terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Mal Educada

Ai, fiz de novo... Virei a cara para alguém que eu conhecia na rua. Sempre faço isso. E é puro reflexo. Quando vejo, já foi: ou estou olhando para o outro lado, ou atravessei a rua... Já até entrei numa portaria de um prédio aleatório só para não cruzar com a pessoa. E eu não preciso não ir com a cara dela. Pode até ser alguém que eu gostava, um amigo antigo do colégio, um amigo do amigo (o caso de hoje), alguém que trabalhou comigo em algum lugar, alguém que trabalha! comigo, a coisa vai piorando...

Não pode ser questão de educação. Meus pais têm vários poréns, mas acusá-los de terem me educado mal não entra na lista. É coisa minha mesmo. Sempre foi. Quando eu era pequenininha, meu apelido entre os adultos era ‘bicho do mato’, porque eu não gostava de falar com ninguém. E cultivo um bico, que hoje em dia faz parte do meu semblante natural, desde aquela época.

Não é à toa que a impressão inicial que se tem de mim é de antipática, isso na melhor das hipóteses. Na adolescência, ganhei outros adjetivos de acordo com a faixa etária: metida, sebosa, nariz em pé. Depois, a coisa se sofisticou um pouco: arrogante, prepotente...

Pode ser que, em algum momento, isso tenha me incomodado um pouco. Ou até me prejudicado. Lembro da minha chefe, no meu primeiro estágio, na semana em que eu tinha acabado de entrar, me chamando para conversar e me dizendo que o pessoal estava reclamando da minha antipatia. Isso com 18 anos!

Daí em diante, fui piorando, mas assumindo isso como característica. Sei lá, personalidade forte, de repente. Mas o fato é que tem aquele povo que se magoa, sempre eles... E esse povo que se magoa, geralmente vai fofocar com alguém, que fala com outro alguém, que enfim chega até mim e aí é o grande momento: a hora de me explicar. Mas explicar o quê?? Que eu não sei porque faço isso. Que eu vou continuar fazendo? Que é reflexo? Um saco.

Só para terminar, que eu hoje estou meio mal-humoradinha, a questão é: se você não tem efetivamente nada para falar com aquela pessoa; se ela não faz mais parte da sua vida; se você não se interessa por nada que possa estar acontecendo na vida dela; e, enfim, se você não se interessa por ela, vai falar o quê? E para quê?

- Oi, tubo bem?
- E aí! Tudo. E você? Tudo bem?
- Tudo.
- Quanto tempo?
- Pois é. E o fulano?
- Está bem. E a fulana?
- Tudo bem também.
- Está fazendo um calor, né?

Entrou no clima, já era. Não há mais nada para falar (não tinha desde o início). E aí, eis que toma conta da situação, ele: o momento ‘sorriso amarelo’. As duas pessoas ficam ali, meio constrangidas, sem saber o que dizer, sem saber como ir embora, tentando desesperadamente achar um outro assunto... Tem gente até que sua.

Pelo amor de Deus! Para quê? Por que passar por esses minutos de pura angústia com alguém que não é nada para você? Pelo menos não, assim, fora de contexto. Se você encontra o amigo do amigo, com o seu amigo, aí sim, a conversa flui melhor, os assuntos surgem sozinhos e a despedida acontece naturalmente, sem traumas. Mas o amigo do amigo, sem o amigo, decididamente NÃO É SEU AMIGO! Não é e pronto.

Vou continuar virando a cara, atravessando a rua e entrando em prédios por aí. Estão todos avisados.

Nenhum comentário: