quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Distraídos Venceremos

Essa frase está na minha geladeira. Há anos. O coitado do imã já está até meio rasgadinho, sabe? Enfim, hoje fui beber água e dei de cara com ela. Tinha esquecido que ficava lá. Com o passar dos anos, minha geladeira foi amadurecendo e ganhando várias responsabilidades. Ficam lá: as datas das últimas vacinas dos cachorros; telefones diversos de farmácias, depósitos de água, restaurantes, Pets e mil outros serviços; receitas de como o moço gosta que a empregada faça a soja (urgh) dele (é nojento); e recados variados para os portugueses, ELE e a empregada. Viu, trata-se de uma geladeira atarefada. E no meio dessa poluição visual, sabe-se lá porque, bati o olho na velha frase.

Quem me deu o imazinho foi um amigo das antigas que sempre brincava com o fato deu ser desligada e, por isso, me dar bem com todo mundo. Ele dizia que eu esquecia de coisas que as pessoas disseram ou fizeram e aí, conseguia conviver com elas na boa. Que a minha distração me salvava de muita dor de cabeça. Quando ele viu o imã para vender, comprou feliz da vida para mim.

Por muito tempo eu me esqueci dessa história. (Claro, não é mesmo?) Mas hoje lembrei e dei uma reanalisada nessa minha distração. Decidi investigar como ela anda hoje em dia.

Bom, estou igual. Mas... isso não é tão bom atualmente. Assim como a minha geladeira que ganhou incumbências importantes, eu também ganhei e esquecer delas não é uma boa. O que antes era quase um charme, uma característica engraçada, um jeito de ser cool... hoje, nem tanto.

Tenho de quem puxar. Já disse aqui um monte de vezes que saí igualzinho a Pedro Luiz, meu amado pai. Com uma diferença mortal! Ele é homem.

Em nossa sociedade é meio que permitido os homens serem desligados, esquecidos, meio irresponsáveis. Mas uma mulher? Não. Mulher por definição precisa ser mais cuidadosa, zelosa, responsável... Enfim, mulher.

Meu pai nunca soube em que série nós estávamos na escola. E notas, ele só tinha conhecimento quando era um ‘10’! gritado aos quatro ventos. Ele nunca foi a uma única reunião de pais e em todos os meus boletins, a assinatura é de Stella Maris Villarinho Benevides e Maia, minha querida mamãe.

Assim, papai ficou para a história e na nossa cabeça como o legal, o gente boa, o divertido e a coitada da mamãe virou quase persona non grata. Ninguém fala dela com gargalhadas no rosto.

Bem, no fim da minha análise, cheguei à conclusão de que um dos motivos, além da genética, para eu ser e gostar de ser essa pessoa esquecida e desligada é o simples fato de no meu inconsciente eu querer ser a legal, a gente boa, a divertida. Não é à toa que casei com o meu oposto. Afinal, alguém precisa fazer o trabalho sujo...

Conclusão: continuarei sendo esquecida e distraída. Mas devo muita coisa à mamãe que quase não é citada aqui exatamente por ser quem cuida de tudo o tempo todo e se contenta com o backstage. Mãe, brigada.

3 comentários:

Paula disse...

mamãe apareceu! gostei.... beijo!

Adriana disse...

influência total sua...

Paula disse...

ahhhhh, acho que já tenho um carinho pela mamãe....