sexta-feira, 9 de abril de 2010

Eu Não me Responsabilizo

Todo mundo diz por aí que filho é uma baita responsabilidade. Que filho traz maturidade. Não concordo, em parte.

Deixa eu me explicar: sabe quando se é criança ou até adolescente ainda e sempre acabamos nos encostando em nossos pais quando não queremos assumir a responsabilidade por algo mais sério? Quando se vive naquela zona de conforto onde não se é muito responsável pelos próprios atos. Ou, pelo menos, pela consequência deles. A gente acha que queria viajar sozinho, mas não vai porque a mamãe não deixa. Tá, mas no fundo, no fundo, tinha um medinho ali também, mas que não precisava ser exposto. A gente diz que se não fosse dependente dos pais ia fazer e acontecer, mas na verdade, verdadeira, muito provavelmente não sairíamos do lugar se o caminho estivesse livre. Nos apaixonamos loucamente por um badboy e, puxa vida, se não fosse a droga dos nossos pais, viveríamos com ele para sempre. Mentira!

Pegaram? É nada mais, nada menos do que uma fase de que tiramos bom proveito. Uma fase onde podemos fazer uma imagem hiper corajosa de nós mesmos, que é sufocada por uma força maior e, por isso, compreendida por todos, sem tirar nosso mérito de coração valente.

Agora me acompanha: quando nos libertamos das rédeas implacáveis de nossos pais, aí sim é que a coisa complica. A tal da responsabilidade por nossos atos se mostra como ela é e muito Mel Gibson por aí vira o leão do Mágico de Oz. É, malandro... na hora do vamo vê, o buraco é mais em baixo e ficamos pianinho diante de impulsos e decisões mais quentes e interessantes. Porque quando realmente tomamos alguma medida digna de coragem, é digna mesmo. Largar um marido, abandonar um emprego, mudar de país... A responsabilidade é nossa! Se alguma coisa der errado, agora não dá pra culpar ninguém. Não dá para se trancar no quarto, fazer piercing ou se vestir de dark. Ninguém vai ligar muito para a nossa revolta e continuaremos com a nossa decisão errada ali, trazendo consequências apenas para nós. Ou principalmente para nós.

E, agora, juro que chegarei onde eu queria desde o início: é que, na minha opinião, quando se tem um filho, é como se ganhássemos de novo a liberdade de antes de se escorar em outro alguém. Voltamos a ter carta branca para não escolher coisas corajosas, para não tomar decisões polêmicas, para não fazer possíveis besteiras. Eu esperei tanto por essa chance, mas agora não dá... tenho um filho pra criar, não tenho tempo. E lá nas entranhas do nosso ser, tem uma verdadezinha dizendo que puta que pariu não queria assumir esse cargo estressante pra caralho nem fudendo. Você reencontra seu amor da adolescência e jura que se não fosem as crianças... História pra boi dormir. Com criança ou sem criança, você ia ficar cagado de largar sua mulher. Tudo o que eu queria era seguir a minha carreira de bailarina pelo mundo, mas com a Nina agora... E você tá lá dando graças a Deus que pôde voltar a comer arroz com feijão e até chocolate.

Entenderam meu ponto de vista? Pra mim, quando se tem uma criança, você repentinamente volta a ser uma também. O peso da responsabilidade pelas escolhas certas ou erradas da sua vida não é mais seu. Pelo menos, aos olhos da compreensiva sociedade que perdôa tudo quando se tem alguém pra criar.

Nenhum comentário: