quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mais uma via e-mail

A vida não pode ser a festa que esperávamos, mas enquanto estamos aqui, deveríamos dançar.

Mais uma frase recebida numa dessas brincadeirinhas, mensagens, blá blá blá que circulam pela internet. E, mais uma vez, foi enviada por uma amiga querida. Faz tempo, mas foi pelo dia internacional das “pessoas perturbadas”. E eu e Deca somos, com orgulho, pessoas perturbadas, no ótimo sentido.

Pena que eu não sou inteligente informaticamente, porque junto com a frase havia uma animaçãozinha do Jim Carrey dançando com um bando de malucos num hospício, de algum filme que não sei qual é. Queria mostrar aqui. A dancinha e a frase são ótimas juntas. Tipo aquele comercial da pasta de dente que diz que quando um sussurro foi dado no ouvido, nasceu o arrepio... (adoro esse comercial!).

Mas vamos à frase: é a mesma questão que já discuti aqui há um tempinho. A tal vida perfeita que a gente vive sonhando acordada e acaba esquecendo de viver a vida de verdade que ‘pode não ser a festa que esperávamos, mas enquanto estamos aqui, deveríamos dançar’.

E, gente, dança logo porque depois vamos ficando mais velhos, com dor aqui, dor ali e ficando que nem meu pai que morre de saudades da época em que abaixava para pegar moedas! Hoje, ele entrega pra Deus.

Então, antes que a coluna trave, que as juntas dêem defeito e que os joelhos sejam mandados para o espaço a cada urro de dor, a hora é de dançar! Tem um montão de gente aí que insiste em avançar as coisas. Que cisma que já está mais pra valsa do que pra rock. Que qualquer coisa além de dois pra lá, dois pra cá, é impossível fazer. Não é não. Fecha o olho e deixa o ritmo fluir. A parte do olho fechado é importante porque caso a pessoa seja realmente péssima de ritmo, ela não vê ninguém rindo dela e, assim, consegue se soltar.

‘Se soltar’, essa é a mensagem mais importante do ‘dançar’. São sinônimos, nesse caso. Dançar é levar a vida com mais leveza, se levar menos a sério, rir mais da gente e dos outros! Arriscar enquanto dá. Uma distensão agora não será algo assim tão grave. E um tombo no meio do salão pode ser história para contar mais tarde.

Eu tenho uma história literal de um tombo no meio do salão que exemplifica bem como agi errado no passado (totalmente compreensível, vocês vão ver), e maravilhosamente bem num passado mais próximo.

Eu tinha uns 14, 15 anos. Estava numa festa de casamento com meus pais, bastante contrariada. Nessa idade em que ainda não somos nem um pouco independentes para eles, mas somos totalmente para a gente. (pelo menos, na minha época ainda era assim...). Bom, era fim de festa já. Papai já estava bem mais pra lá do que pra cá e resolveu me tirar para dançar em um salão totalmente vazio e já com algumas luzes acesas. Orquestra tocando algo como um “New York, New York”. Papai foi se aproximando cada vez mais do palquinho dos músicos. Não conseguia acompanhá-lo há tempos já. Até que, claro, caímos. Caímos mesmo. Desajeitados, um em cima do outro. Meu vestido na cabeça. Um senhor tombo no meio do salão. Lembro como se fosse hoje da gargalhada do meu pai no meu ouvido. E da minha raiva que veio de todas as minhas entranhas. Ele cagou para a minha cara amarrada, para as minhas ameaças de que eu nunca mais falaria com ele, para a minha vergonha. Papai só dançou.

Anos depois, por acaso voltamos à casa dos tais donos daquela festa e, sei lá porque, eles passaram o vídeo desse casamento. E lá estava ele, o tombo. Filmado. Registrado para a posteridade. Papai riu igualzinho. Uma mistura de riso de alegria e de nostalgia, saudade dos joelhos de outrora. ‘Um tombo desses hoje em dia... Sei não. Acho que eu não levantava.’ E eu ri junto. Lamentei um pouco por não saber dançar na época, mas me enchi de felicidade por ter aprendido a tempo. Recomendo.

2 comentários:

Paula disse...

amei. beijo.

Coisa Fina disse...

Tb amei, a frase, o texto e o tombo! Beijocas