segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Suruba na Disney

Era fevereiro. Pleno inverno. Brinquedos vazios. Chuva fina sem parar. E um ou outro da manutenção andando a esmo pelas ruas solitárias.

Ele sempre ficava meio deprimido nessa época, o Príncipe Encantado. Era um período cruel para quem em alta temporada beijava tantas adormecidas.

Foi então que teve uma idéia! Ia fazer uma festa. Uma festança de arromba. Para ficar na memória dos Contos de Fada. O sapo tava barrado. E o traje poderia ser à fantasia. Tinha esperanças de que Alice pegasse a roupa de uma das princesas e assim ele pudesse, finalmente, traçar a menina.

Rapunzel aceitou ser a hostess. Ficaria na janela observando quem poderia ou não subir por suas tranças. A organização foi assumida pela Branca de Neve que botou seus sete pequenos amiguinhos de garçons. Está super na moda. Aurora (trata-se da Bela Adormecida) estava muito cansada e precisaria dar uma dormidinha para conseguir aparecer no dia marcado. Bebidas ficaram a cargo da Pequena Sereia e a comida seria responsabilidade de Fiona. Pobrezinha, ainda não havia sido totalmente aceita pela tropa das princesas mais antigas, que a achavam muito acima do peso. Precisavam ainda de alguém para a limpeza. Foi quando uma delas lembrou da apagada Jasmim (aquela que faz par com o Aladim).

No dia e horário combinados, os convidados começaram a aparecer. A primeira a chegar foi a bruxa. Veio vestida com um de seus trajes de trabalho, a madrasta má. É que o espelho insistiu para ir. Ele entrou, ela não. João e Maria também tentaram. Mas, ao avistar Pocahontas em seus trajes naturais, o príncipe avisou que a noite não seria para crianças. Que procurassem o caminho de casa!

De repente, chegou a tropa do Mickey. O anfitrião havia esquecido dessa banda de personagens, mas afinal o cara era filho do dono. Estava liberado.

A música começou a esquentar e as luzes foram apagadas. Na primeira tentativa de dar uma sapecada em Alice, o príncipe viu que o Capitão Gancho tinha sido mais rápido. Quando olhou pro lado, tomou um susto com o Rei Leão em cima do Bambi. Enfim, estava ali a prova. Um pouco mais à frente, avistou a Maga Patalógica mostrando o peitinho pro Pateta, que ficou olhando com a cara dele mesmo. A Fera estava quase conseguindo levar a Dama no papo, quando tomou um chega pra lá do Vagabundo. Bela aprovou de longe, mesmo tentando seduzir o Pato Donald. Ele era tão fofinho...

A Margarida, coitada, esquecida, se lamentava na orelha do Dumbo. Falava com nostalgia da época em que eles eram a grande atração da Disney. E se perguntava onde estaria Zé Carioca, imaginando quando seria ela a entrar de vez no ostracismo.

De repente, o recinto foi invadido por Peter Pan, que mal conseguia voar. Estava vindo de um esquenta na casa de Dorothy. Deixou Sininho em casa, tomando conta dos Garotos Perdidos. Pediu pra chamar o príncipe para que ele liberasse a entrada da amiga de Oz e seus fiéis companheiros. Menos o Leão que não teve coragem de vir.

Numa roda animada, Tio Patinhas ganhava nas cartas da Rainha de Copas. Tico e Teco estavam na de fora.

Foi quando alguém ouviu um som alto de relógio. Puta que pariu, o castelo é da Cinderela! E acabou-se a suruba à meia-noite.

2 comentários:

Paula disse...

AMEI, mto bom, Dri!

Amanda Hora disse...

Que fábula ótima! Revelando os segredos dos contos de fadas...