Não sei muito bem porque estou escrevendo sobre isso, mas a questão é: é difícil me definir. Tá, deve ser difícil definir um montão de gente por aí. Mas estou falando de mim, então foco, por favor.
Só um adendo: sempre fico irritada com essas pessoas que pensam na humanidade de um modo geral e aí, quando você está com um problema, fazem alusões a gente pior que você. Às vezes, com direito à historinha:
“Era uma vez um menino que vivia pedindo sapatos mais novos ao pai. Esse, sem dinheiro, não podia realizar o desejo do filho. Foi então, que uma senhora que passava na rua ao ver o menino chorar, perguntou”:
- Meu filho, porque choras?
- Meus sapatos são velhos. Queria ter sapatos novos.
- Não fique assim, criança, olhe para baixo.
- (olhou)
- O que você está vendo?
- Dois sapatos velhos.
- Por trás deles.
- Meus pés.
- Agora olhe para frente, para aquele menino ali do outro lado da calçada.
- (ele ficou com os olhos arregalados) Ele não tem os pés!
A senhora passou a mão na cabeça dele e foi-se embora. O menino enxugou as lágrimas e foi para a casa dar um abraço no pai. Ele nunca mais reclamou de seus sapatos velhos...
Cacete! Isso é psicologia infantil!? As pessoas vivem fazendo isso por aí. Tem sempre alguém pior. Ok. Mas se você é você e só pode sentir o seu problema, é ele que te incomoda, concorda? Coitado do menino que não tem os pés, se fudeu. Mas não é por isso que eu vou deixar de querer sapatos novos!
Bom, voltando a mim então, é o seguinte: fui criada num ambiente diferente do que eu vivo hoje. Meu pai é o cara mais escrachado do mundo. Fala alto, está sempre de chinelo, fala uns palavrões por aí..., fala tudo na lata e não tem muito saco para frufru. Vivi à imagem e semelhança de meu criador até bastante tempo.
Era quase um menininho. E, diga-se de passagem, é muito mais legal ser menino que menina quando criança. As brincadeiras são mais divertidas, a liberdade é maior, as roupas são infinitamente mais confortáveis... Depois, na adolescência, talvez os problemas de ambos os sexos sejam chatos. Menina fica menstruada. Menino muda a voz. Os dois ficam estranhos fisicamente, talvez menino mais. Espinhas podem abater os dois. Enfim, dá uma equilibrada.
(A coisa toda está esquisita até aqui, não? Dei uma relida, porque eu mesma me perdi, e está parecendo que estou fazendo uma introdução para falar que não sei se sou homem ou mulher!? Mas não é isso não. Sou mulher, menos mulherzinha que o indicado pelo ministério da sociedade, mas sou mulher).
O negócio é que com os anos, à medida que fui ficando mais velha, comecei a ter problemas com meu comportamento, nem sempre entendido e apreciado. Meu marido, por exemplo, é um primor de educação, gentileza, bom senso. O cara sabe se comportar em qualquer lugar e nunca transparece tédio ou mau humor! Parece que dá um jeito de ‘entender’ porque está passando por aquilo e ‘tudo bem’. Ele nasceu meio sofisticado, sabe? Ou foi criado assim, sei lá. O fato é que está sempre de acordo com o lugar e a ocasião. Se estiver um calor desgraçado e a gente está num casamento ao meio-dia, ele nem sua! E de terno!
Não sei qual é o segredo. Mas ele deve ser mais feliz. Alguém que se diverte igualmente numa conferência de supermercadistas e numa feijoada, é uma pessoa mais elevada. Muito mais que eu! E não é pinta. Ele não finge! Realmente sabe como se comportar. Agüenta o que tem que agüentar e não se martiriza por isso. Leva na boa se chover no dia em que íamos passear barco. Para ele, não tem tempo ruim!
E eu casei com ele. O que me obriga a acompanhá-lo, pelo menos de vez em quando. Só que eu não encaixo. Sabe filme de sessão da tarde, da borralheira que vai virando princesa? Sem dispensar as cenas em que ela aprende a andar de salto alto, ganha vestido de gala, prende o cabelo, conhece a maquiagem!, tem aulas de boas maneiras, aprende a usar quatro tipos de talheres numa única refeição...
A diferença entre eu e a borralheira do filme é que ela aprende tudo em duas horas e termina sorridente e transformada. Eu estou aqui ainda, ralando! Os sapatos me machucam horrores; os vestidos pinicam; meu cabelo teima em não ficar, sempre cai um fiozinho revoltado; não sei me maquiar!; não sou mal educada, mas não conheço todos os passos da Socila; e para mim só existem talher normal e de peixe. E olhe lá!
Continuo meio perdida, sem dizer muita coisa com muita coisa, mas está bem condizente com meu estado mental, confuso. Estou entre uma criança mimada que queria fazer só o que quer e uma mulher adulta que ama e fica ao lado do marido.
E estou com dificuldades de terminar esse negócio aqui. ‘Posso parar? Não quero mais... Quero embora... Vambora? Papai já tá chegando? Quero fazer xixi...’ Aaaaaaahhhhhhh
Cantinho do Fluminense
Ok, perdi. E perdi feio. E ainda estava lá para ver. Lamentável. Botafogo foi para a final do 1º turno.
Data do jogo 16.02.2008 18h10
Local Maracanã (infelizmente, eu estava lá. Com direito à porrada na arquibancada.)
Campeonato Estadual (Carioca) 8º jogo do Flu
Placar 2 x 0 (Bot x Flu)
Extras Porrada na Força Flu. Uma bola na trave do Botafogo que eu ainda não entendi como não entrou.
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2 comentários:
Caraca, Dri! Inacreditável, eu devia estar a poucos metros de você. Também estava atrás da Força Flu e também senti a o mundaréu recuando por causa da briga. Beijo! Luísa.
Creeeeeeuuuuu!! Eu estava assisti a vitória do FOGÃO de camarote!! Muuito chique. Hahahaha!
Mais um texto ótimo, Dri! Mas sem essa de mal educada, somos apenas escrachadas e também muito felizes assim! Quando pequena, eu tinha o cabelo joãozinho e andava de calça de moleton e sem camisa. Era um verdadeiro moleque!
Beijos,
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