sábado, 4 de outubro de 2008

Capítulo 2 - Letícia

Entendo que as pessoas muitas vezes não acreditem muito em algumas das minhas peripécias contadas aqui. Mas o que eu posso fazer se vivo passando por situações meio bizarras. Sei lá, atraio. Deve ter alguma explicação.

Bem, primeiro foi a ida à pracinha com Paulinha, a filha dos vizinhos que estavam caindo na porrada. Agora, conheci minha outra vizinha mirim. De novo, de uma maneira incomum. Letícia mora na casa ao lado.

Estava eu sexta-feira trabalhando, lá para umas 5h da tarde, quando começo a escutar:

- Manoel – Manoel (na voz de uma criança aos berros)

Primeiro só pensei uma besteirinha: Caralho, eu tenho três portugueses em casa e o vizinho é que se chama Manoel.

Mas aí, a criança permaneceu: - Pai – Papai – Manoeeeel!!!!– Alguém – Socorro! – Me ajuda – Me ajuda!

E a voz foi ficando cada vez mais desesperada. Tão desesperada que finalmente me fez levantar da cadeira e achar que não era possível que tudo aquilo fosse manha. Cheguei a pensar que ela tinha acabado de fazer cocô e ninguém estava indo lá limpá-la. Depois, achei que ela podia estar de castigo. Num terceiro momento, que de fato me fez levantar, achei que a estivessem matando.

Enfim, me meti numa microjanela que tem na minha copa e dá para ver a lateral da casa onde estavam matando a criança que ainda não tinha parado de gritar.

- Ei. – Ei, aqui.

(silêncio)

- Está tudo bem? Você está precisando de ajuda?

Uma voz fanha me responde: – Não está tudo bem.

Volto para o meu cafofo.

Segundos depois: - Me ajuda! – Pai, chega logo, pai. – Pai, por favor me ajuda.

Voltei para a janelinha: - Oi, olha para mim. O que está acontecendo?

- Eu estou sozinha em casa.

- Você tava dormindo?

- Não, tava no computador.

- E não tinha ninguém?

- Eu achei que a empregada tava, mas ela saiu. E agora eu tô sozinha. Me ajuda! Me ajuda! Pai! Papai!....

Resumindo: eu fui lá para frente, pulei o muro da casa da garota (totalmente louca, né? Ela podia estar de pirraça, podia estar mentindo, a casa podia ter alarme, podia ter cachorro... aliás, tinha. Dois. Mas eles foram com a minha cara), resgatei a pequena e saí com ela pelos braços (o portão abria por dentro, não pulei de novo). Levei a menina ainda histérica e soluçando para a minha varanda e ficamos lá sentadas conversando, esperando alguém da casa dela chegar. Nesse meio tempo, ELE entra em casa e óbvio pergunta quem é a pessoinha.

- Sou a Letícia. Tenho 7 anos. E estava sozinha em casa. Eu que pedi para vir ficar aqui, esperando. Não foi ela que me obrigou.

Muito bem. Letícia fez direitinho como combinamos. Estava morrendo de medo de levar um puta esporro por ter invadido uma casa na Urca e ter saído de lá com uma criança a tira-colo!?

Bem, o lance é que, no fim da história, foi ELE quem entregou Letícia ao pai, que chegou dois minutos depois. Perco quase três horas do meu dia e o menino com cara de bonzinho e responsável é quem leva os créditos. Francamente.

Letícia passa bem. O pai tinha ido buscar o outro filho na natação e avisou a Letícia que não quis ir. Pelo visto, ela mudou de idéia...

Um comentário:

Anônimo disse...

VC deveria se chamar ADRIANA PÁRA RAIOS.......

Francisco/Sto.André