segunda-feira, 20 de julho de 2009

Ainda

Estou eu em mais uma mesa de suco, um pouco de saco cheio e me lamentando pelos chopps alheios bebidos sem culpa, quando, de fato, começo a me lamentar verbalmente para um amigo a respeito das agruras de meu 'estado' ou 'condição' (também muito usado para se referir a nós, grávidas).

Reclamei (de barriga cheia, já que nem está tão grande) do peso da barriga; de dores ocasionais na coluna; de calças que já não me cabem; do sono por vezes incontrolável... e do tal cara da corrida de outro dia. Lamentei pelo fato de ser ou, pelo menos, de estar uma expelidora de homens. Foi quando ele vira-se pra mim e diz:

- Não é por nada não, mas eu ainda te comia, Dri.

Num primeiro momento, achei fofo. Fiquei até felizinha. Depois, me segurei no 'ainda'. E, aí, fudeu. O 'ainda' me fez lembrar que eu ainda vou ficar muito pior. De um jeito que até esse amigo que encara qualquer coisa humana e do sexo feminino, me rejeitaria.

No meio dos meus devaneios sexuais depressivos, comecei a pensar no coitado do meu marido. Sim, porque ele também ainda me encara e, provavelmente, vai ter que continuar encarando. Sem opção. Sem a gente nunca saber muito se ele é que estará fazendo uma caridade por mim, de me comer assim mesmo, ou se eu estarei fazendo uma caridade por ele, de dar pra ele assim mesmo.

Que coisa, não? Taí um assunto que eu não sei se é muito conversado entre casais à beira de um filho iminente. Deveria ser. Acho que as pessoas, os coitados dos homens principalmente, devem ficar com medo de magoar a mulher tão sensível nesse 'estado'. E a mulher deve achar que vale o sacrifício, ela tem estado tão chata...

Enfim, não sei qual é ou será o meu caso exatamente. Mas juro que na hora, imagino que lá pelo 7º, talvez 8º mês, terei uma conversa franca com ele. Acho mais justo.

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