terça-feira, 3 de novembro de 2009

Lévi-Strauss mórreu

Não, ele ainda não nasceu. E parem de perguntar porque garanto que a minha ansiedade é maior do que a de todo mundo e juro que quando a bola de boliche sair, eu aviso. Aliás, antes de seguir adiante com minha breve divagãção do dia, preciso contar do meu perrengue passado no feriado.

Jurava que o moleque viria ao mundo dia 02 de novembro. E fiquei desesperada com a possibilidade de ter um bebezinho no dia de finados. Tudo culpa do livro sobre gravidez que eu, enfim, estou lendo; da minha médica; e da natureza. Sim porque descobri que tudo pode acontecer num trabalho de parto ou não. E é esse 'ou não' que fode a vida. Explicando: nunca pari, mas como todo mundo já vi milhões de filmes, novelas e ouvi causos diversos sobre a chegada do grande momento. Sempre achei que era algo fácil de se identificar. Uma aguaceira que escorre pelas pernas e uma dor que não deixa dúvidas. Ledo engano. O que mais há são dúvidas. Assim: a bolsa pode estourar ou não. As contrações da hora 'H' podem doer muito ou não. Elas podem vir em intervalos padronizados e cada vez mais curtos ou não. Um tal de tampão pode sair ou não. Um corrimento acastanhado (mto. viada essa cor descrita no livro) pode acontecer ou não...

Ou seja, a porra que você vai sentir, você só descobre na hora. O negócio é saber se é a hora 'ou não'. E imaginem eu, a pessoa que mais odeia incomodar outro alguém no mundo, com essa árdua tarefa?! Vou esperar muito ter certeza até ligar pra médica. E aí, tenho medo de correr o risco da criança sair no carro, no corredor do hospital... essas cenas que a gente também vê muito em filme e que tem sempre uma tia ou uma amiga com uma história pra contar bem parecida.

Resumo da ópera: estou um pouco em pânico, totalmente perdida. Aí, eis que minha barriga começa a se contrair sem parar de tempinhos em tempinhos enquanto estou deitada na cama. Era fim de noite do dia 1º. Gelei. Cruzei as pernas e mentalmente, sozinha, decidi que não iria falar nada pra ELE. Como se eu pudesse esconder se realmente estivesse entrando em trabalho de parto... Fui delatada por uma lágrima que escorreu do canto direito, justo o lado que ele fica na cama! Ele perguntando o que foi e eu muda. Ele se desesperando e mais lágrimas escorrendo. Ele me sacudindo e um berro sai: Eu não quero que ele nasça no dia dos mortos!

Bom, depois de alguns instantes em que a pessoa foi muito bem-sucedida em me acalmar, decidi levantar e ir passar as roupinhas do coitado que ainda estavam na corda e não na mala da maternidade que, segundo minha mãe e o resto das pessoas que dão opinião (e elas são muitas!), já devia estar pronta há muito tempo. Não, eu não sei passar roupa. Ainda que essas sejam num tamanho que facilita bastante, ficou bem ruim. Mas taquei na mala assim mesmo e esperei mais um pouco. Puf! Sumiram. As contrações. E ele não nasceu dia 02. Hoje, Rose passou tudo de novo e agora as roupinhas estão fofas novamente só a espera do pequeno que, por mim, agora tá liberadíssimo pra respirar aqui fora.

Mas, enfim, o que eu ia falar no início, quando vim aqui escrever é que quando vi na Globo.com que o Lévi-Strauss morreu foi como se toda uma época que eu achava que era recente na minha vida virasse algo do século passado. O pior é que foi mesmo no século passado que Lévi-Strauss e seus estudos e relatos fizeram parte de inúmeras leituras para provas e trabalhos de grupo na minha faculdade de comunicação. Tenho boas lembranças desta época de filha da PUC. Não era das casinhas, gostava mais dos quiosques do lado de fora, mas me unia a qualquer povo presente em todas as chopadas de qualquer curso, de qualquer período. Uma época em que eu não fazia a mais vaga ideia se gostava ou não de cerveja. Cerveja não era pra gostar, era pra tomar. Bom, hoje, Lévi-Strauss está morto e eu aprecio cervejas escuras, com mais trigo e alemãs. Aliás, hoje, eu estou grávida e nem bebendo estou. Sinal dos tempos.

2 comentários:

Paula disse...

Dri, passei para deixar um beijo e dizer que passo sempre por aqui!

Sergio Brandão disse...

Gostei da "mistura"!!!... Aliás, mais um post muito bem escrito!!! Bjs.