terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Cara do Gás

Tudo começou quando vi escrito num bueiro desses comuns de rua a palavra: GAZ. Parei e duvidei do meu bom português. Na falta de uma máquina fotográfica para depois enviar a imagem para a coluna do Ancelmo Gois, me demorei um pouco em cima do local analisando as possibilidades. Imaginei que, assim como nós que acabamos de passar por uma reforma ortográfica, na época em que a companhia de gás (ou gaz) confeccionou aquelas tampas de bueiro era assim que se escrevia gás. Pensei em depois pesquisar melhor em casa ou lembrar de perguntar a alguém possivelmente mais culto que eu para desvendar o mistério, mas esqueci de fazer as duas coisas. Poderia fazer agora, mas deixou de ser importante e estou com preguiça. Até porque o assunto não será em cima disso.

É que mais tarde, no mesmo dia, meu aquecedor deu problema de novo. E tive que chamar o cara do gás. Quando ele chegou, me disse que tinha que trocar a rebimboca da parafuseta. Como eu disse, não sou muito culta e aí, tive que pedir ajuda aos universitários, no caso meu marido. Na verdade, queria a autorização dele para mandar o cara trocar e não levar espôrro porque fui otária depois.

- O cara do gás está aqui e disse que blá blá blá...

Bom, ele deixou. O cara trocou. E na hora de ir embora, eu perguntei o nome do sujeito para agradecer.

- Brigada, (...) Como é o seu nome?
- Não importa. Eu sou só o cara do gás.

E foi embora.

PQP! Que porra foi isso? O cara tentou me dar alguma lição de moral?!

A merda é que eu fiquei com isso na cabeça por dias e dias. Tanto que estou aqui escrevendo sobre o acontecido. Fiquei tão sem reação na hora... Mas queria correr atrás dele para saber se ele estava realmente magoado, se ele falou aquilo porque é chamado de o cara do gás sempre e, enfim, para falar para ele deixar de ser viado! Que porra de atitude de mocinha! Ficar magoadinho porque ele é visto apenas como o cara do gás. Ele é assim para mim, para o fulano do 301, para a D. sei lá das quantas e etc. Para a mulher dele, os caras da pelada e até para os outros caras do gás ele deve ser alguém, carambolas! Queria explicar para ele que eu também não passo daquela menina que escreve para um montão de gente por aí. E não tô nem aí. Paga as minhas contas.

Bom, quis só fazer uma análise sobre essa ânsia de sermos reconhecidos e valorizados nesse mundo cada vez mais certinho, verde e burocrático. Um mundo em que o 1º presidente negro foi eleito nos EUA, que um metalúrgico chegou ao poder no Brasil, que ninguém mais usa pele de bicho como roupa e economiza água. Palmas. Mas, pessoal, menos. Por favor, menos.

5 comentários:

Suellen Analia disse...

Olha, sinceramente, tô começando a achar que vc inventa essas coisas! Só pode! hahaha
Isso só acontece com vc, mesmo. É incrível.
Ri demais com a sua revolta. Mas olha, acho que o cara tava meio puta da vida nesse vida. Ele poderia ter sido mais delicado contigo.
Ou então, ele fez um serviço muito do mal feito aí e não queria dar o nome dele pra vc não reclamar com o chefe depois! hahahah
beijos, moça do blog! ;)

Amanda Hora disse...

Tadinho, ele devia estar bem desiludido da vida pra mandar uma dessas... Mas foi bem mal-educado, ele queria ser conhecido como "fulano, O cara do gás"?

Festa Grog disse...

mas pq gaz com z, afinal?

isabella saes disse...

Como é o seu nome mesmo? O que é mesmo que vc faz? Onde nos conhecemos?

Pedro Prasil disse...

"PQP! Que porra foi isso?"
Mas, pessoal, menos. Por favor, menos."
Definitivamente, eu sou teu fã!
Voce me lembra um amigo meu, que quando caminhavamos pela rua, ouvimos vindo de uma casa qualquer, alguem ouvindo Caetano, e ele disse.
_Existe vida inteligente neste lugar.
rs! Sinto isso cada vez que leio um post teu.
Virei fã total.