quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Trânsito

Odeio trânsito. Trânsito de carro parado. Prefiro levar mais tempo para chegar a algum lugar andando, do que menos tempo, mas quase parada. Por isso, sou daquelas pessoas que ficam tentando pegar caminhos alternativos. E, sim, já tive milhões de provas de que isso nunca dá certo. E, pior, na maioria das vezes você se complica ainda mais.

Mas não tem jeito. É mais forte que eu. Se estou parada e aparece uma ruazinha ali à direita, eu sigo. Nem sempre sei onde aquilo vai dar. Posso ser sincera e assumir que, na maior parte das vezes, eu não resolvi o meu problema do trânsito. Mas... Mas amenizei o meu problema de tédio. E isso já é alguma coisa. Muita coisa.

Odeio tédio mais do que eu odeio trânsito. Música me distrai um pouco. Mas eu logo percebo que eu estou ali parada. Uma pessoa junto no carro só piora. Levando em consideração que eu fico intragável, as chances de uma discussão (se for alguém com uma certa intimidade) ou de uma explosão (se for alguém com quem eu tenha que aparentar normalidade) são altas, bem altas.

Uma das coisas de que mais tenho pavor de ficar parada no trânsito é que começo a pensar na vida. E pensar na vida entediada, presa dentro de um carro não é legal. Questões já resolvidas voltam à cabeça. Outras coisas que você nem tinha tempo de pensar e por isso mesmo estavam lá quietinhas no canto delas, surgem de repente, querendo solução. Você lembra de um monte de coisas que tem que fazer e não fez. Uma vai puxando a outra, culpados escondidos vão aparecendo e as dúvidas. Pqp como eu tenho raiva das dúvidas! Dúvida só serve para confundir mesmo. Enfim, não gosto de pensar na vida.

Por isso, desde que eu comecei a dirigir, são nove anos (caralho! Fiz 18 há 9 anos!) de dedicação a achar coisas que disfarcem meu tédio no trânsito. Hoje inventei uma nova brincadeira que pode até virar roteiro de curta-metragem.

Estava eu na Lagoa-barra (o que fazia eu lá, às 20h?? burra para c...) quando o mundo parou. Nem sinal de caminhos alternativos. Estava presa. Precavida que sou, antes do tédio invadir ou da vida rondar, comecei a fazer o seguinte: olhava para os carros do meu lado, na frente, atrás, enfim, os carros que estavam próximos e começava a inventar uma historinha para cada pessoa que estava dentro deles.

Assim: do meu lado tinha um velhinho em um táxi, com uma cara meio tristinha. Aí, fingi que ele tinha trabalhado a vida toda e juntado uma grana boa. Com esse dinheiro, abriu um negócio com um amigo que veio do norte, onde ele também morava. O negócio deu certo, cresceu e eles estavam super bem. Um belo dia, o cara sumiu com tudo e deixou o velhinho sem nada. Sem alternativa, ele teve que começar a trabalhar de novo e alugou um táxi.

Atrás, tinha um casal num carro preto grande que eu nem sei qual era. (não sou muito boa nisso, o que deixa meu marido, viciado em carro, um pouco irritado). Os dois estavam, há uns 10 minutos, mudos, olhando para a frente sem trocar uma palavra. Na minha historinha, estavam indo para a festa de 70 anos do pai dela. (ela estava toda maquiada) e como já haviam discutido em casa, porque ele não queria ir, agora estavam sem se falar. Ele pensava que era a última vez que estava fazendo algo que não queria e ela pensava em como ele era injusto, ingrato e egoísta.

Na frente, um cara num chevete (esse eu ainda sei reconhecer!) que tinha acabado de jogar uma lata vazia de cerveja pela janela. Preconceitos à parte, no meu roteiro virou um pé-rapado, que estava indo numa festa num condomínio na Barra com churrasquinho, pagode e funk.

Do outro lado, um garoto, sei lá de uns 20 anos, roendo unha. Esse estava indo pegar uma menina para sair pela primeira vez. A infeliz mora na Barra e fez com que eles marcassem um cinema no infernal New York City Center. Ele já está atrasado, começando mal. Está nervoso, ela não atende o celular.

E assim foi até eu chegar em São Conrado, quando peguei o Joá (dane-se se é perigoso) e fui me divertindo com curvas até a Barra. Cheguei de bom-humor, com uma idéia na cabeça e simpática com todo mundo!

Se eu não fosse maluca, ia acabar ficando louca...

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando eu voltar ao Rio a trabalho,ou passeio e precisar de carona....VOU DE TAXI, COM VC..... NUNCA, já pensou que história vc vai inventar sobre o Francisco, aquele maluco que achou meu blog, um cara que gosta de automóveis ????

Abs..é brincadeira

Francisco