepção nesse nível. Mais difícil que recuperar credibilidade. Eu precisaria aparecer linda umas dez vezes, no mínimo, para convencer de que aquela não era eu. E o pior é que aquela sou eu no momento! E o pior é que estou gostando dessa eu confortável, despojada, macia... Sempre tive problemas com roupas e acessórios que pinicam. Imagina estar há três meses, quase sem usá-los!

Mas acho melhor eu voltar logo a me pentear, pelo menos. Li em algum lugar que os primeiros sinais de depressão são desleixo e parar de lavar e pentear o cabelo. Ainda tomo banho e lavo os cabelos! Vou tentar sair dessa enquanto é tempo. E tchau que estou indo fazer comprinhas. Roupas novas para ajudar na minha reintegração à sociedade ‘moderna’. Nada como comprar para sair da depressão!

2 comentários:

isabella saes disse...

Não há nada como uma boa esculhambação para ficar em casa... Apoiada!

Coisa Fina disse...

Hahahaha! Dri, você está demais! Muito bom!
Beijos