quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Amigo Imaginário

Sou independente. Adoro ficar sozinha. Mas tenho um segredo, que fica guardado aqui dentro.

Sabe gente que você se sente bem? Aquele que você tem vontade de contar tudo, de dividir um montão de coisas, de conversar noite adentro, trocando de posição trocentas vezes porque não quer sair dali e a perna ficou dormente? Alguém que não precisa estar perto, mas tem uma presença incrível. Quem você não escuta a voz, mas ouve a risada.

Alguém que te move. É muito mais gostoso fazer algo, qualquer coisa, pensando em alguém. Uns chamam de inspiração, outros de empolgação, de talento, dom... Eu tenho um amigo imaginário que está lá comigo o tempo todo. É para ele que eu conto piada, que eu conto meu dia, minhas angústias, minhas novidades. É nele que eu penso quando está tudo bem e é nele que eu penso quando estou péssima. É para ele que eu escrevo.

Imagino a reação, sei exatamente o momento em que ele vai rir, que ele vai franzir a testa, que ele vai respirar fundo, que ele vai parar de ler porque não prendi a atenção o suficiente. Sei que a maioria vai rir da terceira linha e ele vai achar a décima muito mais instigante. Sei o que ele espera de mim. O que ele espera que eu diga, que eu ache, que eu sinta, que eu escreva.

Sei que quando eu estou muito feliz, ele consegue perceber pelo tom que eu escrevo e palavra não tem tom. Sei que ele já percebeu o quanto eu estou cansada. Cansada, mas feliz. Quase me arrastando, mas cheia de gás. Na verdade, estou exausta. Mas nem exausta paro de pensar, de querer dividir. Sei que eu não preciso dizer quase nada para ele entender quase tudo. Quase não vejo, não falo, não encontro, não toco. Às vezes, parece até que ele não existe.

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