terça-feira, 4 de agosto de 2009

Brüno

Sou só eu ou alguém mais confunde os cinemas de Botafogo? O atual Espaço de Cinema é o ex-espaço Unibanco. Mas, para confundir bem, agora tem um Unibanco Artplex, bem pertinho, ali na Praia de Botafogo. E, completando o circuito, tem o Cinemark no Botafogo Praia Shopping, chamado também de multiplex! Não é de dar nó na cabeça? Ou eu que realmente estou ficando gagá...

Bom, feita essa introdução confessional, falarei de novo de cinema. Na verdade, de mais que isso. O gancho é cinema, mais especificamente o filme "Brüno", mas a análise é sobre mim. Um questionamento interno em busca de algumas respostas do tipo: será que eu mudei tanto em menos de três anos? Esse é o espaço entre "Borat", lançado por aqui em algum momento de 2006 e "Brüno", prestes a estrear nas salas brasileiras e visto por mim ontem.

Bom, decidi que tenho que ver "Borat" de novo, antes de chegar a um veredicto. Mas já posso ir confabulando aqui algumas questões. O ponto principal é: odiei "Brüno". Assim, muito. Com todos os meus preconceitos e puritanismos enrustidos. Eles vieram muito à tona. De um jeito incontrolável. Fiquei com vergonha. Uma vergonha real e sincera, sentida no momento da exibição e uma vergonha moral e interna por estar com tanta vergonha. Que diabos! Fiquei careta? Será?

Fiquei tentando comparar os dois filmes e lembrar do que eu havia gostado tanto no antigo. Lembrei, claro, da célebre roupa de banho verde limão; dele conversando com alguém sobre a entonação de piadas, hilário; dele num jantar com americanos tradicionais; de um urso que não lembro muito bem do contexto... e cheguei na tal cena enorme e bizarra dele se esfregando na cama com um gordo peludo. Essa, por favor, eu não gostei. Principalmente pelo tempo eterno que ela demora na tela. Mas, no geral, minha avaliação de Borat foi que o filme era sensacional. De morrer de rir.

Aí, me encontrei com Bruno. Que decepção. Tá, a expectativa por ver outra coisa hilária e sensacional poderia ter ajudado na minha brochada. Mas, sei lá, não foi isso não. Não curti. A sensação que reina é que o filme todo ficou mais parecido com a antiga cena do gordo peludo, sabe? O tema principal é: Bruno é gay. E não Bruno tirando um sarro do mundo da moda, que foi o que eu havia entendido pela divulgação e achava que, sim, renderiam ótimas piadas! Mas, não. É consolo pra cá, enrabação pra lá, pirus e mais pirus de todos os gostos e tamanhos. Enfim, achei nojento. E isso não tem muito a ver com o fato deu achar nojento dois homens se pegando. Só não fico confortável com o exagero visual da coisa. Me incomodou. Se isso é ser preconceituosa, então, talvez eu seja, mesmo sem querer. Mas continuo achando que meu incômodo tem muito mais a ver com a forma encontrada para fazer piada com o mundo colorido. Não ficou engraçado, a meu ver. E nem bizarro, o que às vezes pode ser engraçado pelo nonsense da coisa. Não. Ficou só de mau gosto.

Há outros problemas também nas poucas piadas que não remetem aos gays nossos de todo dia. Ou ficaram sem graça, ou achei que pesou a mão e brincou com coisas que, pra mim, deram mais pena do que vontade de rir... Não gosto que mexam com velhinhos e crianças. E acho que há limites sim. Mesmo defensora da liberdade em todos os campos, acho que existe o bom senso e é esse quem apita os nossos limites. Que diz quando a brincadeira fica sem graça. Ou perde a graça, exatamente por não sabermos quando parar. Um exemplo bom é o "Pânico". Morro de rir com eles muitas vezes, mas, volta e meia, me retraio um pouco achando que Emílio, Vesgo, Silvio e cia foram longe demais...

Pois é. Com Bruno, ao sair do cinema, só consegui pensar que ele não foi a lugar nenhum. Ficou perdido entre um monte de universos que poderiam render coisas ótimas, mas foram todas desperdiçadas em prol da busca de um riso que para alguns é fácil. Sim, há quem goste e se escangalhe de rir com esse tipo de humor que não é negro, não é leve, não é inglês, não é sútil... Sei lá que porra de humor é esse.

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