quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Eclipse da Lua

Hoje é terça de carnaval. Graças a Deus, o último dia. Aliás, como já está de noite, já acabou. Acho que quem inventou a festa pagã deve ter feito vários testes de período e chegou à conclusão que quatro dias eram suficientes. (Não que os baianos tenham aderido...) Mas, quatro dias, é uma média boa para não acabar com tantos fígados assim, tantos pés e pernas assim e, principalmente, tantos casamentos assim...

Vamos falar de credibilidade. Uma coisa incrível quando se conquista, mas que, quando se perde, é uma luta descomunal para recuperar, se isso acontecer.

Estou falando isso baseada em minha experiência própria, aliás como tudo o que já escrevi até aqui. Quero deixar claro, que o que sai de mim não tem muito critério. É tudo coisa da minha cabeça.

Pois é. Não tenho credibilidade. Esse é o ponto. Fora questões profissionais, em que sempre me acharam muito responsável e competente, no resto sou uma desacreditada. E, lógico, a culpa é minha. Assumo.

Sou daquelas que diz quase chorando: “prometo que eu nunca mais vou fazer isso”. E atenção! A frase não se remete aos meus tempos de criança não. Ela continua viva e muito usada pela minha pessoa.

Outra questão importante que colabora para a minha falta de crédito na praça é em relação ao horário de ir embora dos lugares. Nunca. Nunca, consigo chegar em casa por volta do horário combinado. Eu disse, por volta. É, a coisa nem é tão rígida. Existe uma margem bondosa de segurança. Mas nem assim. Ultrapasso todos! e qualquer limite.

E nem tenho argumentos válidos. Até porque já gastei uma porrada. Hoje em dia me limito a dizer a verdade: “estava bom e eu não quis ir embora”. Simples, direto e péssimo para a minha credibilidade...

Já passei por um inquérito do estilo ‘análise de comportamento’. A idéia era entender porque eu nunca me atraso para chegar a algum lugar, mas sempre perco a hora para voltar para casa. Não deixo ninguém esperando no início, mas sou horrível no final.

- Por quê?
- Porque estava bom e eu não quis ir embora.
- Mas você não pensa em quem está esperando?
- No momento em si, não.
- Por quê?
- Porque estava bom e eu não quis ir embora.
- Você é egoísta.
- Pode ser.
- Pode ser? Você está assumindo?
- Não sei. Só sei que estava bom e eu não quis ir embora.

Não adianta ficar tentando tirar muitas coisas de mim. A verdade é essa mesmo. Sincera até dizer chega. Só que eu vivo tentando recuperar pontos perdidos. Sempre prometo que, desta vez, eu vou conseguir. Peço mais uma chance. E enquanto estou ali pedindo, estou acreditando mesmo que vou conseguir. Não estou tentando enrolar ninguém. Queria provar para mim também que eu posso.

Quase nunca funciona. E o quase aí, foi bondade minha. Bom, falei, falei e falei para chegar na pequena discussão que aconteceu agora há pouco, mas que acabou de um jeito divertido. Pelo menos, eu achei divertido. Fui comparada a um eclipse da lua!

- Sabe o que você parece?
- Hã?
- Um eclipse da lua.
- Como assim? Está parecendo um elogio, mas você não está com cara de quem está me elogiando.
- Não é um elogio.
- Não entendi.
- Deixa para lá.
- Não, me explica.
- Tá. Volta e meia, eu leio no jornal que naquela noite haverá um eclipse da lua sensacional. Que outro assim, só daqui a uns 20 anos. Aí, uns dois, três meses depois no máximo, eu abro o jornal e está lá outro eclipse da lua anunciado. Me sinto um pateta. Me enganaram. Eu acreditei que algo incrível ia acontecer e que só daqui a um tempão ocorreria de novo. Era algo digno de esforço. Algo que valia à pena. Mentira. Não acredito mais em eclipse da lua e não acredito mais em você.

Achei ótima a comparação. Não conseguia parar de rir. Disse que estava vindo escrever. Que eu não podia perder isso. E saí saltitante gritando: “Adorei! Adorei! Sou que nem um eclipse da Lua!”.

Um comentário:

Coisa Fina disse...

Sensacional! O César é um gênio. Hahaha! Nunca tinha parado para pensar nisso.
Beijos